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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Girando com as ondas (011)

EM CRISE AOS 81 ANOS
Uma emissora em crise pode comemorar alguma coisa – um aniversário, por exemplo? A Tupi chegou aos 81 anos de existência neste domingo (25) em situação nunca vivida na sua história. ‘O futuro a Deus pertence’, se diz em qualquer religião. No caso da Tupi, ninguém sabe ou imagina.

.o. O que não faltam são especulações. A rádio estaria na iminência de cair em mãos de uma seita evangélica, que arrendaria o passivo, como já acontecera com a Tamoio que, em tempos remotos era componente dos Diários Associados, condomínio cuja função principal, hoje, é de sorvedouro.

.o. É a ele, pelo que se revela, que a emissora destina a maior parte de seu faturamento, cobrindo dividas de uma série de compromissos, especialmente no tocante aos investimentos nos estúdios moderníssimos implantados há dois anos em São Cristóvão, que substituíram os da Saúde.

A CADEIA QUEBRADA
.o. Fundada por Assis Chateaubriand que seria o proprietário de uma cadeia de jornais e rádios no país, a Tupi concorria, nos áureos tempos, com a Mayrink Veiga, Clube do Brasil e Nacional. Chateaubriand era chamado de ‘Velho Capitão’ por um de seus subordinados, repórter de “O Cruzeiro”.

.o. Pontificavam na tradicional emissora, nomes do nível de um Ary Barroso, Almirante, do Carlos Frias e do Collid Filho. Entre locutores, atores, humoristas, produtores, e cantores, Osvaldo Luiz, Olavo de Barros, Max Nunes, Affonso Soares, Sílvio Caldas, Gilberto Alves e Dircinha Batista.

.o. A Avenida Venezuela, um dos endereços da Tupi chegou a ter, após a Copa do Mundo de 1950, em seus anos dourados, o maior auditório de uma rádio. Era apelidado de ‘Maracanã’, alusão ao estádio criado pelo jornalista e escritor Mário Rodrigues Filho, autor do livro ‘O negro no futebol”.

AVANÇO DO CACIQUE
.o. Com uma trajetória gloriosa na radiofonia da terra, a emissora alcançou um grande vôo nas duas últimas décadas. Isso, graças a um dos homens que mais entende do assunto -- Alfredo Raimundo. Afastado compulsoriamente, ele se somou aos inúmeros que receberam ‘bilhete azul’ este ano.

.o. Mestre Alfredo, personificando o ‘Cacique’, aproveitou a brecha deixada pela concorrente-mor, cujos executivos decidiram investir num projeto que consistia em nacionalizar a programação, visando a receita de outros mercados. Mas, a rádio tem ‘pés de barro’ – previra um estudioso do tema.

.o. Cresceu -- é verdade – arrebatando profissionais ‘da outra’, que migraram para suas hostes. Como no poema do Vinícius, ‘foi bom enquanto durou’. A base, todavia, tinha por nomes e sobrenomes, verbas estaduais a partir da gestão Leonel Brizola, acordo alimentado pelos governos seguintes.

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I N T E R L I G A D A S
Está na Tupi, um dos mais antigos programas de rádio do Rio, “Patrulha da cidade”. Criado por Affonso Soares em 1960, hoje é conduzido por Mário Belisário, que substituiu Coelho Lima, recentemente. Entre outros, formaram dupla com Affonso, na condução, Paulo Lopes e Samuel Corrêa.
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Originário de jornais, o cronista Antônio Cordeiro lançava em 1940 na Rádio Nacional, a resenha “No mundo da bola”. Carlos Borges se tornaria um apresentador vitalício, pelo tempo que vem exercendo a função. Na lista de condutores, os nomes de Washington Rodrigues e Luiz Penido.
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Uma das estrelas do rádio-teatro (passou pela Tupi e Globo), Daysi Lúcidi fez, com o fim das novelas da Nacional, embasamento no “Seu criado, obrigado”, em parceria com o Cesar Ladeira. Há 45 anos comanda o “Alô Daysi”, um dos pioneiros na prestação de serviços. Ela ainda atua na TV.
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Especialista em música americana, Nelson Tolipan se dedica ao gênero há umas quatro décadas. Ele produz o “Momento do jazz”, na MEC. Às 2ª, 4ª e 6ª, 11h da noite no AM, aos domingos, às 10h no FM. O global Antônio Carlos cultivava, em seu início, as bigs bands e os standards na Metropolitana.



quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Girando com as ondas (010)

UNS MODOS DE FALAR
A conhecida voz das transmissões de futebol costuma afirmar que ‘brasileiro não vive sem rádio’. Você, interessado no tema, concorda, ou não? Um baluarte do veículo que viveu encastelado na retaguarda, tinha por mote estas frases de palavras simplórias:‘Uma coisa é uma coisa;outra coisa , outra coisa’.

.o. Identificaria você aquela e esta personalidade, que fizeram (e fazem) nomes na história desse meio de comunicação cada vez mais dependente da internet? A partir disso, tratamos de algumas observações que analisamos na sequência. Um leve repasse nos bordões, slogans e seus maneirismos.
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É ISSO, COMPANHEIRO
.o. Entre uma informação ou um comentário, o Roberto Canázio* não escapa, no dia a dia de suas apresentações, de um ‘de qualquer maneira’ e do ‘que que é isso?’ O programa que ele conduz recuperou, na última reforma, o espaço perdido em 2015. Custou, mas, os cardeais devolveram-lhe o quadro do “Debates populares”, do inesquecível Haroldo de Andrade, uma das razões do sucesso.

.o. Saímos do campo das variedades para um especializado. Encontramos nesse, o comentarista esportivo Ronaldo Castro, ‘o do recado certo’, slogan desde o tempo de repórter. ‘Agora’, é a expressão-base que utiliza para argumentar com seus companheiros. Outra : ‘possante’, toda vez que se refere a um membro da equipe ou a um jogador que se destaca. E, tem o ‘olha só’.
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BOLA E IRREVERÊNCIA
.o. Colega do Ronaldo numa temporada na Rádio Nacional (o esporte tinha a chancela do publicitário Ilber Mendes), Luiz Ribeiro firmaria o pé na Tupi com um programa noturno,nos dias sem futebol. Nesse cartaz, em que substituiu o Roberto Figueiredo, o forte são os debates sobre as manchetes do dia. Logo ele assumira o “Bola em jogo, com a saída, para a CBN, do Marcus Aurélio.

Foi, em curto período, o segundo comentarista nas jornadas da equipe. O ‘da opinião definitiva’, era o slogan que adotara. Inevitáveis nas duas atrações, ele recorrer ao batido ‘daqui a pouquinho’. Em algumas oportunidades, contrapõe um ‘quebra tudo’, popularizada pelo Garcia Júnior, figura folclórica do rádio esportivo, que formou uma geração. LR teria ‘bebido na mesma fonte’.
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EXPRESSÃO DE TIME
.o. Em onze apresentadores de rádio e TV, segundo criteriosa pesquisa, nove se valem do termo. Um recordista na sua utilização é o Alexandre Ferreira que, na Globo, comanda o “Acorda Rio” e o “Domingo + família”. No seu repertório, desfila o ‘Dá um sorriso pra mim’, concitando o público, a audiência. Bem próximo do ‘alguma coisa está fora de ordem’, numa canção do Caetano Veloso.

.o. Parafraseando o saudoso Stanislaw Ponte Preta -- que seria dos globais sem ele ? Poderíamos assinalar que, com o tal bordão, o comunicador inscreveu seu nome na pré-história da internet, pois, o mais noviço dos internautas sabe perfeitamente que, através do moderno recurso, se pode ver um radialista na tela. E, dessa forma ‘é bastante provável dar’ (e retribuir) a solicitada manifestação...
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SIMANCOL NÃO É AQUI
.o. Raros os intervalos não precedidos de um ‘voltamos, já já’. Passagens de repórteres sem um ‘obrigado pelas informações’. O trânsito, matéria prima dos melhores (e mais importantes prefixos) está sempre ‘complicado’. Nas ruas, avenidas, praças, pontes, viadutos e... naturalmente, nos microfones.

.o. No futebol, em lances de perigo na área, a exclamação previsível: ‘Eu vi essa bola lá dentro!’ Num gol de fato – golaço para a maioria – (inescapável a redundância) ‘... o goleiro nada pode fazer’. O rádio, mesmo em crise, carente de criatividade, ainda é, no entender desse escriba (toin!) um veículo fascinante.

.o. Reciclagem no seu modus vivendi, porém, vamos ter que esperar sentados, nos sofás bem confortáveis. Talvez se torne uma realidade quando o analógico não estiver mais em uso. Ou -- quem sabe -- , venha a ser possível com o despontar de uma nova geração valorosa assumindo os postos dos venerandos.
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I N T E R L I G A D A S
Gilson Ricardo, hoje na Tupi, é dos radialistas aposentados ainda em atividade. Descoberto por Waldir Amaral narrando futsal na Difusora de Petrópolis, pensou que fosse trote, ao ser convidado pelo próprio para trabalhar no Rio.
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Permaneceu na Globo durante 35 anos, perdendo apenas para o Áureo Ameno, 42 ininterruptos. Gilson, versátil e personalíssimo, foi criador de inúmeros bordões, sendo o ‘Para com isso...’ e ‘Tá’ tudo combinado’, os mais populares.
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E, o núcleo carioca da Bradesco prossegue na restauração de seus quadros. Desta vez contratou mais outro (o segundo) da rádio de São Cristóvão, que fora embalado no ‘pacote de julho’. É o Eugênio Leal, apresentador e comentarista.
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Para o lugar que ele ocupava na líder (?), promoveram o Marcus Vinícius. Por sinal, o seu desempenho é deveras surpreendente. Mr Bean apresentou-se nos primeiros dias, melhor que alguns detentores de rodagem maior no exercício.
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MEMÓRIA VIVA
/o/ Cultuado por estudiosos e apreciadores de música instrumental, o violonista Dilermando Reis (1916-1977), atuou no rádio por nada menos que 30 anos, passando pela Clube do Brasil (a segunda surgida no país) e a Nacional (um ícone na época de ouro) inaugurada há 80 anos. A exemplo de outros grandes nomes do cancioneiro, o centenário dele foi pouquíssimo comemorado. A obra de Dilermando, paulista de Guaratinguetá, compara-se em importância, à dos violonistas e compositores João Pernambuco ( João Teixeira Guimarães, no registro) e Garoto (batizado Aníbal Augusto Sardinha).
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• Canázio vai completar em dezembro dez anos na Globo. No momento, está de férias em Portugal -- nos revela a governanta lá de casa, que não soube informar o nome da cidade. Se entrasse no lugar um tal de Soares – diz – desligaria o rádio. Mantém-se na audiência, acrescenta, porque é o David Rangel, um cara legal, que ficou no programa.






quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Girando com as ondas (009)

MEC E NACIONAL, 80
A Rádio MEC AM celebrou em 1º deste mês 80 anos de fundação. Nascida Sociedade do Rio de Janeiro em abril de 1923 por iniciativa do professor e cientista Edgard Roquette Pinto, foi transferida nas comemorações da Independência, em 1936, para o chamado, na época, Ministério da Educação e Saúde¹ -- posteriormente Cultura.

.o. Roquette Pinto entendeu que o empreendimento buscava o lucro e, decidiu doá-lo, sob o compromisso de que não deveria ser utilizado para outros fins senão o desenvolvimento da cultura popular. Onze dias separam os aniversários da MEC e Nacional, inaugurada em 12 de setembro na Praça Mauá, 7.

.o. O Edifício A Noite, até então o maior do Rio, era classificado pelas pessoas simples como ‘arranha céu’. Roquette Pinto abria mão da posse da MEC, em meio aos preparativos que originariam o surgimento, de acordo com os historiadores, de uma das mais importantes emissoras de rádio da América Latina. (Radiobras,antes. EBC, depois).
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O PROJETO CAÍDO
.o. Ainda na quadra final deste mês em 2012, inaugurava-se a Bradesco Esportes. José Carlos Araújo encabeçava o projeto, visando divulgar modalidades diversas no Rio durante 24 horas, além naturalmente do futebol. Um desafio para ele, que atuara na Globo por quatro décadas.

.o. Pouco mais de um ano da inauguração da rádio, em dezembro de 2013, a ideia não avançara nos resultados. Qual navegante alerta, o Garotinho deixou o barco para outro timoneiro tocar. Foi, com seus amigos diletos – Gerson Canhotinha e Gilson Ricardo --, armar em rios novos, cordas voltadas para uma galera jovem, basicamente integrada por universitários.

.o. A Transamérica, apesar de ser essencialmente musical, dispunha a ceder uma faixa de seu latifúndio sonoro para mais uma empreitada. O manda-chuva de lá, Eder Luiz, embora concorrente, abonava. Ou seja: profissionais veteranos, de espíritos joviais, um bom investimento. Dependesse apenas dos teen-agers, o trio ainda estaria ‘cumprindo sua versão pop’.
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POLO DA CONVERSA
.o. Mudança de comando, mudança do polo da conversa. Cada timoneiro toca o barco a seu jeito, filosoficamente devagar – bem o diz Hermínio Bello de Carvalho em melodia do Paulinho da Viola. Na visão do poeta, ‘quem me navega é o mar’. Não ‘tava’ pra peixe o mar, modalidades se foram. Valorizou-se o esporte bretão. Em 24h, predomínio de Sampa.

.o. No começo do ano, o que era em tempo integral, foi drasticamente diminuído. A crise econômica também atingia veículo com nome de banco. E, a Bradesco dispensava mais da metade de seus contratados. A grade local (espécie de núcleo carioca) restringia-se a um quinto dos programas. Prioridades para os jogos das equipes fluminenses.
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SE LIGAR FAZ BEM
.o. Vai muito bem, cinco meses depois de sua estreia, o “Se liga no sábado”, com o Guilherme Grillo, às 10 da noite na Globo. Do gênero variedades, já fez, porém, esquecer o “Plantão de notícias”, antecessor.Concorre ‘ao vivo’, com o “Musishow”,do Cirilo Reis (Nacional).

.o. Interagindo no WhatsApp dia 27, um ouvinte chamou o apresentador de João Grillo (coisa do consciente coletivo), confundindo-o com o personagem de “O auto da compadecida”, renomada peça teatral de Ariano Suassuna. O humorado Guilherme tirou de letra.
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UMA VISÃO DA EBC
.o. “Talvez nunca se tenha falado tanto da Empresa Brasil de Comunicação, a EBC². E, a EBC não é só TV Brasil. Abriga uma cadeia radiofônica que cobre as regiões Norte, Nordeste e Amazônia, esquecidas pela grande mídia. Comporta a Agência Brasil, que fornece conteúdo atualizado a milhões de pessoas e centenas de veículos.

.o. “Fala-se também em cabide de empregos. Têm-se aí ou a ignorância ou a falácia – ou ainda uma combinação perversa de ambas . Hoje a EBC tem menos funcionários do que na data de sua criação. (...) Cerca de 54% dos trabalhadores eram concursados, ou do quadro permanente; hoje, esse número subiu para 95%.

.o. (...) “A lei que criou a EBC previu um financiamento autônomo, a Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública, a ser cobrada das operadoras de telefonia (...) O que é arrecadado vai para o Fundo de Fiscalização das Telecomunicações.

.o. “Por força de recursos judiciários, porém, o dinheiro está retido. (...) R$ 2 bilhões, e quase R$ 1 bilhão recolhidos pelas operadoras que não recorreram. (...) O dinheiro está “confiscado” pelo Tesouro para engrossar o superávit primário, o que obriga a EBC a viver (...) a conta-gotas, ao sabor das conveniências do momento.

(De um artigo do jornalista Ricardo Melo, presidente da EBC, publicado na “Folha de S. Paulo”, em 29/8).
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I N T E R V A L O
/o/ Início do mês, folga na maratona de quatro dias de bola rolando. Sexta-feira, no “Panorama esportivo (Globo), impagáveis os desempenhos do Evaldo José e Francisco Aielo, revolvendo o folclore dos bastidores.

Propiciaram a seus ouvintes momentos excepcionais. Como reprise virou moda em alguns prefixos, quem sabe valha repeti-lo em um sábado ou domingo. Com a vinheta: “Este programa foi uma reapresentação...”
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/o/ Quem cursou jornalismo sabe que, no rádio (ou Tv), deve-se evitar textos rimados. Redundantes, nem pensar. Domingo (4) de manhã no “Jornal da CBN”, a voz (não identificada), dizia do ‘mau estado das estradas’.

E, a Rosean Kennedy, ao reproduzir matéria de “O Globo” sobre o FGTS, falava de uma ‘frente para enfrentar...’ Primeira all news no país, a CBN completa 25 anos em outubro. Comemoramos, ou penalizamos?
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/o/ Reconduzido a Bradesco, Rodrigo Campos é, agora, o segundo narrador da casa. /o/ A emissora contratou, logo depois, o Vinícius Gama, ex-Tupi, aproveitado como âncora. /o/ Também destituído daquela no ‘pacote de julho’, o experimentado Sérgio Américo acertou seu ingresso na Transamérica.
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¹ Dados extraídos do livro “Rádio no ar – o veículo, a história e a técnica”, do professor de jornalismo Luiz Artur Ferraretto, Editora Sagra Luzzatto, 2ª edição.

² O papel da EBC, no país, segundo Ricardo Melo, compara-se ao da BBC, na Grã-Bretanha, a Rai, na Itália, RTP, em Portugal, NHK, no Japão, PBS, nos EUA.