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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O moderno primo pobre


A edição final do “The Voice Brasil” propiciou um programa especial na Rádio Globo, a exemplo do que ocorrera por ocasião do último capítulo da novela “Avenida Brasil”. Em ambos os casos, ficou evidenciado que o rádio está cada vez mais refém da televisão. Na cobertura do reality show foram mobilizados repórteres no Projac, enquanto profissionais da música nos estúdios da Glória, analisavam o desempenho dos concorrentes. O comunicador Alexandre Ferreira comandara as ações, o que fizera também na vez anterior.
Num domingo sem futebol, iniciativa até certo ponto válida. A dose de oportunismo assemelhou-se à da cobertura no encerramento da novela. Isso não significaria a perda progressiva da verdadeira identidade do rádio? Moderno, provido de gente talentosa, recursos de alta tecnologia, o veículo não deixa de ser o primo pobre da comunicação. Que programa se faz no rádio atual que repercute na telinha, tendo ele a prerrogativa de pertencer a um mesmo grupo? Dificilmente os cardeais do ramo vão encontrar algum.

VELHO APELO
“Almanaque carioca”, um bem qualificado programa da MEC, abriu espaço para pedidos musicais dos ouvintes. Amauri Santos, dos melhores valores do rádio moderno surpreende, lançando mão de coisa tão batida.

DOSE CERTA
Programas do gênero são mais antigos que andar pra frente. Honrosa exceção é o “Planeta Rei, nas ondas da Globo”, que o Beto Britto personalizou, dando voz aos interessados nos temas que o rádio esqueceu.

BOM RAPAZ
Ao referir-se a um dirigente do Fluminense, que classificou de inteligentíssimo, o executivo de rádio (jornalista atuante), chamou-o de “rapaz jovem”. E repetiu a expressão. No “Globo esportivo”, sexta-feira 7.

LINHA DIRETA
/o/ É da Tupi o mais novo comunicador do Rio, Cristiano Santos. Cobriu no “Baú...”, as férias do Jimmy Raw.
/o/ Isabella Saes trocou a Paradiso pela MPB FM. Concorre, agora, com a “Hora do blush”, de que participava.
/o/ O repórter Carlos Eduardo, (Cadu), requisitado para a equipe da Bradesco Esportes. Atuava na Tamoio.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Cronologia de um balanço

A fase de ouro do rádio perdeu muito do seu brilho com o advento da televisão. (Bota tempo nisso!) O rádio, porém, ainda é reverenciado por sua importância e representatividade. Brasileiro não vive sem ele -- costuma proclamar uma figura exponencial de suas fileiras. No passado, artistas e programas eram presenças freqüentes nas colunas de jornais, páginas da “Revista do Rádio” e “Radiolândia”.

Em proporção semelhante à das especializadas da atualidade no que tange ao universo da TV, que encantou (e tem encantado) gerações. Naquelas publicações, constituíam-se em fato comum nos fins de ano, as listas de melhores desse nonagenário, mas moderno meio de comunicação. À moda de tais revistas aí vão, a nosso juízo, os programas e seus titulares, merecedores de crédito neste 2012.

1.“Show da manhã”, com Clóvis Monteiro, de 6h às 9h -- Tupi.
2.“Eu show Luiz Vieira”, de 6h às 8h -- Manchete.
3.“Jornal da Bandenews", com Ricardo Boechat, de 7h30 às 10h30 -- Bandnews Fluminense FM.
4.“Redação Nacional”, com Neise Marçal, de 8h às 10h -- Nacional.
5.“Manhã da Globo”, com Roberto Canázio, de 10h15 às 13h -- Globo.
6. “Show do Mário Esteves”, de 13h às 15h -- Manchete.
7. “Arte em revista”, com Jota Carlos, de 18 às 19h -- MEC.
8. “Programa Luiz Ribeiro”, de 20h às 21h55 -- Tupi.
9. “Palco MPB”, com Fernando Mansur, às terças, de 21h às 22h -- MPB FM e,
10. “Época de ouro”, com Cristiano Menezes, às sextas, de 17h às 19h -- Nacional.

MENÇÃO HONROSA
“Show do Apolinho”, com Washington Rodrigues, de 17h às 19h. Dos 13 anos na Tupi, mantém-se na liderança há 7.
N. R. -- O rádio atual é pobre em criatividade, onde a mesmice predomina. Apesar disso, há outras coisas interessantes para o ouvinte.

AS NOVIDADES
1. José Carlos Araujo deixava a Globo em maio, e Luiz Penido assumia o posto. Na Tupi, o Jota Santiago passava à condição de titular.

2. Inaugurada em setembro, Bradesco FM tinha, na qualidade de som, o primeiro obstáculo. Transamérica estreitava o mercado.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Esse nosso amor antigo


44) Um bom cantor de músicas do “meio de ano”, e de carnaval -- que tanto incentivava – era outra face do César de Alencar (1917/1990), o mais famoso animador de auditório nos anos gloriosos da Nacional. Embora não se considerasse com a qualidade que os cronistas apregoavam, ele gravou mais de 50 discos de 78 rotações, a maioria como solista, outros, em dupla com cantoras, suas companheiras de estação.
45) Destaques no repertório: “Dorinha, meu amor”, de José Francisco de Freitas, sózinho; “Os quindins de Yayá”, de Ary Barroso, com Emilinha Borba; “Namoro no portão”, de Luiz Bitencourt, com Marlene; e “Há sinceridade nisso?”, de Manezinho Araújo, com Heleninha Costa.
46) Grandes nomes do estelar cast da rádio desfilavam na melhor fase de seu programa, décadas de 40/50 e início dos anos 60. As audições se desenvolviam aos sábados, de 3h da tarde às 7h da noite. Durante algum tempo, o desfecho era sempre com Emilinha, a estrela-maior, anunciada como “a minha, a sua, a nossa favorita”.
47) César não só animava aquela atração. Era o idealizador de todos os quadros e, quadrinhos, que chamava de inter-programas Em etapas distintas, foram seus produtores o Hélio do Soveral (que trabalhou com ele 16 anos) e Fernando Lobo. De autoria de Haroldo Barbosa, a música e letra da abertura e encerramento, interpretadas pelos Quatro Ases e um Coringa: (“Essa canção nasceu pra quem quiser cantar/Canta você, cantamos nós até cansar/É só bater e decorar/Pra decorar, vou repetir o seu refrão/Prepare a mão, bate outra vez/Esse programa pertence a vocês!...”)
48) Houve um período em que o programa também despertava a atenção de artistas estrangeiros que vinham ao Rio para shows no Cassino da Urca. Eles se sentiam na obrigatoriedade de se apresentarem naquelas tardes da Nacional, apesar do alarido comum ao ambiente.
49) A partir de abril de 1964, uma revirada na vida do radialista, que ficaria muito mal na história. Ele seria dispensado da estatal pelo governo militar, integrando um grupo de 36 pessoas, entre artistas e funcionários. O animador teria, segundo os jornais da época, apontado alguns colegas como subversivos, adeptos da “esquerda festiva”.
50) César, que teve início brilhante na Clube do Brasil em 1939, e consagração na Rádio Nacional, no ostracismo foi parar na Federal de Niterói, do sanfoneiro e compositor Antenógenes Silva, que, vendida ao grupo Bloch Editores, virou Manchete. Baixada a poeira, ele voltaria à tradicional emissora. Fez um programa no esquema “vitrolão” e gerenciou o FM da empresa. Desse, rebatizado como RPC, originou-se o FM O Dia.

51) “Fãzoca do Rádio”, marchinha de Miguel Gustavo(1922/1972) foi um grande sucesso do palhaço Carequinha, que também gravou músicas infantis. Nascido em Rio Bonito com seu nome de George Savalla (1915/2009), foi animador de um concorrido programa de auditório na Rádio Mapinguary, antes da carreira no circo e obter sucesso na televisão (TV Tupi).
52) O programa era aos domingos, de manhã. A emissora funcionava no centro de São Gonçalo, cidade onde Carequinha morou em seus 90 anos de vida. Primeira rádio a ser comprada pela Igreja Universal, a Mapinguary tornou-se Copacabana ao se mudar para o Rio.