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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Uma resistência vencida

Mistura de personagens das escolas de samba e suas músicas com sucessos do carnaval de antigamente, o “Comando geral”, programação da Globo, já superou a idade da mulher balzaquiana*. Em sua recente edição, teve entre outros méritos, vencer a resistência de um de seus contratados. Nada mais nada menos que o comunicador Roberto Canázio, que participara desse tipo de festejos pela última vez em 2000, ainda na Manchete, onde permaneceu por duas décadas. Canázio passou pela Roquete e Tupi, ingressando na Globo em dezembro de 2006.
Criado por Mário Luiz, um dos grandes nomes em toda a história do rádio, o “Comando geral” sofreu em sua existência diversas modificações. No início, cada apresentador cumpria jornada de seis horas em estúdio, com a abertura dos trabalhos no entardecer das sextas-feiras. Numa de suas passagens pela emissora, Francisco Carioca se tornaria recordista em permanência no ar durante um desses especiais, ficando “preso”12 horas consecutivas. O bordão “Aqui, Francisco Carioca; aí, você que é mais importante”, ecoou também nas ondas de outros prefixos.
Na passarela da avenida Presidente Vargas, que antecedera à da Marquês de Sapucaí, a cobertura dos desfiles era longa e cansativa, com as 14 escolas se apresentando numa só etapa, estendendo-se de domingo ao amanhecer de segunda-feira. Os especiais da Globo e de outras emissoras, realizavam-se de forma ininterrupta, pois, a Federação do Rio não promovia partidas de futebol no período de Momo. Cancelada nas últimas décadas, a medida diminuiria o espaço reservado para o carnaval, em atendimento ao dos jogos do campeonato carioca.
* (Cantada no carnaval de 1950, a marchinha foi um “estouro” na carreira de Jorge Goulart, presença constante nos programas de auditório da Nacional. Os autores Antônio Nássara e Wilson Batista proclamavam a mulher preferida pelo escritor Honoré de Balzac, assim: “Não quero broto/Não, não quero não/Não sou garoto/Pra viver de ilusão/Sete dias na semana/Eu preciso ver/Minha balzaquiana”(Bis).“O francês sabe escolher/Por isso ele não quer/Qualquer mulher/Papai Balzac já dizia/Paris inteiro repetia/Balzac atirou na pinta/Mulher só depois dos trinta”.)
A cobertura da Globo no novo Sambódromo foi comandada por Alexandre Ferreira e Robson Aldir; a da Tupi, por Luiz Ribeiro e Eugênio Leal; da Manchete, David Rangel e Jorge Bacarin. Destacaram-se nas rádios respectivas, os comentaristas Jorge Luiz, Fábio Tabak e Sérgio Professor, os repórteres Leonardo Monteiro, Valéria Chagas e Elisângela Salarolli; Marcos Frederico, Fred Soares e Camila Esteves; e Juninho Ti-ti-ti. Na rede Nacional-MEC (comando Marcos Gomes e Xico Teixeira), a categoria de um Adelzon Alves, Rubem Confette, Dalila Vilanova e Dáurea Gramático.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O comando nos carnavais

No ar nesses dias de carnaval pelas ondas da Rádio Globo, o “Comando geral” foi uma idéia do Mário Luiz (1925/2009), que muito contribuiu com o crescimento e modernização da emissora. Na era dos chamados disc-jockeys, Mário Luiz apresentava, entre outras atrações, a “Pré-parada musical”. Chefiou o departamento de locutores, foi diretor de programação e, diretor-geral. Ele criou o “Comando” nos anos 60, para enfrentar a Continental, que predominava no período movimentando sua portentosa equipe de repórteres, onde brilhavam um Affonso Soares, Ary Vizeu, Hélio Lopes, Dalvan Lima, Perez Júnior, Paulo Carinje etc.
A Nacional também investia nas coberturas de carnaval. Pela qualidade dos profissionais reunidos, denominaram-na “a verdadeira escola do samba” que, superada uma fase de turbulência, conseguiria sobreviver. Ao longo dos anos, destacaram-se um Juvenal Portela, Hiram Araújo, Tárcio Santos e José Carlos Cataldi, além do Mário Silva e Rubem Confette, até hoje em atividades. A Tupi, que na última década se rivaliza com a Globo em tudo, passou a dar mais espaço aos festejos de Momo em 1997. Naquele ano, pôs em prática uma programação similar à de sua concorrente – o “Carnaval total” -- então coordenada pelo Antônio Lemos.
Hoje, no lugar daquele originário da Globo (formava um trio respeitával com Áureo Ameno e João Vita), a liderança está a cargo do Eugênio Leal, compositor de sambas-enredos e componente da equipe de esportes da emissora. Somando-se aos comunicadores e repórteres, a Tupi mantém um quadro cativo de colaboradores para essas ocasiões. Quando reapareceu no dial em 2007, depois de um processo pré-falimentar, a Manchete adotou o lema de “carnaval o ano inteiro”. Sua principal referência é o programa diário “Vai dar samba” do Miro Ribeiro, um estudioso. O trêfego Juninho Ti-ti-ti é a figura de proa na equipe.

/o/ E, o Jota Santiago, hein? Ganhou seguidores na "outra". Primeiro o Edson Mauro, depois o Fernando Bonan. Os dois adotaram o bordão popularizado por ele: “...aumente o volume do seu rádio!”
/o/ Francisco Ayello, que foi repórter e âncora da equipe esportiva da Globo, está de volta à empresa. É o novo comentarista da CBN, função que vinha exercendo na Rádio Brasil AM há cerca seis anos.
/o/ O gênero debate esportivo tem mais um concorrente no rádio. Trata-se de “Pop bola”, na MPB FM com Fábio Azevedo (ex-Tupi, ex-Globo). A apresentação é de segunda a sexta, às 8 horas da noite.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Do baú à modernidade

Hilton Abi-Rihan, dos melhores comunicadores do rádio contemporâneo formou-se na escola da antiga (e extinta) Continental, onde integrou os “Comandos” do Carlos Pallut. Teve passagem pela saudosa TV Tupi e, atualmente trabalha na Rádio Nacional. De uma outra geração, componente do primeiro time na atividade, Mário Esteves tornou-se conhecido através da 98 FM, indo posteriormente para a principal AM da empresa. Hoje, é um dos destaques da Manchete.
Eles têm coisas em comum no veículo. Atuam pela segunda vez nas respectivas emissoras, e apresentam atrações idênticas em seus programas. No “Alô Rio” do Abi, a partir de 8h da manhã de segunda a sexta há, entre outros, “A melhor de três”. No “Show do Mário...” que começa a uma tarde em igual período da semana, também o mesmo quadro. A fonte a que eles recorreram é um baú mais do que remexido, encravado no túnel do tempo, ano de 1900 e antigamente.
Esse “a melhor de três” foi uma novidade lançada por José Messias, ainda rapazola, quando estava na Rádio Guanabara. Ex-trapezista, ele iniciara carreira na Mayrink Veiga, apadrinhado por Herivelto Martins, cantor e compositor, líder do “Trio de Ouro”, com quem trabalhara no circo. Apesar do “dinossauro”, os programas são de boa feitura, com o Abi reproduzindo algumas coisas da fase áurea da rádio e, o Mário repassando em “Dois tempos”, sucessos pouco distantes.
(Ainda a respeito de Herivelto. Pouquíssimo comemorado dia 30 de janeiro o centenário de nascimento dele, autor de numerosas páginas do cancioneiro nacional, entre as quais, “Ave-Maria no morro”, “Praça onze”, “Laurindo”, “A Lapa”, “Cabelos brancos”, “Segredo” e “Caminhemos”. As homenagens restringiram-se aos filhos Peri Ribeiro e Yaçanã Martins (cantor e atriz) e ao Instituto Cultural Cravo Albin, segundo o publicado pelo jornalista João Máximo numa excelente matéria.)

/o/ Programas de debates – dedicado ao esporte, inclusive -- fazem parte da grade das emissoras populares. O primeiro do gênero abrangendo o futebol surgia no final dos anos 50. Denominava-se “A turma do bate-papo” e foi criado por Orlando Batista na modesta Rádio Mauá, onde permaneceria durante 30 anos. Orlando foi, também, um dos pioneiros do marketing esportivo.
Em 56 anos de carreira, atuaria em outros prefixos – Bandeirantes o último deles. Atuou na televisão e participou de 14 Copas do Mundo, nove no rádio. No “Grande Jornal” da Mauá, foi companheiro de Haroldo de Andrade, que comandava o “Musifone”, e de Osvaldo Sargentelli , do “Viva meu samba”. Morreu de infarto no Rio aos 83 anos, quinta-feira 26 do mês passado.