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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Girando com as ondas (003)

AS CRISES,SUAS ORIGENS
.o. O rádio está em crise, como outros meios de comunicação – jornais e revistas, por exemplo – situação vivida por setores diversos. No primeiro caso, Ibope na baixa, ausência de comerciais em determinados horários. No segundo, exemplares mais finos a cada ‘reforma’, quadros de redação diminuídos, quedas nas vendas e números de assinantes.

.o. Evidentemente, não foi à toa que a Tupi passou a atrasar os salários e promover dispensas, a Globo demitir famosos valores e fundir sua equipe de esporte com a da CBN. Aquela, fechar a Nativa forçada a devolver a Antena 1, esta não levar adiante a versão on-line da Beat98, que seria uma nova plataforma projetada pelo influente e respeitado grupo.
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UMA PÁLIDA SOMBRA
.o. Maior emissora de radio da chamada fase áurea (ou época de ouro), a Nacional foi, durante as décadas de 40 e 60, imbatível no segmento, sempre na dianteira de suas concorrentes – as co-irmãs, como se apregoava na imprensa especializada. Depois dela, a Mayrink Veiga, Tupi e Clube do Brasil. Pode-se afirmar sem exagero nenhum, que o quarteto formava na linha de frente da radiofonia na proclamada Cidade Maravilhosa.

.o. A Revolução de Março de 1964 fechou a Mayrink, por liderar a Cadeia da Legalidade, um movimento de resistência contra a ditadura que fora implantada no país. A Nacional, que pertencia à União, ao ser controlada pelos militares teve seu patrimônio sucateado por gestores nada afeitos ao ramo. Desde então, é pálida sombra de um passado de glórias.

.o. Conhecido como Edifício A Noite (na verdade chama-se Joseph Gire), e inaugurado em 1929, o prédio onde funcionou a rádio foi tombado pelo Iphan-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em abril de 2013. No mesmo endereço ( Praça Mauá 7), está localizado o Inpi-Instituto Nacional de Propriedade Industrial, que se utiliza de funcionários terceirizados. A Nacional se mudaria para a Avenida Gomes Freire, na Lapa.

.o. O local, instalações da TV Brasil, que pertencera à antecessora, TV Educativa, além de abrigar a popular estação que deixara o tradicional prédio de 22 andares do outrora maior arranha céu da América Latina, passou a acomodar, ainda, a MEC (Ministério da Educação e Cultura). Esta, sediava um imóvel de cinco andares na Praça da República. Seus estúdios, auditório e um riquíssimo acervo, foram fechados e abandonados.
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A ‘MORTE’ ANUNCIADA
.o. Diante do crescimento da televisão, que teoricamente decretaria a morte do rádio, este se viu na contingência de mudar sua estrutura. Em lugar do broadcast (programas montados, com as participações de cantores, orquestras, atores, locutores, narradores), os de prestação de serviços. Primeiro a Continental – ‘cem por cento esportiva e informativa’ – depois, a Jornal do Brasil, oficialmente a lançadora do serviço de utilidade pública.

.o. Outra marca do seu pioneirismo seria o esquema all news, importado das rádios norte-americanas, mesclado com músicas de boa qualidade. (Originalmente, o all news é noticiário em tempo integral, com o repórter revelando sua localização e hora da cobertura. Os primórdios do praticado em duas décadas por CBN, Bandnews e Jovem Pan). Integrava o conglomerado JB, um veículo impresso, uma AM e quatro FMs.

.o. Mergulhado em dívidas pela construção do ‘elefante branco’ na subida (ou descida) da Ponte Rio-Niterói, o grupo perdeu tudo, restando apenas a FM que lhe dá nome. A Cidade, que revolucionara o modelo nos períodos de 70 e 80, foi vendida para a empresa de telefonia Oi. A 105, comprada pela Igreja Universal do Reino de Deus, e a Opus 90, negociada com os donos do jornal “O Dia”¹, primeiro chamada de Nova, depois rebatizada MPB.
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OS JOVENS E BACHARÉIS
.o. No terreno estritamente musical ocorria a era dos disc-jockeys. Casos da Mundial, que nascera da ‘costela’ da Clube do Brasil, encabeçada por Big Boy, onde se destacavam um Robson Alencar, Oduvaldo Silva, Eloy De Carlo, Alberto Brizola, Samuel França, entre outros, e da Tamoio, com o vitorioso ‘musica, exclusivamente música’, onde pontificavam programadores (e apresentadores) auto-intitulados “Bacharéis do Disco”.

.o. Entre os beneficiários com os ‘canudos’, Airton e Jair Amorim, Dimas Joseph, Nei Hamilton, Paulo Gesta e Vitorino Vieira. A Tamoio, que chegou a ser a terceira mais ouvida durante uma temporada, começaria a balançar após o surgimento de uma nova proposta do Sistema Globo, anunciada como “Mundi-Jovem” pelo vozeirão do Carlos Bianchini. Um estranho contraste o dessa rádio, que relembramos nas linhas seguintes.

.o. Sucesso junto ao público era, no limiar dos anos 90, comercialmente deficitária, razão pela qual foi desativada. Quando isso aconteceu, situava-se no Ibope, atrás da Globo e Tupi. Seus 860 Khz passariam, a partir de outubro de 1991, para a CBN, que substituíra a Eldorado (1180)². Saía uma eminentemente musical, entrava outra inteiramente de informações, embutida nas iniciais, ou seja, a Central Brasileira de Notícias.

.o. Anos 80. Foi o crescimento da Mundial que resultou na derrubada da Tamoio. A direção desta optaria por uma linha em que predominavam os comunicadores, consistindo a estratégia, dar às atrações os nomes de seus respectivos titulares. Assim, a grade ficaria singularmente linear, desfilando pelos 900 Khz os Programas Nena Martinez, Fernando Sérgio, José Cunha, Aérton Perlingeiro, Kleber Sayão, Jorge Perlingeiro e etc.

.o. A rádio, dos Diários Associados, estava sob o domínio do Grupo Edson Queiroz, detentor de outras estações -- Verdes Mares a principal delas. A vaidade de alguns e a queda no faturamento provocaria o desmonte, culminando com o arrendamento por uma seita evangélica, recurso que seria disseminado com o decorrer dos tempos. A Tamoio seguia o que já haviam feito a Copacabana, Metropolitana, Capital , que abriram o filão.
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I N T E R V A L O
/o/ Em 19 de abril de 2006, Haroldo de Andrade entrevistava Roberto Carlos, aniversariante do dia. Foi na sua rádio própria, que tinha sido inaugurada em 7 de novembro do ano anterior. A conversa com o ‘Rei’, por telefone, durou uma hora, recorde alcançado pelo saudoso profissional. O cantor não dava entrevista para ninguém. A reprodução do áudio, em cinco edições (última nesta quarta-feira, 22), foi um trabalho de Paulo Francisco, radialista goiano, colaborador de “Todas as vozes”, do Marcus Aurélio na Rádio MEC AM.

/o/ Nas meias horas, no decorrer de sua programação, a Rádio Globo coloca no ar o quadro “Rio em um minuto – a notícia perto de você”. A apresentadora habitual do boletim (gravado) é Juliana Polo, de voz doce e macia. Nesta quinta-feira (23), o ouvinte atento deparou-se com uma segunda edição ‘colada’ na primeira, com (salvo engano) o Augusto Souza, pouco depois das 10h e meia. ‘Cochilo’ do operador no horário do Roberto Canázio.

/o/ ¹ Administrada pelo “O Dia” durante 14 anos, a MPB FM foi vendida em junho de 2015 para o Grupo Bandeirantes de Comunicação. O popular jornal carioca, que sobreviveu a uma crise financeira em mãos de empresários portugueses, que nele investiram desde 2010, é mais um impresso em dificuldades, depois do “Jornal do Commércio”, recentemente extinto.

/o/ ² Os 1180 Khz serviram para a Viva Rio, parceria da ONG do mesmo nome com o Sistema Globo de Rádio. Destinava-se a divulgar temas de interesses comunitários, operando por apenas duas temporadas, a partir de setembro de 2002. Mais tarde, como Mundial, funcionou em caráter provisório, formando a grade notas esparsas e musical corrido. O SGR se livrou dela. A concessão foi transferida para a igreja evangélica homônima.





quinta-feira, 9 de junho de 2016

Girando com as ondas (002)

O SLOGAN DO ODILON
Aleluia, aleluia. Cânticos dos cânticos. Odilon Júnior, um dos mais jovens narradores esportivos do Rio ganhou, com atraso abissal, um slogan adequado à sua categoria. Não é uma pérola, mas se enquadra no contexto do rádio popular.

.o. Batizaram-no de ‘o locutor vibração – que embala o seu coração’. Lançado ainda no tempo em que o Luiz Penido era o chefe do setor, chamavam-no há uns três anos de ‘revelação’. O filho (ou filha dele) já teria ingressado no maternal e, o Odilon se ‘eternizava’ com o tal chamamento. Vacilo inexplicável da emissora.

.o. Se iniciativa do coordenador Paulo Júnior, o Pepa, ou alguém de cargo superior, mero detalhe. Serve como homenagem ao Doalcei Camargo, que era ‘o mais vibrante do Brasil‘, incluindo o ‘decorridos’, na contagem dos minutos.
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DE POSITIVO A... ÚNICA
.o. Informes sobre astrologia e citações de aniversariantes, são temas de que o rádio dos comunicadores não conseguiu se libertar. Do primeiro, na Tupi (o “Horóscopo positivo”), cuida a Glória Britho, no programa do Clóvis Monteiro.

.o. Num vídeo na internet Glória declara ser a única astróloga formada em atividade no veículo. Diante da afirmativa, surfamos na prancha da imaginação, questionando. O que faz a Zora Yonara na ‘outra’. Seria uma palpiteira?
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TUDO PELA AUDIÊNCIA
.o. A propósito. O “Eu sempre quis fazer rádio” e o “Good times 98” (um revival), juntaram-se aos títulos recentemente derrubados na matriz do SGR. Duração curta, como o “Plantão de notícias”, “Alegria ao meio-dia” e o “David da vida”.

.o. Antes, caíram “Futebol de verdade” e “Samba amigo”. A hora é agora. Do “Tá’ rolando música”, além de “Sabado-bado-bado-o” e “Se liga no sábado” que, somando-se ao “Sábado é do Canázio”, faz do dia uma dose tripla de mesmice.

.o. Tudo pela audiência, meta inferior às previsões. Isso, enquanto novas mudanças não se tornarem inevitáveis. Está feia a coisa. A “Seleção Rádio Globo-CBN” foi pautada na rival, que tinha criado a ‘Seleção brasileira do rádio’.
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INTERNET & REINVENÇÃO
.o. É aí que entra aquele negócio da reinvenção. Ninguém precisa ser catedrático para saber que, rádios, jornais e TV hoje, são cada vez mais dependentes da internet, (e redes sociais), utilizando o precioso auxílio dessas ferramentas.

.o. “Sempre ouvi que o rádio acabaria com os jornais, que o cinema acabaria com o teatro, que a televisão acabaria com o rádio e que a internet seria um míssil que destruiria tudo isso (...) A verdade é que nada morre. Tudo se transforma”.

.o. O autor dessas frases, discorrendo sobre o futuro das comunicações, é José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni), que se tornou o mais famoso executivo da TV, e fez seu embasamento no rádio, como produtor e redator de publicidade.
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I N T E R V A L O
/o/ Washington Rodrigues recusou proposta da Globo para reintegrar-se à sua equipe. Há 17 anos na Tupi, o Apolinho renovou contrato até 2018.
/o/ Mais longevo diretor da estação, um baluarte, Alfredo Raimundo foi dispensado pelo condomínio dos Associados. Aposentadoria compulsória.

/o/ O mexe-remexe no SGR devolveu ao “Manhã...” o quadro de debates, soando estranho programa com esse nome terminar a uma da tarde.
/o/ Houvesse tino de coerência do programador, o “Momento de fé”, com o padre Marcelo Rossi passaria, desta vez, das 9h para o meio-dia.

/o/ Depois de ser exonerado na troca do governo federal, o jornalista Ricardo Melo foi reconduzido, por ordem da Justiça, à presidência da EBC.
/o/ A Nacional do Rio, pertencente àquela empresa não melhorou, com as mudanças de comando, os seus índices de audiência em três décadas.

/o/ Comentarista de futebol falando que jogo tem que ser coletivo, entra no nível das pessoas que acham comum alguém dizer ‘subiu lá em cima’.
/o/ O Eugênio Leal, um dos melhores de sua geração, usou o termo no Fluminense e Chapecoense, assegurando que a partida foi bastante ruim.