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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Rádiomania, o Livro/30

AS FASES DO HAROLDO (D-2)
Durante muito tempo as chamadas promocionais da Globo afirmavam que Haroldo de Andrade era o ‘número 1 do rádio brasileiro’. O comunicador, um autêntico líder de audiência, posição sustentada por nada menos que 35 anos – 42 dos quais a serviço da emissora – batera de frente com os executivos da empresa, a partir do momento em que se opusera ao projeto “Globo Brasil”.

E, porque Haroldo não aceitava essa ideia, cuja finalidade era transmitir programas em rede nacional, a rádio não renovaria o seu contrato, encerrado em julho de 2002. No último programa dele na Globo, sexta-feira 12 daquele mês, não lhe permitiram sequer, o direito de se despedir dos seus ouvintes.

Na segunda, 17, os diretores da emissora tentavam reparar a frieza do gesto, --o xeque-mate no profissional, avisado do seu afastamento por telegrama. Prestavam uma homenagem a Haroldo no “Manhã da Globo”, com novo ocupante no horário, o apresentador Loureiro Neto. O “Bom Dia”, da atração extinta, dava espaço a uma mensagem lida por Elói De Carlo, com o Concerto n° 1 de Tchaikovsky em fundo. Entre outras coisas, dizia que ‘a história da rádio se confunde com a do radialista, nascido para ser um comunicador de sucesso’.

O diretor regional Marcos Libreti justificava: “A emissora decidiu encerrar o programa do Haroldo de Andrade que tinha um público de 400 mil ouvintes por minuto, por estar reformulando sua programação. O objetivo, disse ele, é ter um conteúdo de caráter nacional, enquanto o antigo era de cunho local. Com a reformulação a rádio espera ampliar seu público e mais anunciantes.”

Notícia ruim para o Rio – rebatia no dia seguinte o cronista Artur da Távola, um profissional do ramo e estudioso do assunto, emendando: "Perda gravíssima para a qualidade do veículo e a perda de mais uma oportunidade de termos um rádio ao mesmo tempo popular e cidadão”. As razões de Haroldo, por não concordar com o projeto “Globo Brasil”, tem argumentos convincentes – frisava da Távola.

Em primeiro plano, considerava que o rádio AM falado, local, ou regional, necessita estar em íntima conexão com a comunidade onde atua. Há, características especificamente cariocas e fluminenses que não serão atendidas num modelo nacional, que inclua São Paulo e outros estados. Compreendendo-se que tal mercado é mais forte, o rádio não é TV – acentuava o cronista.

Haroldo de Andrade assegurava na ocasião: “Se o rádio se tornar nacional acabará por esmagar as emissoras do interior e, principalmente, as pequenas, reduzindo cada vez mais o mercado de trabalho para locutores, noticiaristas, comunicadores, técnicos. A afirmativa dele tinha como fundamento a invasão das evangélicas, que restringia o campo de atuação dos radialistas verdadeiros.

MEMÓRIA-2006
A Bandeirantes AM, no Rio, trocava o prédio (antigo) da Rua Alcindo Guanabara, na Cinelândia, por modernas instalações na Rua Álvaro Ramos, em Botafogo. Juntava-se a outras do grupo paulista, Bandnews FM e canal de televisão.

O jornalista Luiz Antônio Bap, do “Boca Livre”, dez anos na Band, com horário alugado, deixava a emissora. Mudava-se para a Tropical Solimões, de Nova Iguaçu (estúdios no centro do Rio), estreando em 1° de junho, uma 5ª feira.

Ficava em poder de Jaguar, o recorde negativo de permanência de um programa em emissoras cariocas. Ele estreava (também no 1° de junho), de 11h às 13h, no lugar do Bap. Na semana seguinte,porém, seu programa era retirado da grade.

Márcia Peltier ganhava um cartaz dominical na Tupi, das 7h às 9h das manhãs. O lançamento ocorria no dia 11 de junho. Jornalista e apresentadora de TV, vinha mantendo coluna diária no Jornal do Commercio, depois de passagem pelo JB.


quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Ouvindo as ondas

DE MUDANÇAS NOS MINUTOS
Das emissoras do Rio dedicadas exclusivamente a notícias nossa referência recai, há alguns anos, na Bandnews – onde pontificam o Ricardo Boechat, Mário Dias Ferreira, Carla Brigato. Valioso na CBN, o beneplácito do pioneirismo.

O ‘em vinte minutos tudo pode mudar’, da Bandnews é, sem qualquer dúvida, uma sacada criativa, inteligente. (Lembra frase atribuída a um mito do rádio esportivo que, em diversos momentos repetia: ‘A vida muda de minuto a minuto’.)

Ora, pois pois – como dizia saudosa amiga, dona de um restaurante em Niterói. É isso. Baseado naquela assertiva (da Bandnews, claro) reservamos vinte minutos triplicados, para analisarmos o que apresentam Mania, O Dia e a Fanática.

Na quarta (20), entre 13h50 e 14h55, nos entregamos a essa tarefa. O playlist musical delas é parecido, com o predomínio do pagodinho (também chamado de samba romântico), visceralmente o oposto do cultuado samba de raiz.

Não faltam na seleção, o funk e o sertanejo universitário. O primeiro, no entender de agentes culturais interessados, uma manifestação marcadamente popular, isto é, ‘a música do povo’. O outro, não menos, com diferentes defensores.

GIRO DOS PONTEIROS...
o. Bordões, bem feitos ou não, ‘grudam’ na mente de quem sintoniza uma rádio. Naquele período, a Mania rodou três músicas, intermediadas por comerciais para a distribuição de ingressos de shows e brindes para festejos natalinos.

o. A equipe de promoções estava postada numa rua de Madureira. No estúdio, Jairo Roberto, com passagens por FMs melhores abonadas. Refrão de um samba tocado na playlist: “Não quero nem saber/Quero amar você...” (Quanta poesia!)

PONTEIROS II...
o. Na O Dia, o horário era de um comunicador com simplória denominação... Orelinha. Ele recebia um cantor (e compositor) com nome de um pássaro – Tiê. Saudação do locutor ao apresentar o moço: “Você tem composições incríveis”.

o. Criado em São João de Meriti, na Baixada, segundo o próprio, o jovem revelou que deve à mãe, a adoção do nome artístico, pelo fato de viver sempre cantando. Ela o apelidou. Nos intervalos da entrevista, tocadas duas produções dele.

PONTEIROS III
o. Mais jovem estação carioca, Fanática foi inaugurada em junho do ano passado. Sediada em São Gonçalo, tem estúdios na Barra da Tijuca. “Amanhã já é verão. Faltam cinco dias para o Natal” -- advertia André Ricardo, o apresentador.

o. Rodou três pagodinhos e um funk e, ao anunciar o prefixo afirmou sem o menor constrangimento, caprichando na entonação que, ‘a Fanática é a melhor rádio do planeta’ (ops!) Não é à toa, certamente, que utiliza o bordão “Louca por Você”.

COMPANHIA DOS INSONES
Um dos ex-globais que aterrissaram na Tupi este ano, Alexandre Ferreira faz a madrugada, de meia-noite às 2h. Dá nome ao horário, que pertenceu por mais de uma década, ao Fernando Sérgio, dispensado no começo da temporada.

Dentre as atrações do programa -- o n° 1 da grade-- segundo as chamadas, estão “A Música de Sua Vida” e “Passarela do Amor”. Contam, apesar do avançado da hora, com muita interatividade, seguidores insones, naturais fãs do radialista.

A sexóloga Sandra Batista, figura onipresente em programas da rádio, participa desse cartaz. Na terça (19), ao iniciar a audição, Alexandre disse que a presença dela ocorreria no final, ‘quando as crianças estiverem dormindo’. Um brincalhão.

O quadro em que o ouvinte escolhe músicas de suas melhores lembranças, existe aos montes nas populares, de grande ou pequeno investimento. Unir pessoas que vivem solitárias, a função do outro. Collid Filho, antecessor, era mestre no tema.
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HORAFINAL.COM
Levantamento do penúltimo trimestre do ano (julho/agosto/setembro) sobre as FMs indica O Dia na 2ª posição em audiência no Rio, Mania na 7ª, sendo a 9ª colocada a novata Fanática, na frente da Bandnews, 10a. Fonte:Site Tudo Rádio.




sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Rádiomania, o Livro/29

AS FASES DO HAROLDO (D-1)
Perto de começar os anos 70, surgia a grande chance de um paranaense de Curitiba impulsionar uma carreira no rádio do Rio de Janeiro. Haroldo de Andrade ficaria conhecido em todo o país, consolidando seu nome entre os mais importantes do veículo. Depois de uma experiência na Rádio Nacional, Haroldo alcançara sucesso na modesta Mauá, onde lançara, ao entardecer, o “Musifone – Sua Preferência Musical Pelo Telefone”. Dali para a Globo, não demorou. Fez, em parceria com Roberto Muniz, de 5h às 9h, o “Alvorada Carioca”.

O maior cartaz da época era o “Programa Luiz de Carvalho”, uma espécie de coqueluche na Rádio Globo. ‘Saúde, paz e amor’, o slogan do radialista, fazia eco em todos os lares, admirado (e cultuado) por uma enorme legião de ouvintes. Luiz de Carvalho (*), um dos fundadores da Globo, viveu na emissora os seus melhores dias – uma fase de glórias. Ao lado de Luiz Mendes e Daysi Lúcidi, animara inicialmente, o “Chá das Três”, memorável show de variedades. Luiz de Carvalho dominaria as manhãs da emissora por muitos anos.

Mas, resolvera deixar o prefixo. Segundo depoimento do Hélio Thys numa série sobre o rádio no Brasil veiculada pela TV Educativa, Luiz trocara a Globo pela Tupi por causa de uma irrisória vantagem salarial. Com a saída dele, Haroldo de Andrade passou a ocupar o espaço, para quem Thys criaria o “Bom Dia”, crônica de costumes, na qual o apresentador nortearia o seu conceito.

Muito tempo depois, Luiz e Haroldo, companheiros na rádio dos Marinho, voltariam a se encontrar num mesmo prefixo. Isso acontecera na Bandeirantes, originalmente Guanabara. Era 1982, e aquela rádio se transformaria num suposto eldorado, escorada no slogan de estar 'um passo à frente da comunicação’. Com isso, acabara atraindo profissionais consagrados para as suas fileiras. Paulo Lopes, que estava na Tupi, e Carlos Bianchini, na Globo,foram pra lá.

Em poucos meses, debandada geral e, todos retornaram a seus endereços anteriores. O som da Bandeirantes era ruim, os equipamentos prometidos não chegavam, e nem sequer de viaturas decentes necessárias para os serviços externos a emissora dispunha. Mesmo assim, Luiz de Carvalho ficou, sendo o único dos famosos que não reagira.Depois que saíra da Tupi, envolvido num caso rumoroso, passaria pela Clube do Brasil, Imprensa FM e Federal, de Niterói.

Haroldo de Andrade retomara seu lugar na Globo, robustecido pelo alerta que lhe fizera o compenetrado Hélio Thys, de que a transferência para a outra emissora mais lhe parecia uma aventura. Thys havia sido convidado para também mudar-se para a Bandeirantes, o que educadamente recusara. Nos quatro meses em que Haroldo estivera fora, Roberto Figueiredo assumira o tradicional horário.

(*) Luiz de Carvalho morreu de pneumonia, no ostracismo, dia 9 de junho de 2008, com 89 anos.Aposentado, até 2004 ainda permanecera em atividades.

MEMÓRIA-2006
Âncora do principal noticioso da Nacional, a partir de sua revitalização, a jornalista Neise Marçal se desligava da emissora em janeiro. E o músico Henrique Cazes, apresentador novato parava com um programa de choro nos fins de semana.

Adriana França e Rui Fernando, com mais de vinte anos de casa, lideravam a lista de cortes no SGR no começo do ano. Também saíam os locutores Ulisses Costa e Osvaldo Maciel e o repórter Márcio Spípolo, do esporte em SP.

Em março, “Planeta Rei” com Beto Brito passava a ser uma raridade musical na Globo. Ocupava o horário de meia-noite às 2h, de segunda a sábado, antecedendo o “Madrugada Globo Brasil”, pilotado pelo Francisco Carioca.

Seis meses depois de inaugurada, s Rádio Haroldo de Andrade registrava a primeira dissidência -- Ivo Meirelles, sambista e compositor, que fazia um programa à tarde. A rádio ganhava, porém, um produtor de peso, Roulien Silva.





quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Ouvindo as ondas

MINISTRO: ATRASADOS ATÉ DIA 20
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu entrevista ao Antônio Carlos da Rádio Tupi nesta quarta-feira (13). Assegurou que até o próximo dia 20, os funcionários estaduais do Rio estarão recebendo os salários devidos.

A entrevista, por telefone, ocorreu no quadro “Vamos Acordar”. Sobre a necessidade de se fazer a reforma da Previdência, mencionou o caso da Grécia, na Europa, que foi obrigada a cortar os vencimentos da aposentadoria.

“Conseguimos tirar o Brasil da maior recessão da sua história”, afirmou, acentuando: “O Brasil já voltou a crescer”. Indagado pelo radialista se sairá mesmo candidato a presidente, revelou que vai decidir em março, ou em abril.

DEVAGAR, NA COLA
Muita marola em maré rasa. Foi assim que ‘vimos’ a estreia de Isabele Benito na Tupi, na segunda-feira (11). Num programa com duração de uma hora as informações e o ‘divertimento’ perderam disparado para os comerciais.

o. Foram nada menos que dezesseis, sem contar as duas entradas do “Sentinelas Aéreo” (patrocinado), com a repórter Marina Heizer. Pelo que se observa, a Tupi entra, como não quer nada, na onda em que ‘surfa’ a sua antiga concorrente.

o. Isabele declarou na abertura que ‘minha marca é a verdade, jornalismo na veia’ e, que começara no rádio há 17 anos, em São Paulo. Dos quadros que anunciara, o de mais apelo (“Dedo na Cara”) é coisa tipicamente para a televisão.

o. Depois dos agradecimentos aos diretores que a contrataram, ela saudou o filho, e recebeu cumprimentos da mãe e do marido. De acordo com a música de uma vinheta (‘O rádio família é coisa nossa...’), mais família impossível.

o. Nada contra, de nossa parte, que emissora popular requisite uma profissional com o mesmo viés – polêmica, inclusive. Isabele, todavia, é bem limitada locutora, engessada em expressões batidas, como aquela ‘daqui a pouquinho".

o. Voltemos, por ora, à tese recorrente. Da cabeça de juízes, diretores de rádio e bumbuns de nenéns, só se pode esperar surpresas. Seria, além de coerente e muito prático, a direção da Tupi duplicar o horário do Francisco Barbosa.

REVIVENDO CLARA
Iniciada em 22 de novembro, encerrou nesta quarta a série de entrevistas com a cantora Clara Nunes (1942-1983) à antiga Rádio Jornal do Brasil, reproduzida no “Rádio Faz História”, etapa do “Todas as Vozes”, do Marcus Aurélio, na MEC.

A montagem reúne trechos do “Noturno” e “Especial JB”, apresentados por Simon Khoury, Ney Hamilton e Luiz Carlos Saroldi na extinta emissora. Trabalho do goiano Paulo Francisco, colecionador de áudios e colaborador do Marcus.

Descoberta pelo radialista Adelzon Alves, Clara, uma intérprete de boleros nexicanos vertidos para o português, virou sambista. Ao exaltar a Portela num carnaval, se tornaria estrela da agremiação e, particularmente, da MPB.
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HORAFINAL.COM
Num Maracanã lotado o Flamengo ficou na vice-liderança da Copa Sul-Americana ao empatar em 1 a 1 com o Independiente da Argentina, embora tivesse jogado melhor. Resultado frustrante para a torcida, segundo afirmou Bruno Azevedo.

HORAFINAL DOIS
O comentarista da Transamérica frisou que o time repetiu os erros de outras competições – a Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão. Assinalou, ainda, que Éverton, aposta de Rueda, decepcionou, não acertando uma jogada.



sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Rádiomania, o Livro/28

ASCENÇÃO E OSTRACISMO (C-5)
Era tanta a repercussão do programa, que conseguia atrair nomes internacionais em visita ao Brasil.Ives Montand, Josephine Baker, Gregório Barrios, Lucho Gatica, Pedro Vargas e Trio Los Panchos, entre outros. Mito, lenda, fenômeno. Os adjetivos não faltavam para as pessoas definirem as qualidades do radialista. Seu poder de comunicação contagiava e, ao comemorar dez anos do programa, em 1955, reuniria cerca de 25 mil espectadores no Ginásio do Maracanãzinho.

Fora também pioneiro nesse tipo de promoção. Seguiram-se numerosos shows em estádios de futebol em diversos pontos do país. A crise institucional que resultaria na Revolução de Março de 1964 deixaria César de Alencar numa posição insustentável. O destino colocava à sua frente uma escada reversiva, diferente da que o havia conduzido pelos degraus do sucesso. Dos dias gloriosos vividos, ele iniciava (sem volta aparente) um mergulho no ostracismo.

Emissora controlada pelo governo federal, a Nacional sofreria intervenção dos militares e o animador seria acusado de ‘dedurar’ colegas como integrantes da esquerda festiva. Segundo o jornalista Borelli Filho, “os caçadores de comunistas” davam uma taça de ouro a quem denunciasse “os comedores de criancinhas”. Houve uma “caça às bruxas” e os punidos jamais perdoariam o César, embora nenhuma prova real fosse apresentada no decorrer das investigações.

Borelli, que dirigiu a “Revista do Rádio” nos anos dourados revelaria, em artigo no jornal “Última Hora “, dias depois da morte dele:
— Pessoalmente, acho que tem uma imensa dose de folclore nessa história. César poderia ser diretor da emissora, pelo muito que fazia por lá. E, se nomeado, certamente iria realizar coisas fabulosas, porque era competente e possuía as melhores condições para manter a PRE-8 na fase áurea de Vítor Costa. Houve, por certo, um jogo político e ele acabou herdando as sobras.

Enquanto baixava a poeira pela suspeita do seu envolvimento com os militares, César se afastou do rádio. Nesse intervalo fez uma viagem ao exterior, e em 1970 lançava-se na televisão. Trabalhou na Excelsior, que trocaria pela Rio, apresentava-se simultaneamente na Record, em São Paulo e na Itapoã, em Salvador. Reapareceria no rádio em 1975, através da modesta Federal, de Niterói, do sanfoneiro e compositor Antenógenes Silva. Ali, daria dimensão a um dos quadrinhos que classificava de inter-programas – “As Virgens do César”.

O passo seguinte seria em 1976 na Rádio Tupi, onde assinaria um contrato relâmpago -- um programa semanal de apenas uma hora. E, chegou o dia em que retornaria ao prefixo tradicional, em 1978. Fazia o programa do estúdio nas manhãs de sábado, no esquema ‘vitrolão’, que tanto condenava. Mudaria para o domingo, quando criaria a “Turma da Comunicação”, cuja finalidade era estabelecer um elo entre antigos ouvintes, que se reuniam em festas de confraternização (casamentos, aniversários, batizados, trocas de informações por telefone.) O “Domingolão” ia das 8h da manhã a 1h da tarde.Terminaria em 1986.

Ele voltaria para os sábados, depois de uma breve ausência, por enfermidade. (Desta vez, o programa era gravado na véspera.) Em 1985 tivera enfisema pulmonar, mais tarde crise de gastroenterite e, nos últimos anos sofria de osteoporose, que o obrigava a consumir remédios caríssimos, importados da Suíça.Criaria o “Rádio Céu”, materializado por Márcio de Souza, um dos produtores que atuaria com ele na fase crítica. O “Rádio Céu”, editado periodicamente, só apresentava gravações de artistas falecidos. O outro produtor nessa etapa foi o jornalista Jonas Vieira, que se tornaria biógrafo do animador.

Entre mudanças distintas, César de Alencar ainda seria assistente de direção do Sistema Radiobrás e, por fim, promovido a gerente de programação da Nacional FM, que ele transformaria num reduto de boa música brasileira. A venda da concessão para a iniciativa particular em 1988(que passaria a chamar-se RPC) o deixaria bastante magoado,segundo os que privavam de sua companhia.

MEMÓRIA-2005
O multimídia Nelson Motta (jornalista, compositor, produtor e escritor) estreava em outubro na Paradiso FM. “Sintonia Fina”, programa que ele apresentava semanalmente na Globo FM (foi para a Sky), passou a diário na nova casa.

Cinco anos afastado do rádio depois de desligar-se da El Shadai, Alberto Brizola retornava através da Roquette Pinto FM. Comandava o “Programa da Tarde”, a partir da uma hora, ocorrendo o registro da novidade também em outubro.

E, ainda naquele mês, a Tupi modificava a sua grade aos domingos. Esticava os horários do Garcia Duarte e do Heleno Rotai – aquele das 4 às 8h, este das 8 ao meio-dia, dando folga ao Pedro Augusto e ao Luiz de França (1946-2017).




quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Ouvindo as ondas

O MELHOR DE CADA UM
Elogio em boca própria é vitupério, segundo os mais vividos. Você quer saber? Está no Caldas Aulete, Larousse, Aurélio e outros. Na 102,9 proclamam diariamente ser a “Rádio Mania, a melhor do Brasil”, insinuante afirmativa.

Só se for para o público da classe D, consumidor das canções que fazem parte do repertório de um Pique Novo, ImaginaSamba, Thiaguinho e congêneres. Convencer é uma das finalidades do marketing, no caso, do ‘efeito-camarão’.

A malandragem no linguajar do sambista é sinônimo de vivacidade. Na história recente, uma página cantada por Zeca Pagodinho dá o alerta: "Camarão que dorme, a onda leva". Os marqueteiros aproveitam as brechas do discernimento.

BEM POPULAR
Há seis meses (e depois de três décadas) Antônio Carlos voltava às suas origens, a Tupi. A tiracolo, Aldenora Santos, que formara dupla com Carlos Hamilton na primeira versão do programa e, além dela, fiéis colaboradores dos últimos anos.

Campello (o ouvidor), Zora (astróloga), Juçara (colunista de celebridades), Karla (destaques do dia) e, ainda, Mário Aguiar, sonoplasta, todos ‘oriundis’ da Glória. Conforme expressão de um narrador esportivo, ‘tem que respeitar’ o vigor do AC.

A pontuação no Ibope ‘segura’ o venerando. Por isso mesmo, ele repete nas manhãs que "vamos fazer um excelente programa de rádio”. Um dos trunfos, distribuir ‘vale no valor’ de 200 reais do supermercado G para as contempladas.

Manter um programa diário por tanto tempo em cartaz representa, inegavelmente, uma heróica façanha. O feito se torna mais impactante, pelo sucesso que AC desfruta junto ao público, que não ‘tá’ nem aí’ pela inexistência de renovação.

DESIGUALDADE
Na Transamérica-Rio,emissora dedicada à música pop, há espaço (pequeno, diga-se) para o esporte. A equipe, atualmente na ‘conta do chá’, reúne jovens profissionais de reconhecidas qualidades, uma geração de batalhadores.

Um quarteto – locutor, comentarista, repórter e plantonista – integra o grupo. Idealizado pela matriz em São Paulo, o bordão apregoa: “Transamérica, a melhor do futebol”. Pela estrutura da paulista, se justifica. Na do Rio, é som de piada.

Quando os bravos subalternos do Eder Luiz utilizam-se das palavras-chaves que o mestre determina, nem os adolescentes na sintonia, acreditam. Entre a vibração de um gol ou lance emocionante, a pergunta:“Enganando a quem, cara pálida?”

A RODA, A VIDA
o. No impedimento do Garotinho 2, a Tupi ampliou em 30 minutos o programa do Clóvis Monteiro, agora das 8h às 10h. Luiz Felipe de Mello, produtor do radialista-político (sob custódia da Justiça) é o novo integrante da bancada do Clóvis.

o. Durou de 10 ao dia 24 último a greve dos funcionários da EBC. Reclamavam do congelamento dos salários e da ameaça de perder benefícios. No período, programas ao vivo utilizaram o Plano B, gravados. Os demais, piloto automático.

o. Com a lembrança de um clássico de Chico Buarque, em background, ilustramos as notas acima. “Roda vida, roda gigante/Roda moinho, roda pião/A vida virou num instante/Na roda do meu coração”. Mundo gira, a fila anda.

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HORAFINAL.COM
Isabela Benito, do SBT, será a partir de segunda-feira (11), apresentadora da Tupi. Vai ocupar o horário do provisório “Super Manhã’, das 10h às 11h. Anunciada pelo Cristiano Santos, que a classificou como “presente de Natal”.

HORAFINAL DOIS
A Mania FM comemorou aniversário no domingo (3). Duplamente festejado. No Espaço Cultural Porto da Pedra, em São Gonçalo, e na Estação Primeira de Mangueira, Rio. Artistas populares presentes. Informes do site Tudo Rádio.

HORAFINAL TRÊS
E, a gloriosa emissora da Rua do Russel, hein? Na pré-mudança de endereço ‘esqueceu’ de uma tradicional comemoração. O 73° aniversário passou em ‘brancas nuvens’. Culpada foi a crise. Data quebrada não tem mais sentido.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Rádiomania, o Livro/27

ASCENSÃO E OSTRACISMO (C-4)
A sua irreverência se refletia nas letras de algumas dessas músicas, compostas especialmente para ele. Foram, por exemplos, “Há Sinceridade Nisso?”, de Manezinho Araújo, “Namoro no Portão”, de Luís Bittencourt, e “O que é Isto?”, de Abelardo (Chacrinha) Barbosa e Nestor de Holanda. Num dos carnavais de que participava, gravou “As Mal-Amadas”, de Luiz Antônio, que retratava as mulheres excessivamente sonhadoras, na iminência de ficarem ‘pra titias’.

As Mal-Amadas
São as grandes mulheres
Posso provar
Se tu quiseres
As Mal-Amadas (bis, bis...)

Carinho, amor e ternura
A mal-amada não conheceu
Mas tem confiança na jura
Daquele que o peito elegeu...

A dupla Haroldo Lobo-Milton de Oliveira escreveu para ele, num desses carnavais, “No Japão é Assim”, uma sátira à semelhança física entre as mulheres daquele país, também gravada por Jorge Veiga. Dizia:

No Japão é que é bom
Japonês não passa mal
Não há mulher bonita
Nem feia, é tudo igual
No Japão (bis, bis...)

Não há lourinha
Não há, não há, não há
Morena nem pretinha
Ou mulata sarará

Lá não se briga
Por causa de mulher
Quem perde a sua
Apanha a que quiser...

Em outro carnaval a dupla dava ainda, para o César gravar, “Coitado do Abdalla”, satirizando a peregrinação de vendedores-ambulantes de bugigangas:

Rala, rala, rala
Coitado do Abdalla
Rala, rala, rala (bis, bis...)

Sobe e desce morro
Carregando a sua mala
Chega o fim do mês
Ninguém paga o Abdalla...

Pra comprar fiado
Todo mundo quer comprar
Mas no fim do mês
Como é duro de cobrar...


E, tinha uma do Carvalinho – “Cossaco”. A primeira parte afirmava:

Se o cossaco, enche o saco
Que buraco, que buraco
Afinal é muito feio
Ter mais um cossaco cheio

Mas, irreverência não fora tudo na vida do artista. Ele reservara momentos para as músicas sérias, dois clássicos pelo menos: “Dorinha, Meu Amor”, de José Francisco de Freitas, criação de Mário Reis nos anos 30 e, também desse mesmo tempo, “Os Quindins de Yayá”, de Ary Barroso (gravou com Emilinha Borba), originalmente lançada por Carmem Miranda e Almirante.

Pelo programa do César desfilavam os grandes nomes da música popular, cartazes que disputavam o espaço, uma vez que o longo show dos vesperais dos sábados tinha o valor de um passaporte para a fama. Artistas formados em outras praças deixavam suas cidades para apresentações ali.

Isso acontecia com Luiz Bandeira (que saíra do Recife) e Luiz Cláudio (Belo Horizonte), um com nome feito na Rádio Jornal do Commercio, o outro com carreira luminosa na Inconfidência. Isaurinha Garcia, famosa em São Paulo, foi a primeira estrela da Paulicéia a se exibir no mesmo programa.

Até então, quem se destacava na ‘terra da garoa’ não tinha vez no Rio de Janeiro. Esther de Abreu, cantora portuguesa que nos anos 50 desembarcara na Cidade Maravilhosa para cumprir temporada no Copacabana Palace, resolvera fixar residência na Zona Sul do Rio, depois de muito sucesso naquelas audições comandadas pelo animador, que era proclamado o ‘Rei dos Auditórios’.

MEMÓRIA-2005
O “Novelas na Tarde”, que David Rangel lançara em maio na Globo, com Domício Costa, Aldenora Santos, Selma Lopes, Duda Spinoza e Vânia Rocha, não emplacara. Saía do ar na volta das férias do apresentador, no fim do ano.

Ainda naquela emissora, mas em julho, o “Enquanto a Bola não Rola” mudava de comando. Eraldo Leite substituía o Ronaldo Castro, que ficara entre os debatedores e, mais requisitado como terceira opção de comentarista.

A máxima do Chacrinha -- 'na TV e no rádio (...) tudo se copia’-- continuava persistindo. O “Encontro com a Notícia”, do Marcos Gomes, na Roquette Pinto, era reedição do “Encontro com a Imprensa”, do Sidney Rezende, na JB AM.

O jornalista Tárcio Santos também ingressava na Roquette, participando de um esportivo nos fins de tarde. Demitido da Nacional depois da revitalização, fora, entre outras coisas, editor do lendário “Repórter Esso”, fase derradeira.



quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Rádiomania, o Livro/26

ASCENÇÃO E OSTRACISMO (C-3)
O quadro que teve mais duração, entre a fase áurea e o ostracismo do César de Alencar, foi “Parada dos Maiorais”. Com ele, ficou assinalado um recorde no rádio, qual seja, a permanência por 40 anos de um mesmo patrocinador – Pastilhas Valda. É bem verdade que o “Parada dos Maiorais” dos últimos anos em nada parecia com o brilho daquele apresentado na década de 50, quando, em meio ao alarido do auditório, o animador apregoava: “E, atenção! Todos em continência. Está no ar o big show musical... “Parada dos Maiorais Valda”. E, o “Parada” foi sumindo, sumindo, assim como a euforia em torno do ‘êmulo do microfone’, segundo definição de Mister Eco ( jornalista Thor de Carvalho).

“Essa canção nasceu pra quem quiser cantar/Canta você, cantamos nós até cansar/É só bater e decorar/Pra memorar vou repetir o seu refrão/Prepare a mão, bate outra vez/Esse programa pertence a vocês...” (A letra, simples, era prefixo e sufixo do programa, uma canção americana adaptada por Haroldo Barbosa, e gravada pelo grupo vocal Quatro Ases e um Coringa. Quando a música descia, César, já no palco, saudava o auditório, sempre lotado, com um indefectível “Alô, alô, alô!” E vinham as frases que marcavam a abertura.

“No ar o Programa César de Alencar!... Seus prêmios, suas atrações, suas brincadeiras e a participação sempre simpática do auditório, sem a qual não poderíamos realizar nem a metade do nosso programa. Que o de hoje seja do seu inteiro agrado. São os nossos votos”. (Ele emendava). “E vamos ao que vende...” Sua ‘deixa’ para os comerciais, feitos ao vivo por uma dupla de locutores, primeiro William Mendonça e Meira Fiolho e, em outro período, Moacir Lopes e Marcos Durães. O programa ia das 3 horas da tarde às 7 horas da noite. Idealizado pelo animador, tinha a produção de Haroldo Barbosa, numa fase, depois Hélio do Soveral, que trabalhou com o César 15 anos. Quando a televisão deslanchava e começava a atropelar o rádio, o produtor era Fernando Lobo.

Um dos mitos da época da cultura de massa, o radialista viu seu nome consagrado nos auditórios e também proclamado pelas marchinhas de carnaval, a mais famosa delas, de autoria de Miguel Gustavo, um bem-sucedido produtor de jingles. A gravação, lançada em 1957 pelo palhaço Carequinha, foi um grande sucesso em disco, coisa que ele não conseguiria repetir em nenhum de seus lançamentos posteriores como cantor. Dizia a composição:
“Ela fã da Emilinha/Não sai do César de Alencar/Grita o nome do Cauby/E depois de desmaiar/Pega a Revista do Rádio/E começa a se abanar...”

O radialista aproveitava o seu imenso prestígio para outras investidas. Dotado de sensibilidade, gravaria vários discos como cantor, alguns para o chamado ‘meio-de-ano’, e outros para o carnaval, de que era um dos maiores incentivadores. No seu repertório foram incluídos sambas, sambas-choros, maxixes, baiões e, principalmente marchinhas, bem ao gosto do público. Nas músicas de ‘meio-de-ano’, poucas vezes ele aparecia sozinho. O número relativo de gravações que fez foi em dupla com Marlene, Emilinha Borba e Heleninha Costa.

MEMÓRIA-2005
A 1440, que se chamara AM O Dia e, depois Rádio Rio, era rebatizada no limiar do ano como Rádio Livre. Sublocava horários, como a Carioca e Bandeirantes.

O “Boa Tarde Globo”, com Francisco Barbosa, sofria modificações a partir de segunda-feira, 17 de janeiro. Novos quadros ampliavam a participação do público.

Retirado do ar durante as obras de revitalização da Nacional, “No Mundo da Bola” ressurgia. Formava com o “Patrulha da Cidade”, da Tupi, os dois mais antigos.

A parceria ONG Viva Rio com o Sistema Globo chegava ao fim em março, depois de dois anos. Parava de operar a rádio homônima, que atendia à comunidade.


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Ouvindo as ondas

OS (DES)AJUSTES NA GRADE
Os sábados na Tupi são dias de recompensa para o Clóvis Monteiro e Francisco Barbosa. Eles recuperam as horas que lhes foram tiradas em maio, para que se acomodassem os novos contratados – Antônio Carlos e o Garotinho nº 2.

Com isso, aquela correria que “o motivador do Brasil” anda fazendo no seu programa diário tem um ‘refresco’. Há tempo para a apresentação de quadros habituais sem atropelo. No dia 11, porém, tais vantagens de nada valeram.

PISADA DE BOLA
Baixou o nível. O Clóvis (quem diria!) pisou feio na bola do mau gosto, com uma ‘aula’ indigna do homem que discorre sobre ‘o Poder da Comunicação”. Parecia um ‘craque’ entrando no Maracanã pela primeira vez.Explicamos em seguida.

Disse ele textualmente: “As mulheres que quiserem ir para o motel com o Cyro Neves, eu pago” (sic). Num programa sério, registrando boa audiência, um profissional categorizado se expressar assim, é muito mais do que lamentável.

Estaria ele querendo trocar de posto com o Mário Belisário na “Patrulha da Cidade”, ou igualar-se ao “romeiro de Aparecida” na sua porção-comentarista de acontecimentos grotescos, contraponto à fidelidade de anciãs religiosas?

Repetir que o país está em crise econômica e os veículos, idem – é o mesmo que chover no molhado. A observação remonta ao espantoso número de radialistas sem emprego a partir de 2015. ‘A grande voz do Rio’ surtou naquele dia.

COM ESPÍRITAS
Voltada para um público muito especial, praticantes da doutrina de Alan Kardec, a Rádio Rio de Janeiro é uma das menores audiência na Capital e interior, segundo pesquisas do Ibope. Duas vozes, porém, destacam-se entre os anunciadores.

São elas, do Luiz Nascimento (com passagens pela JB AM, Tupi e Globo alternadamente) e o Cláudio Ferreira, de longa quilometragem pelos prefixos cariocas. Na sua trajetória, Tropical, Roquete Pinto, Manchete e Rádio Livre.

Administrada pela Federação Espírita do Estado, a rádio tem ouvintes cativos. Embora pequeno, o índice de sintonizadores não chega a ser ruim. Seu grande problema é atrair anunciantes. A sobrevivência deve-se às doações dos fiéis.
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HORAFINAL.COM
“O mundo é dos espertos”, declarou Renato Gaúcho à Nacional sobre os drones nos treinos do Lanús. O locutor André Luiz Mendes rebateu, comentando: “Têm muitos espertos na cadeia”. O mundo, ele frisou, é dos inteligentes e honestos.

HORAFINAL DOIS
Quem ouvia jogos de futebol na Transamérica-Rio entre 2012 e 2014, certamente se lembra do Alexandre Chalita. Era um dos titulares da equipe. Sobrou com a mudança de comando. Chalita, hoje, está na Rádio Mania. É o principal nome.


sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Rádiomania, o Livro/25

ASCENÇÃO E OSTRACISMO (C-2)
Foram muitos os slogans que César de Alencar criou para os artistas da época. Emilinha Borba, a estrela maior, ‘a minha, a sua, a nossa favorita’; sua rival Marlene, ‘ela que canta e samba diferente’. Blecaute (no registro civil, Otávio Henrique de Oliveira), que se notabilizara cantando músicas de carnaval – “Pedreiro Valdemar”, “Maria Candelária”, “Maria Escandalosa” e muitas outras – virou o ‘General da Banda’, depois de estrondoso sucesso com a batucada do mesmo nome. Também cantor de ‘meio-de-ano’, César de Alencar assim o anunciava: “Monsieur Otávio Henrique du Blecaute”!... Ele se trajava com a elegância de fazer inveja a um príncipe de Gales.

Jorge Veiga, ‘o caricaturista do samba’, foi batizado por Paulo Gracindo, não pelo César, conforme já se publicou equivocadamente. As suas apresentações no programa do “Cavalete” eram tão constantes, que alguns atribuíam ao César de Alencar, a autoria do slogan. Jorge Veiga, que o animador anunciava “Vemveiga”, devido à sua voz fanhosa, detinha o título de aviador honorário e, em suas participações, saudava a categoria: “Alô, alô aviadores que cruzam os céus do Brasil. Aqui fala Jorge Veiga diretamente da Rádio Nacional. Senhores comandantes, queiram dar os seus prefixos para guia e segurança de nossas aeronaves. E, boa viagem!”

Déo, um cantor muito conceituado, tinha por slogan, ‘três letras que formam o sucesso’; e João Dias (herdeiro musical de Francisco Alves) – ‘o cantor dos 400 quilômetros’, pelo fato de viajar todos os sábados de São Paulo, onde era contratado da Record, especialmente para se apresentar no programa do radialista. A cantora Olivinha Carvalho, que se dedicava à música portuguesa, também era atração permanente daquelas tardes. César a anunciava como ‘a brasileira de repertório luso’; Ademilde Fonseca ele chamava de “Lolomilde”, por sua semelhança, em matéria de busto, com Gina Lolobrígida, estrela do cinema italiano. Já o Francisco Carlos, muito cortejado pelas fãzocas, era “El Broto”; Bob Nelson, que se vestia à moda dos vaqueiros americanos, cantando músicas típicas, ‘o caubói brasileiro’; Ruy Rey, especialista em boleros, chamado sempre: “de las Américas para o Brasil...’

A par de sua criatividade, um dos méritos do César fora a organização do seu programa. Isso representava um verdadeiro marco no rádio, coisa com que ninguém se preocupava até então. De um modo geral, os programas iam para o ar na base da improvisação, sem uma ordem pré-determinada. Ele, no entanto, sabia improvisar diante de qualquer situação e, em tempo algum se limitava ao script. Criava quadros que apresentava de uma ordem seqüencial e, intermediando cada um, com duração de 25 minutos, mostrava os de cinco apenas, classificados de interprogramas.

Alguns desses quadros eram “O Sucesso de Amanhâ”, “O Cartaz da Semana”, “O Carnaval que eu não Brinquei”, “Campeonato Internacional de Música Popular”, “Campeonato de Cantores Novos”, “A Melhor de Três”, “Rádio Revista Lever” e “Qual é a Música” – este, muitos anos depois copiado por Sílvio Santos, que se apossou não só do título, mas também de sua estrutura, adaptando-o para a linguagem televisiva. O menos ruim nessa história, é que certa vez, na presença de um grupo de artistas renomados, Sílvio se confessara um incondicional admirador do radialista. E essa admiração, segundo ele, vinha do tempo em que atuara na emissora da Praça Mauá.

MEMÓRIA-2004
Próxima de celebrar um ano de sua nova programação vespertina, a Globo investia em outro projeto. Lançava em 3 de maio, uma segunda-feira, o Globomóvel, pilotado pelo comunicador Francisco Carioca.
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Em agosto, dia 16, Luiz Nascimento retornava à emissora dos Marinho, nas edições matinais dos noticiários de "O Globo no Ar", aapresentados nas chamadas horas cheias. Substituía o Carlos Bianchini, que tinha voltado em 2003.

E, no dia 23 daquele mês, José Carlos Cataldi, que havia trocado a CBN pela Nacional, onde atuava como apresentador e diretor, era demitido. Sua alternativa foi mudar-se para a emergente AM 1440, comandando o “Nação Brasil”.


sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Ouvindo as ondas

NO DESMONTE, A MUDANÇA
O que em maioria era popular a Globo desmontou. Ao adotar uma plástica diferente escorando-se em astros televisivos, mudou de gênero. Perdeu mais audiência do que ganhou. Recente pesquisa diz ser ela a 6ª entre as FMs no Rio.

Como parte dessa desmontagem, a empresa demitiu no início de outubro (dia 9), o comunicador David Rangel, um dos últimos remanescentes da ‘Velha’. Estava fazendo na batizada Nova Rádio o ‘Sambadasso’, aos sábados, das 11 ás 13h.

Do mesmo nível profissional resta somente o Roberto Canázio, aos domingos com a “Revista da Rádio Globo”, resumo das atrações apresentadas durante a semana. (Fica no ar a pergunta: Até quando vão garantir a permanência dele? )

Pouco depois da demissão do David, o SGR deu xeque-mate no Fernando Molica, âncora do “CBN Rio”, e dispensou ainda, o Júlio Lubianco, gerente de jornalismo. Pioneira no segmento, distancia-se da Bandnews, sua concorrente.

A crise econômica no país provocou a partir de abril de 2015 (dois anos e meio) baixas fenomenais nos setores de comunicação, sendo o veículo rádio o mais afetado. As duas mais importantes descartaram-se de valores reconhecidos.

À REBOQUE
E, na ‘nova Rádio Nacional’, o Rio foi positivamente colocado em plano secundário. Nunca antes a estatal funcionou em tão descarado regime de ‘chapa branca’. O jornalismo ali praticado atualmente, a maior prova desta situação.

No “Tarde Nacional’, por exemplo (das 13 às 17h), as informações em rede são apresentadas por Márcia Dias (de Brasília), Dáurea Gramático ( Rio) e Anchieta Filho (SP). As últimas e as regionais só entram acionadas pelos âncoras da base.

A MEC, braço da EBC no Rio deixou, recentemente, de ter jornalismo próprio. Por medida de economia, as notícias que ela transmite têm na vinheta a ‘assinatura’ da Nacional. A novata Alpha FM não esconde a parceria com a Bandenews.

ESVAZIAMENTO
Não foi só o jornalismo da EBC no Rio que sofreu cortes. O esportivo da Nacional também incursionou pela caminho do esvaziamento, reduzindo seu campo. A rádio parou de transmitir jogos do Brasileiro, caso do Botafogo e Corinthians.

Enquanto o marrador Ricardo Mazella dava plantão naquele dia, a emissora apresentava o “Sintonia Nacional’, um musical variado em rede. Diante de um monitor de TV nos estúdios da Gomes Freire, Lapa, ele relatava alguns lances.

REINTEGRAÇÃO
Da nova geração do rádio esportivo, Vinício Gama foi reintegrado à equipe da Tupi. Sua volta ocorreu na transmissão da partida entre o Botafogo e o Corinthians, pela 30ª rodada do Brasileiro. Integrou o pacote de junho em 2015.

Assim como outros valores da casa (incluindo o Jota Santiago, que retornou há um mês), Vinício esteve na Bradesco Esportes FM numa temporada curta. A rádio com nome de banco, que já tinha um prazo de validade, fechou em duas praças.

ARENA ENCOLHIDA
Com a desistência do parceiro comercial, a Transamérica FM (102,1) encolheu. Lá ficaram o narrador Bruno Cantarelli, comentarista Bruno Azevedo, e o repórter Lucas Machado. O seu “Arena...” tem agora mais músicas do que notícias.

Circurlaram rumores de que o Luiz Penido estaria insatisfeito com a condição que lhe impuseram na Globo e, na iminência de fechar com o Eder Luís seu ingresso na Transamérica. Ele desmentiu. O contrato com o SGR próximo de terminar.
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HORAFINAL.COM
Cinco meses depois de serem implantadas modificações radicais na sua emissora-matriz, o SGR mudou mais uma vez o gerente artístico. Jonas Villandez, que veio da BH FM assumiu na sexta (27) a coordenação no Rio e São Paulo.

HORAFINAL DOIS
Este mês a FM O Dia (vice líder em audiência) comemora 20 anos de fundação. Uma série de festividades celebrará o evento. A de mais impacto – anunciam -- será “A Maior Roda de Samba do Mundo”, na sexta (10), na União da Ilha.


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Rádiomania, o Livro/24

ASCENÇÃO E OSTRACISMO (C-1)
Noite no Rio, 14 de janeiro de 1990. Morre de insuficiência respiratória no Hospital Geral da Lagoa, o radialista César de Alencar. Inconformados, os poucos amigos que ele ainda cultivava garantiriam que ele não morrera. Fora trabalhar na Rádio Céu, da qual recebera uma proposta irrecusável – ou melhor – se tornara dono da concessão, sem a necessidade de conchavo político. Ele passava a administrar essa imaginária rádio, da mesma forma que gerenciava a originalíssima “Turma da Comunicação”, passos iniciais da interatividade com o ouvinte.

Nascido na Rua Major Facundo, em Fortaleza, decantada capital do Ceará, César viera para o Rio muito cedo, aos quatro anos de idade. Segundo Aurélio de Andrade, um dos fundadores da Rádio Nacional, ele trabalhava como vendedor de material de construção quando se deu o encontro com Renato Murce, na época diretor artístico da Rádio Clube do Brasil. A emissora era uma alternativa para os ouvintes acostumados a sintonizarem Nacional, Mayrink Veiga e Tupi.

“Murce, um caçador de talentos, logo percebera no moço o potencial que o grande público viria um dia a conhecer, inclusive, idolatrar”, acentuava Aurélio. “Ele ficou vivamente impressionado com a voz e o desempenho do jovem que lhe fora oferecer dos produtos que vendia, e o convenceu a fazer um teste. Aprovado de imediato, César foi integrado ao cast da Rádio Clube. Ganhara um programa das 7 às 8 horas e um salário de 250 mil réis mensais. A performance dele era tão boa, que a direção dobrara seus vencimentos em pouco tempo”.

A entrada na Rádio Nacional, no entanto, só aconteceria seis anos depois de sua estreia no veículo – ainda revelaria Aurélio de Andrade no mesmo depoimento. Corria o ano de 1945, quando ele passou a dar nome ao programa que provocaria uma revolução na radiofonia brasileira. Antes de se tornar famoso, César apareceria em diversos horários da estação, como por exemplo, anunciar “Um Milhão de Melodias”, ao lado de Reinaldo Costa, ou fazer ‘ponte’ para Paulo Roberto, produtor e apresentador de “Gente que Brilha” e, animar a “Hora do Pato”, nas eventuais ausências de Jorge Curi, escalado para os jogos de futebol.

De espírito folgazão e muito criativo, César ironizava a si próprio pela orelha avantajada. Coadjuvantes nessa gozação, alguns de seus companheiros o chamavam de ‘Orelha’ (ou ‘Orelha de Abano’) e de ‘Cavalete’, por sua magreza. Ele, por sua vez, arranjava apelidos para todo mundo. O Afrânio Rodrigues era ‘Chão de Garagem’ ou ‘Glostora’, porque andava com os cabelos emplastados de brilhantina; Jorge Curi, homem grandalhão, ‘Engradado de Girafa’; Jair Lemos, de geração posterior, ‘Cara de Pedra’. Se algum conterrâneo se apresentava em seu programa, ele dizia que fulano veio “dos Estados Unidos do Ceará...”

MEMÓRIA-2003
Ana Davis lançava na Carioca em setembro, “Mundo Encantado”, às tardes. Mudava para a Bandeirantes em outubro, com “Rio a Mil por Hora”, nas manhãs..

Mais conhecido repórter policial do rádio, Alberto Brandão estreava na Tupi em 17 de novembro. Construíra carreira na Globo, de janeiro de 1985 a maio de 2001.

Ainda em novembro, o “Musishow” do Cirilo Reis completava 23 anos pelas ondas da Nacional. De semanal à noite, tornava-se vespertino diário, com início às 5h.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Ouvindo as ondas

MELODIA É LIDER ENTRE AS FMS
Uma pesquisa da Kantal Ibope Média encomendada pelo site Tudo Rádio revelou na segunda (9), que no penúltimo trimestre do ano (julho, agosto, setembro) a Melodia (97,5) é a líder de audiência no Rio entre as dez FMs preferidas.

A vice-líder é O Dia (100,5),em terceira posição Tupi (96,5), quarta a JB (99,9) e quinta a Mix (102,1). A Globo (98,1) é sexta; Mania (102,9) sétima; SulAmérica Paradiso (95,7) oitava; Fanática (104,5) nona; e Bandnews (90,3), décima.

GOSPEL
Avancemos nos itens que ficaram à margem. Dedicada à música gospel, ‘a rádio do povo de Deus’ tem os programas “Disk M”, “Tarde Maior” e “A Grande Parada”. Entre seus comunicadores, Edinho Lobo, Debora Lyra e Gustavo de Moraes.

ALEGRIA
Fundada em 1997 (onze anos depois daquela), O Dia tem por slogan, ‘Alegria que irradia’. Toca Música popular. Alguns programas: “Quebra Tudo” e “Só as Melhores”. Paulinho Altunian, Dedé Galvão e Kelly Jorge, principais locutores.

‘DANADA’
Com o tripé entretenimento/jornalismo/esportes, a Tupi mira no público maduro. Alterna os bordões ‘#Partiu Tupi” e ‘Danada de Boa’. Entre seus campeões estão o Antônio Carlos, o Clóvis Monteiro ,Washington Rodrigues e José Carlos Araújo.

PIONEIRA
Uma das pioneiras (surgiu em 1973), a JB mantém como slogan o ‘música e informação'. Na grade “Agenda Cultural”, “JB do Brasil” e “Couvert Artístico”. Alguns de seus locutores: Alexandre Tavares, Iseumar Pereira e José Milson.

TODA POP
“Agora o Bicho Vai Pegar”, “Rastafari” e “Toca Pro Face”; Diego Bruno, Gisele Souza e Fabricio Lopes – são destaques entre programas e locutores da Mix. Playlist pop. Bordão, `Juntos no melhor...`Na faixa da Imprensa desde 2004..

TENTATIVA
Reinventar o veiculo, uma tentativa do SGR com a Nova Globo. Do popular restou o futebol. O brilho de suas estrelas foi ofuscado pelos astros da TV, que se alinharam no musical e no entretenimento dirigido a um publico `bom de orelha.`

NOVA MANIA
O horizonte da Mania, que ficou no lugar da Cidade, é também musical. Destacam-se o “Love Samba” e “Universidade do Samba”. Marcus Marinho, Fabiano Melo e Jairo Roberto, os seus apresentadores mais conhecidos.

TEM CHARME
Embora seja dos fins de semana, “Samba Social Clube” é dos mais prestigiados da SulAmerica Paradiso. Outros cartazes: “Clássico Charme” e “Hora do Blush”. Pontificam as comunicadoras Valéria Marques, Gláucia Araújo e Kelly Muniz.

‘QUE LOUCURA’
Novata,a Fanática explora oa sucessos musicais. O marketing apregoa que ela é ‘Louca por você’. Entre os locutores, Ricardo Gama, Cláudia Jones e André Ricardo. Na programação, destacam-se “As Mais”, “Vale Night” e o “Estravasa”.

SÓ DE NOTÍCIA
Bandnews, entre as informativas, a de melhor Ibope. Programas: “Jornal da Bandnews”, “Bandnews no Meio-Dia” e “Alta Frequência”. Estrela maior, Ricardo Boechat. Brilham, ainda, Mário Dias Ferreira, Sandro Badaró e Carla Brigato.
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HORAFINAL.COM
O FM da Tupi, uma das pioneiras, apareceu nos primórdios dos anos 70, engrossando o patrimônio dos Diários Associados, rede da qual o AM data de 1935. Chegou a ser utilizado pela Nativa, antes de unificarem a programação.

HORAFINAL DOIS
Na sua antiga concorrente (cujo AM foi criado em 1944), a frequência moderna passou para a CBN. Há dois anos, ao devolver o canal que arrendara de emissora paulista, a Globo pegou o que pertencera à 98, inexoravelmente extinta.

HORAFINAL TRÊS
A hoje denominada Fanática já se chamou Tropical, reduto de sambistas, mas também voltada ao esporte. Revelou valores e abrigou luminares do ramo. Viveria fase distinta, com o nome de Família (evangélica) e, posteriormente, Top Rio.









sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Radiomania, o Livro/23

MÉDIAS E MODULADAS (B-9)
Da experiência inaugural de Edgard Roquette Pinto no distante 1922 aos dias atuais, o veículo conheceria vários processos de transformação. Dentre eles, a utilização do satélite pelo FM, possibilitando o sistema de rede. Assim, ficaria superado, de longe, o limite teórico dos 100 quilômetros quadrados estabelecido.

Com os novos recursos, a Transamérica saía na dianteira. Acionava em horários pré-fixados as co-irmãs de São Paulo, Brasília, Recife, Salvador e Curitiba e mais 30 emissoras espalhadas por diversos estados brasileiros. A audiência nesse novo modelo era estimada em oito milhões de ouvintes, enquanto anteriormente, nos horários de maior pique, a Transamérica-Rio, por exemplo, alcançava em média 70 mil ouvintes por minuto. A Cidade, no Rio, Bandeirantes e Metropolitana em São Paulo, aderiam.

Privatizada no governo Sarney, a Nacional FM (100,5) virava RPC – a futuramente O Dia FM. Logo depois, a Nacional ressurgiria a faixa dos 93,3 ficando no ar em pouco tempo. Em 1992, com uma programação 60 por cento sertaneja, sob o coordenação de José Messias (1928-2015) sua concessão foi transferida para um deputado (também pastor protestante), ganhando a denominação de El Shadai.

Caberia ao mesmo radialista, em 1986, a implantação da Melodia (97,5), nascida em Petrópolis, de orientação religiosa, que se mudaria para o Rio, instalando seus estúdios na Vila da Penha. Ele seria, ainda, proprietário de FMs na Região dos Lagos – a Serra e Mar, em Saquarema, e a Costa do Sol, em Araruama.
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MEMÓRIA-2002
A menos de duas semanas demitido da Record, – que desempregara outros da equipe, o comunicador Paulo Barboza era contratado pela América, onde estreava no final de setembro.

Âncora do “CBN Total”, um vespertino de São Paulo, Maria Lídia era, no início de outubro, dispensada pelo SGR, que alegava ‘contenção de despesas’. Adalberto Pioto, assumia o lugar.

Marcus Aurélio, apresentador do programa no Rio (de 2 às 5h) para outras redes, recebia nova missão na casa. Passava a comandar na segunda (7), o “Quintal da Globo”, às 8h da noite.

Em novembro, a poderosa empresa ‘agraciava’ seus contratados de forma inusitada. Reduzia em 30 por cento os salários de comunicadores e âncoras, e afastava os que protestavam.


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Ouvindo as ondas

NACIONAL PERDE NO RIO
A Nacional do Rio perdeu, na nova grade que a EBC implantou em junho, substancioso espaço de sua programação. O que já fora reduzido em administrações passadas, sofreu mais cortes. É de Brasília o comando geral.

Mal parafraseando um personagem de Machado de Assis: para a Capital Federal, os brioches; para o Rio de Janeiro, as migalhas. O bordão ‘Do jeito que você gosta” cedeu, em conseqüência, lugar ao “Nacional, aqui tudo é informação.”

Pontificam atualmente em suas atrações as notícias do Planalto, complementadas por flashes regionais da Amazônia, Alto Solimões, Rio Branco e São Paulo. Pelo visto (ouvido), a tendência é tornar-se uma “Voz do Brasil” o dia inteiro.


NÍVEL BAIXO
“Doze times jogam no Brasileiro para não cair. O campeonato está nivelado por baixo”. Essas afirmações foram feitas na segunda (2) pelo repórter André Rizek, que participa do “Redação Esporte”, quadro apresentado na Nova Rádio Globo.


PODE PIORAR
Ano que vem, espremido pela Copa do Mundo, vaticinou,vai ser pior. Baseado na TV, ele troca figurinhas com Edson Mauro, que comenta as novidades do futebol no transcurso do “Café das 6”, com Fernando Ceilão e Mariliz Pereira Jorge.


O LIMITADO
Comentarista esportivo dos mais acreditados, Mário Silva assegurava naquela manhã, no “Visão de Jogo” pela MEC AM, que o time do Vasco é limitado, e depende muito de Nenê. Décimo colocado corre sério risco de rebaixamento.


SEM MOLEJO
Remanescente da (digamos) Velha Globo, David Rangel está aos sábados, das 11 às 13h com o “Sambadasso”. Seleção primorosa, mas falta molejo. O formato não seduz, não há inovação, contrariando a elaborada proposta dos cardeais.

ANUNCIADOR
Relegado à condição de mero anunciador de ótimos sambas, descreve os perfis de alguns intérpretes. Desperdício. Desconcertante um comunicador versátil só dizer “música de sicrano, com beltrano”, e, “agora, fulano canta de sua autoria...”


O VENTO BOM
Enquanto isso, o “Samba Social Clube”, da Valéria Marques, na SulAmérica Paradiso a partir de fevereiro, vai de vento em popa. Nascido na extinta MPB FM (que fechou em janeiro) é transmitido aos sábados e domingos, das 12 às 14h.


DE CAMAROTE
Nele uma grande sacada – o “Camarote”, com o Carlinhos de Jesus. O cantor e compositor Zé Luiz, da Império, tema do “TempoÊ”, documentário de Aida Barros, esteve por lá dia 30. Parceiro, entre outros, de Nei Lopes e Nelson Sargento.


UM PRIVILÉGIO
Na Tupi, desde maio em posição privilegiada entre as populares, o sábado também é dia samba. Isso ocorre quando não tem jornadas de futebol. Sambistas, preferencialmente os das escolas, batem papo com o Marcus Vinícius.


BOLA NO SAMBA
O programa em tela é “Show de Bola”, que caiu no colo do Mister Bean, quando a rádio dispensou o Eugênio Leal. Não havendo jogo, ele avança no horário que era do Luizinho Campos, obrigado, por circunstâncias, a cancelar o “Cia do Riso”.

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HORAFINAL.COM
Radicado em São Paulo, o jornalista Anchieta Filho estreou na Rádio Nacional esta semana. Veterano, é um novo componente na equipe de âncoras formada pela EBC, e foi entrevistado por Válter Lima, na “Revista Brasil”, segunda-feira.


HORAFINAL DOIS
Na terça, ao convocar o Adalberto Pioto no “Tarde Nacional”, Anchieta deixou, por descuido ou nervosismo, escapar isso: ‘Outro destaque que você tem a destacar’ (sic). Não é particularidade dos novatos. Acontece com os experimentados.






sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Rádiomania, o Livro/22

MÉDIAS E MODULADAS (B-8)
Na década de 70, o rádio ganharia um forte concorrente – o FM, sinônimo de som puro e estéreo. O avanço tecnológico, porém, se daria devagarinho. Segundo Fernando Veiga, diretor-superintendente do Sistema de Rádio Jornal do Brasil até meados de 1990, a modalidade viria suprir uma lacuna nas transmissões em AM. O desenvolvimento do FM, explicaria ele, começara na América e, no início, era visto com indiferença pelo empresariado.

Segundo ainda seu depoimento, a implantação da Cidade FM fora revolucionária, pois, ela descortinava o caminho do comunicador e das paradas de sucesso, com o modelo de se falar pouco. O rádio passara a ser feito por profissionais jovens, que se dedicavam inteiramente a essa faixa de público. A primeira emissora de FM no Brasil foi a Imprensa, no Rio, que adotava, no final dos aos 60, o processo de música ambiente, sem a participação de locutor. No princípio, alguns chamavam o negócio de “música de elevador”, ou “música de consultório”, serviço oferecido aos condomínios por assinatura.

O FM da JB surgiria em 1970, o da Globo em 1972 e, depois o da Tupi. Daí se registrariam uma sucessão no gênero. À Globo coubera o pioneirismo em estereofonia. Com o advento da Cidade, do Sistema JB, uma grande guinada no segmento. Isso aconteceria em 1977, quando a emissora sacudira o meio com a sua linguagem coloquial, lançando um estilo que faria escola, base do slogan criado por Eládio Sandoval, da equipe de locutores onde sobressaíam Fernando Mansur, Ivan Romero e Cléver Pereira.

Também nos anos 70, apareciam em São Paulo as novidades em FM. A primeira foi a Bandeirantes, mantendo uma programação voltada para os temas nacionais e internacionais, não explorando somente o sucesso. De acordo com Otávio Ceschi Júnior, produtor e comunicador, até de programas sertanejos se cogitava. Uma antevisão do que a 105 viria a fazer em 1991, o que lhe servira para desbancar os nove anos de liderança da 98.

MEMÓRIA-2002
Fevereiro chegava e, com ele, o carnaval. Através do seu “Comando Geral” a Globo abria, pela primeira vez, espaço para as escolas de samba de São Paulo, mobilizando comunicadores e repórteres na cobertura dos desfiles no Morumbi.

Depois de uma temporada na Tupi, Juçara Carioca voltava à Globo no comando da “Revista do Sábado”. O programa tinha saído do ar com a demissão da Ana Flores, e era reeditado a partir daquele mês, em novo formato e horário.

Em março, o rádio perdia Hélio Thys, um seus mais talentosos profissionais, escritor, roteirista de cinema e professor universitário. Criador de “A Vida é Assim”, na Tupi, ele atuaria na Globo, Mayrink Veiga e Jornal do Brasil.

Rony Magrini, um dos maiores salários do rádio, era dispensado da equipe de comunicadores da Globo paulista, ainda em março. No Rio, a empresa também dispensava o locutor, repórter e produtor Luiz Carlos Silva – o Lula --, do esporte.

A Capital de São Paulo duplicava o espaço do Paulo Lopes, em abril, avançando no horário antes ocupado por Sônia Abrão, que trocava o rádio pela TV. Ela aceitava proposta para fazer um programa na emissora do Sílvio Santos.
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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Ouvindo as ondas

POPULAR, O GRANDE NEGÓCIO
...E, agora, é a vez do signo de gêmeos. Eu sou um geminiano – dizia o Antônio Carlos anunciando na quarta (20), o horóscopo do seu programa na Tupi. Geminiano não suporta a rotina – respondia a astróloga Zora Yonara.

Colaboradora do apresentador, é uma dentre os que o acompanharam na mudança de emissora há cinco meses. ‘Tá’ mais do que explicado. O show que passou 30 anos na Globo, de volta à rádio onde iniciara, continua líder.

A descrição que Zora fez sobre o signo do seu patrono, desmente a linha que o programa segue. Esse argumento figura na lista de tudo que se ouve num roteiro estático, imexível. Se ela (a astróloga) refere-se aos nativos de Leão, por exemplo, automaticamente o comunicador adverte: “Leoninos atentos”.

Reunindo um time de profissionais de que a ‘outra’ se descartou, o programa conta com as participações de Juçara Carioca, Aldenora Santos, Karla de Luca e Ricardo Campello. Grande negócio popular, embora reconhecida mesmice.

E, pelo andar do metrô, dificilmente os cardeais da Rua do Russel, que abriram mão da concorrência na mesma faixa, vão reverter os índices de audiência. A propalada ‘reinvenção' custará caro. Nada fácil mudar o hábito do público.


QUEM NÃO GOSTA...
“O futebol é a minha cachaça”, afirmava Vandelerlei Luxemburgo, na véspera da partida do Sport com o Flamengo, pelo Brasileiro. A de muita gente, com certeza. A de nós outros, de forma diferente, pois nos concentramos no quesito sintonia.

Por isso mesmo, não vemos como escapar das expressões (pra lá de surradas) , um linguajar próprio, sem dúvida, dos narradores, comentaristas e repórteres de rádio. O vocabulário praticado é um verdadeiro manancial para pesquisadores.

Do interminável festival, há 'trocentos' anos carente de renovação, não faltam: ‘perdeu um gol feito’; ‘perdeu uma chance de ouro’; ‘abriu a porteira’; ‘fechou o caixão’; ‘e, o goleiro não pode fazer nada’; ‘eu vi essa bola lá dentro, cara’; etc.

Na quarta (6), quando o Flamengo – ei-lo de novo – enfrentava o Cruzeiro pela Copa do Brasil, Álvaro Oliveira Filho, na CBN, saiu-se com essa: “Jogadores que jogam preparando a jogada”. Surpreendente: ele está no rol dos melhores.

SEGUNDA VOZ OFICIAL
Uma das agradáveis exceções no rádio contemporâneo – já dissemos em outras postagens – é o “Todas as Vozes”, do Marcus Aurélio, na MEC AM, de manhã (de 7 às 10h). Na segunda (18), a jornalista Rose Esquenazi lá estava novamente.

Tinha localizado e levou ao estúdio, o Fernando César, 83, que foi sucessor de Vitório Gutemberg (1933-2004),como voz oficial do Maracanã, com aquela frase histórica: “A Suderj informa...” Eles eram contratados da Mayrink Veiga.

Gutemberg,mais antigo, passou pela emissora no tempo do Isaac Zaltman e Jair de Taumaturgo, como disc-jockey. Fernando César (na verdade Fernando Tostes), foi um dos titulares do “Grande Jornal Fluminense”, editado em Niterói.

FC tinha outra atribuição naquela rádio -- selecionar os calouros do programa “PRE-Neno”, patrocinado por uma rede de eletrodomésticos da cidade de lá. Anunciando no então “maior do mundo”, ele trabalhou no período de 1967 a 1982.

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A brilhante Rose não disse (ou esqueceu de perguntar) um detalhe importante sobre o matinal programa de calouros que o Fernando mencionou. Quem o apresentava? O Marcus, também professor e pesquisador, ficou devendo a informação aos interessados. O “PRE-Neno” era comandado por José Messias (1928-2015), que faria carreira na Rádio Nacional, das diversas no Rio.

HORAFINAL DOIS
Em edição recente do “Todas as Vozes”, o Paulo Francisco, colaborador de “O Rádio Faz História”, assegurava que Adelzon Alves inaugurou, em 1978,a madrugada na Globo. As rádios do Rio fechavam às 11 da noite e só voltavam às 5h da manhã. Segundo Ruy Castro no livro “A Noite do Meu Bem”, naquele horário em 1954, já existia na rádio, a “Reportagem Social”, com o Ibrahim Sued.




sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Ouvindo as ondas

FM ‘DERRUBA’ SEU FUNDADOR
Uma das medidas de Fernando Ribeiro novo diretor da Roquette Pinto FM (ele substituiu Eliana Caruso que comandou a emissora durante oito anos), foi trocar o nome original da estação pelo de sua freqüência -- ’94 FM, a rádio do Rio”.
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Arquivado o bordão “a diferença está na música”, já ocupam a grade em processo de reestruturação, entre demais novidades, “A Barca do Som”, “Pop Arte” e “Cidade do Samba”, este apresentado por João Estevam na extinta Manchete.

Não é a primeira vez que isso acontece. Em 2004, quando a rádio contratou profissionais na tentativa de competir com as populares, também passara a utilizar o recurso. Um núcleo esportivo tinha o Ricardo Mazella na liderança.


A RETOMADA
Fundada como Rádio Escola Municipal em 1934, a emissora cairia no controle do Estado da Guanabara em 1960, com a transferência da capital. Seria desativada por sete anos, devido ao roubo de seus transmissores. Normalizada em 2007.

Crítico de música e radialista, entre outras atividades, Artur da Távola (1936-2008) plantou a semente que tornaria a Roquette Pinto a melhor referência para a classe dos intelectuais e a elite do Rio, outrora (decantada) Cidade Maravilhosa.


OS PRECEDENTES
Tradicionalmente, esse requisito não se traduz em audiência. O retrospecto não oferece recomendáveis precedentes. Antes da fusão de programas do AM com o FM, que ocorreria com a perda de ouvintes, a Tupi fez a experiência no setor.

Adotara por nome o 96 FM, (do 96,5) e colocava como promocional “O Amor do Rio”, mais tarde propagado pela Nativa. A extensão desse braço no condomínio Associado teve a Antena 1 por moeda,com a devolução de uma e outra fechada.


O QUE FOI SUCESSO
Nascida Eldorado em 1971 e transformada em Eldopop dois anos depois, a 98 FM foi a rádio com nome da freqüência que maior sucesso obteve na era contemporânea. Nada menos que 20 anos. Morreria em 2014,denominada Beat.

O último suspiro, no entanto, se daria no verão do ano seguinte, nas ondas da internet. Os cardeais do Sistema Globo batizaram-na de Radiobeat, após serem obrigados apropriar-se do prefixo para servir à principal da empresa -- sua matriz.

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HORAFINAL.COM
Bem sucedida na utilização do modelo, esteve bastante próxima da 98, apenas a 105 FM. Durante dois anos (1989 e 1990) ela ostentava a vice-liderança no Ibope. Participavam da equipe Fernando Mansur, Mário Belizário, Robson Castro, Antônio Leal e Oduvaldo Silva, entre outros. Ao mudar de dono, virou Aleluia.

HORAFINAL DOIS
Um grande façanha conseguira a 105 FM, durante boa parte de 1991. Reunindo luminares da comunicação moderna, tirava da 98 FM sua privilegiada posição. A emissora do SGR ficara nada menos que nove anos em primeiro lugar no Rio.





quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Rádiomania, o Livro/21

MÉDIAS E MODULADAS (B-7)
Os novos rumos do rádio se descortinariam na década de 40. Vieram os filões, e a radionovela que se popularizaria rapidamente. Seu antecedente ocorrera na Record – as peças completas de 50 minutos de duração, sob o título geral de “Teatro Manuel Durães”. O gênero, na Mayrink Veiga, chamava-se “Teatro Pelos Ares”, dirigido por Cordélia Ferreira. Em São Paulo, o sucesso das novelas obrigava a utilização de uma viatura dos Correios para o transporte de cartas destinadas aos atores. Oldemar Ciglioni, Ênio Rocha, Arlete Montenegro, Nilva Aguiar e Walter Forster, entre outros, provocavam suspiros das domésticas.

No Rio, nos anos 50, a Nacional chegava a ter 16 novelas em cartaz. De “Em Busca da Felicidade” a “o Direito de Nascer” -- quase dois anos no ar. Paralelo a isso, havia os seriados de aventura. “O Anjo” interpretado por Álvaro Aguiar, mesma Nacional, em capítulos de 10 minutos. Companheiro dele, o “Metralha”, vivido por Osvaldo Elias, que ainda personificava o zangado “Dr Enfezulino” da “Família Firim-Fimfim”, dentro do Programa Luiz Vassalo.

(Além desse quadro, faziam parte do programa, “Quando os Ponteiros se Encontram”, primeiro com Francisco Alves, “O Rei da Voz”, depois com Orlando Silva, “O Cantor das Multidões”, a “Hora do Pato” (de calouros) e “Coisas do Arco da Velha”, humorístico em que se destacavam Floriano Faissal, Ema D’ávila, Nilza Magrassi, Brandão Filho e Norma Geraldi.)

Seriado que também marcou época foi “Jerônimo, o Herói do Sertão”, de Moisés Weltman, encarnado por Milton Rangel, coadjuvado por Cauê Filho (“Moleque Saci”) e Dulce Martins (“Aninha”) a noiva eterna do herói. Também na emissora famosa, “O Sombra”, modelo importado dos estados Unidos e que permaneceria longa temporada no ar. O intérprete era Saint-Clair Lopes e, em São Paulo, o similar a Record, por conta do Otávio Gabus Mendes.

O seriado mereceria, ainda, a atenção de Almirante. Seu investimento no gênero: “Incrível, Fantástico, Extraordinário”, baseado em cartas dos ouvintes, que relatavam suas experiências com o sobrenatural. Lançado na Rádio Clube do Brasil, mais tarde, pela Nacional e, depois Tupi.

Tão importante quanto o “Calouros em desfile”, de Ary Barroso, foram a “Hora do Pato”, com Jorge Curi e “Papel Carbono”, de Renato Murce – aquele durante 16 anos com o mesmo apresentador, também revelado pelo mineiro Ary. Curi ganhara a “Hora do Pato” por não querer trabalhar no Serviço Brasileiro da BBC de Londres, pois era noivo. Aurélio de Andrade, a quem a direção da Nacional destinava aquele programa seguiria para a BBC no seu lugar.

Renato Murce não gostava da expressão ‘calouros’, e classificava os candidatos de ‘gente nova’. No seu programa só tinham vez pessoas com reais pendores artísticos, submetidas a rigorosos testes. No “Papel....”, então na Rádio Clube do Brasil, se revelariam Luiz Gonzaga, naquele tempo apenas sanfoneiro e o humorista José Vasconcelos. O rádio sofreria, nos aos 60, enormes baixas. A magia da televisão conquistava o público, atraindo grandes nomes do veículo, os melhores anunciantes. A situação política com os seus percalços proporcionaria a implantação de uma censura violenta, resultando em proibições diárias.


MEMÓRIA-2001
Em setembro, nos 65 anos da Nacional, José Messias dos mais antigos contratados, despedia-se da estação.

Produtora e atriz, Aldenora Santos, que iniciara carreira na Tupi comemorava, 50 anos de rádio em 14 daquele mês.

A Globo demitia Maurício Menezes, 25 anos de casa, e Hélio Júnior, 13, tirando do ar, em outubro, o “Agito Geral”.

Ainda no mês. O 1º aniversário da MPB FM, vinculada ao jornal “O Dia”, era assinalado com um show no Canecão.

David Rangel ganhava programa na Tupi, aos sábados à noite, com a saída de Juçara Carioca, também em outubro.






quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Ouvindo as ondas

EBC PREPARA NOVOS CORTES
Nacional e MEC AM/FM da Empresa Brasil de Comunicação sofreram baixas com suas recentes modificações. O jornalismo foi o mais afetado. Além das três cariocas, seis rádios, duas TVs e uma agência de notícia compõem a EBC.

O governo pretende lançar uma proposta de PDV (Programa de Desligamento Voluntário). Tem como objetivo diminuir o número de funcionários, estimado em 2.500, segundo revelou a colunista Daniela Lima, da “Folha de S, Paulo”.

A EBC quer tirar de seus quadros um contingente de 500 profissionais. A nota provocou reação imediata dos mais antigos. Se o governo tenciona reduzir gastos -- argumentam eles -- deve cortar os cargos dos 420 comissionados.

OUTROS ARES
E, o Rony Magrini, hein? Completaria em novembro, quatro anos de sua volta à Globo. A rádio ‘pra quem é bom de orelha’ não foi uma boa pra ele. Na segunda (4) estreia na ABC de Santo André, na Grande São Paulo, das 11 às 14h.

FOGO BRANDO
Um dos mais importantes comunicadores de sua geração, Rony Magrini estava na madrugada, afeita a poucos. Com a agravante de, no “Bandeira 2”, apenas anunciar músicas e dizer a hora, em ‘fogo brando’ sustentado pelos cardeais.

OITO POR TRÊS
Cyro Neves, (repórter), e Renata Henriques, (produtora), são os novos apresentadores do “Baú da Tupi”, na virada de sábado para domingo, de meia-noite às 4h. Em oito meses, é a terceira vez que o cartaz troca de comando.

AS REJEIÇÕES
O “Baú...” era produzido e apresentado por Jimi Raw desde julho de 2005. Ele saiu ano passado. Luiz Bandeira, sucessor, também. Garcia Duarte ficou em caráter provisório. Raw, Bandeira e outros, movem ação contra a Tupi.

NÃO CONVENCE
Tiago Abravanel, dançarino e cantor de sucesso em musicais de teatro, já fez algumas aparições em novelas. No rádio, é um dos titulares do “Papo de Almoço” da Nova Globo. O programa estreou em junho. Ele ainda não disse a que veio.

FORA D’ÁGUA
Tivesse que passar pela escolinha do Ruy Jobim, seria reprovado num teste de locutor. Deve-se duvidar do seu talento por isso? Pelo mostrado na quinta (24), o neto do famoso apresentador de TV é um peixe fora d’água na ‘latinha’.

A PARADA DURA
As FMs O Dia, Mania e Fanática estão no dial para os interessados em suas programações. Levantamento do Ibope situam-nas em bons índices de audiência. São uma parada dura -- conforme um conjunto nordestino, hoje ausente da mídia.

GOSTO É GOSTO
Às vezes por distração, nunca por curiosidade, sintonizamos numa delas. Grupo sertanejo à parte, lembramos do Conselheiro Acácio, do romancista Eça de Queiroz. “Gosto e caldo e galinha não se discute”, afirmava o personagem.

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Magrini, Paulo Lopes e Haroldo de Andrade (1934--2008) foram numa fase da Globo os maiores salários da casa. E dispensados em 2002. Magrini foi para a Tupi paulista (hoje Top), Lopes para a Capital, e Haroldo fundaria uma rádio.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Rádiomania, o Livro/20

MÉDIAS E MODULADAS (B-6)
Os anos 30, 40 e 50 proporcionariam oportunidades para o público de auditório conhecer os seus ídolos. Na Rádio Kosmos, de São Paulo ocorreram as primeiras manifestações, onde se instalava um salão de baile e, exibições de orquestras, ao vivo. Na Rádio Nacional, o “Caixa de Perguntas”, de Almirante, era um modelo. Havia, na década de 40, o preconceito da classe média contra esses programas. As donas de casa, segundo o crítico José Ramos Tinhorão, se irritavam em ouvir aquele alarido no rádio, especialmente as que precisavam de uma empregada doméstica. Elas achavam por isso, que o local era para pessoas desocupadas.

Em 1943, depois de uma parada na Mayrink Veiga, o “Trem da Alegria”, de Heber de Bôscoli e Iara Sales, estacionaria na gare da Nacional. Lamartine Babo, que dele era componente, intitulava o grupo de “Trio de Osso”, uma comparação irônica ao “Trio de Ouro”, composto por Herivelto Martins, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas. Heber e Iara se tornariam mais populares ainda, com “A Felicidade Bate à Sua Porta” – ele de algum lugar da rua, ela transmitindo do estúdio.

(Iara se desmanchava em zelo com o marido e, pelo microfone, recomendava que ele não esquecesse de usar a boina, pois Heber tinha um sério problema de asma.) O programa, no entardecer dos domingos, era apresentado antes do “Tancredo e Trancado”. Um show musical, “A Felicidade...” fazia distribuição de prêmios aos consumidores de produtos de limpeza de um patrocinador.

A origem dos programas de auditório remontam aos de calouros. Os primeiros foram apresentados por Celso Guimarães na Rádio Cruzeiro paulista e, Ary Barroso, na Kosmos. O de Ary, “Calouros em Desfile”, passaria também pela Cruzeiro do Sul, mas no Rio, e ganharia fama na Tupi. Ary foi o descobridor de Paulo Gracindo e, responsável pela ascensão dele como animador de auditório.

Essa história Gracindo contaria a Luiz Carlos Saroldi e Ney Hamilton num especial da Rádio Jornal do Brasil. Por causa do futebol, Ary faltava muito ao programa, que era das 8 às 9 horas da noite. Faltava, principalmente, quando o Flamengo perdia. Então, recomendava à direção que escalasse o ator. Gracindo desempenhava muito bem a função, do que acabou gostando. Exatamente na Tupi nasceria o “Programa Paulo Gracindo”, que anos depois mudaria de prefixo. Antes, Gracindo comandara o “Rádio Sequência G-3” diário, na hora do almoço.

Na Rádio Nacional, para onde ele se mudou, seu programa ficaria 21 anos. Era uma miscelânea de tudo que havia na emissora. Em sua etapa inicial a comicidade estava a cargo de Manuel da Nóbrega e Silvino Neto, a contra-regra com Jorge Veiga (que aspirava ser cantor e vivia pedindo uma oportunidade) e, na corretagem de anúncios nada menos que Abelardo Barbosa, o Chacrinha.
Com Gracindo aos domingos de 10 horas ao meio-dia disputavam a preferência do público, o de César de Alencar, sábados de 3h da tarde às 7h da noite, e o do Manuel Barcelos, às quintas-feiras, das 11h da manhã à 1h da tarde. No do César, a rivalidade entre os fãs-clubes de Emilinha Borba e Marlene.

MEMÓRIA-2001
Depois de uma temporada em Brasília, André Giusti retornava ao Rio em julho. Ancorava o “CBN Esporte” aos domingos e um noticiário matinal nos demais dias.

Paulo Lopes, que estava na Globo desde 1987, deixava a emissora no período, e acertava em outubro com a Capital. Notabilizara-se na Tupi do Rio nos anos 70.

Decidida a inovar em transmissões esportivas a CBN contratava o ex-craque Tostão para um tal de ‘imagem real’,fragmentos de jogos. Não decolara.



quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Ouvindo as ondas

UM ‘GIGANTE’ NA CRISE
Pelo tamanho dos pés se conhece o gigante – diz um ditado antigo. Os tempos mudaram, evidentemente. Na Rádio Nacional da época de ouro, com a variedade de novelas, programas de auditório e outros, anunciantes ‘brigavam’ por espaço.

Nos dias atuais, a crise só faz as emissoras reduzirem seus quadros, enxugarem custos. Há, porém, um gigante na praça. Você acredita? O mais incrível é que, ele (o veículo) passou por três greves, duas de advertências, de 24 e 72 horas.

A mais prolongada foi justamente no período de festas de fim de ano – dezembro de 2016. Qual o nome do gigante? Naturalmente não precisamos mencionar. Interessado no tema (esse amor nosso de cada dia), você já percebeu...

O referido está baseado no imperial bairro de São Cristóvão, na Rua Fonseca Teles. Segundo revelou o site “Tudo Rádio”, a emissora do Condomínio Associado disparou no Ibope através do seu FM durante os meses de junho e julho.

FAZENDO FILA
Uma prova disso é o número crescente de anunciantes que dela fazem parte. Quem se der ao trabalho de ouvi-la atentamente vai confirmar esta configuração. Na matemática, números dizem muito, a menos que haja algum estratagema.

QUE MÁGICA
Não sabemos qual a mágica adotada pelo Josemar Gimenez. O que muitos da classe estão querendo saber é se, depois disso, a empresa acerta com aqueles que ficaram com salários atrasados, foram dispensados, ou se afastaram.

MESMICE GANHA
Em certos momentos há mais anúncios do que sessões. A mesmice,tão criticada pelos de bom gosto, está ganhando de lambuja. E deixa de cabeças esquentadas os cardeais da reinvenção, na basca de um público jovem e antenado.

EMPRÉSTIMO
Jornalismo sem repórter não dá, não tem graça nenhuma. A Rádio MEC AM não possui, atualmente, equipe de reportagem. Utiliza gente da Nacional, revelando no ar, essa prestação de serviço. Pelo menos, não engana seus ouvintes.

MALTRATADA
Coisas da crise que acontece no país, ou da surpreendente EBC, tão maltratada pelos administradores que nela estiveram desde sua revitalização no distante 2004. Em qualquer pesquisa envolvendo a emissora, o traço é lugar-comum.

DO SEU JEITO
Pelo bordão que anda divulgando – ‘do jeito que você gosta” – faz lembrar do homem que não perde a pose em quaisquer circunstâncias. Pode estar com os bolsos vazios e a conta bancária zerada, que sairá por aí todo convencido.

DEFENSIVA
Um animador cultural, roteirista de TV e escritor argumenta que, rádio estatal não tem as preocupações das comerciais. Qualidade é mais importante – acrescenta. Certíssimo o seu ponto de vista na defesa da Roquette Pinto,‘sob nova direção’.

A TELA RUÇA
Essa visão relativa à emissora em tela (perdão aos modernistas), se aplicaria bem às estações citadas no começo do bloco. Com o pomposo nome de Empresa Brasil de Comunicação, nem os sites atualizam, ao mudarem suas grades.
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HORAFINAL.COM
As Forças Armadas vão ficar no Rio até o fim de 2018 – declarou nesta quinta (17) ao Milton Jung, da CBN, o comandante do Exército Eduardo Dias da Costa Lisboa. O áudio parecia sair de um garrafão.Mantido no ar por seu conteúdo.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Rádiomania, o Livro/19

MÉDIAS E MODULADAS (B-5)
Antes de se especializar em novelas, a Rádio São Paulo tinha no humorismo um dos pontos de atração. Ariovaldo Pires, o ‘Capitão Furtado’, que também atuaria na Educadora, era o nome mais importante do elenco. “Cascatinha e Genaro”, que ele criou e apresentava, foi um programa de muita popularidade. Em todos os tempos, a situação política fornecia subsídios para o humorismo no rádio e, marco desse gênero o “PRK-30”, de Lauro Borges e Castro Barbosa. Surgiriam então, na década os primeiros programas. Dino Cartopacci com “Zé Fidélis”, um deles.

O “Piadas do Manduca”, de Renato Murce, lançado pela Rádio Clube do Brasil, era chamado de “Cenas Escolares”. A mudança de nome e enfoque deveram- se a reclamações do professorado, que se incomodava com a maneira que o seu produtor retratava o dia a dia da classe. A fase de maior sucesso, ocorreria na Rádio Nacional. Além do autor, os intérpretes eram Brandão Filho, Lauro Borges e Castro Gonzaga. Os dois últimos, em vôo solo – criadores do impagável “PRK-30” – mudariam para a Mayrink Veiga e nela ficariam até 1945, de onde iriam para a Nacional. Em 1956, trocavam mais uma vez. Ingressavam na Rádio Record.

Naquele ano a Nacional colocaria em prática um projeto que vinha adiando. O horário vago com a saída de Borges e Gonzaga seria ocupado pelo “Balança Mas Não Cai”, de Max Nunes, com narração de Afrânio Rodrigues e a participação de um numeroso cast de comediantes. No programa, dois anos mais tarde, incorporava-se o quadro de enorme repercussão, “O Primo Rico e o Primo Pobre”, idealizado por Paulo Gracindo, que contracenava com Brandão Filho. Dono de uma versatilidade incrível, Brandão também se destacaria como personagem-chave da série de Giusseppe Ghiaroni, “Tancredo e Trancado”, aos domingos, no anoitecer, antes de "A Felicidade Bate à Sua Porta", com Heber de Bôscoli e Yara Sales. Brandão era o Tancredo -- Trancado, Apolo Corrêa.

Outra dupla de destaque foi Alvarenga e Ranchinho, com passagens pela Tupi e Nacional. Brilhante, também aparecia o humorista Silvino Neto. O “Hotel da Pimpinela”, habitado por uma galeria de personagens, explorava a fundo os acontecimentos políticos. Silvino assemelhava-se a “Nhô Totico” (Vital Fernandes da Silva), de São Paulo, que fazia uma variedade de tipos e a sonoplastia da atração. “Nhô Totico” trabalhou em diversas emissoras. Mais tempo na Cultura.

MEMÓRIA-2001
Afastado oficialmente do rádio no final de 1996 quando estivera na Tupi, Haroldo Jr. reiniciava suas atividades na Carioca. Em 23 de maio, das 4 às 5h da tarde.

E, durante todo aquele período a Manchete CCI voltava a funcionar no piloto automático. Repetia setembro de 2000, com dispensa de seus profissionais.

Robson Alencar estava há quase dois anos na Rádio MEC e retornava em julho à Tupi. Substituía o noticiarista Luiz Nascimento, que se desligara no mês anterior.
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Rádiomania, o Livro/19

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Ouvindo as ondas

DOURADAS REMINISCÊNCIAS
Memorável a participação da jornalista Rose Esquenazi no quadro “O Rádio Faz História”, do Marcus Aurélio, na MEC AM, sexta (4). Focalizara Dick Farney (1921-1987), cantor e pianista, pelos 30 anos de sua morte, completados na data.

Farnésio Dutra e Silva, nome no registro civil, Dick Farney transitou com desenvoltura pelo jazz, samba-canção e bossa nova. Começou num programa infantil da Rádio Cruzeiro do Sul e brilhou no estelar elenco da Mayrink Veiga.

Marcantes: “Somos Dois”(Armando Cavalcanti/Klécius Caldas/Luiz Antonio); “Alguém Como Tu” (José Maria de Abreu/Jair Amorim); “Tereza da Praia” (Tom Jobim/Billy Blanco); “Marina” (Dorival Caymmi); e “Esquece” (Gilberto Milfont).

Crooner do Cassino da Urca, atuou em boates de Copacabana, cujo mar ficou imortalizado em música de João de Barro e Alberto Ribeiro: “Existem praias tão lindas cheias de luz/Nenhuma tem os encantos que tu possus/Tuas areias...”

Dick também se apresentou em TV, primeiro Record, depois Globo. Nesta, formou dupla com a atriz (e cantora) Betty Faria. Após atuações no Cassino da Urca, foi convidado para shows nos Estados Unidos, incluindo uma emissora de rádio.

FATOS INCOMUNS
No dia em que os meios de comunicação assinalavam as três décadas da morte de Dick, assinalavam também, o falecimento de Luiz Melodia, aos 66. Aquele (da era do rádio) faria em novembro mesma idade de Melodia (surgido na era da TV).

LOIRA & PÉROLA
O criador de “Uma Loira” (Hervê Cordovil) teve um de seus sucessos (“Somos Dois”) como tema de filme, o autor de “Pérola Negra” tornou-se conhecido do grande público através de “Juventude Transviada”, que foi trilha de novela.

SAMBA SOCIAL
Comandado por Valéria Marques, “Samba Social Clube” está há seis meses na SulAmérica Paradiso, com bons índices. Nascido na extinta MPB, o cartaz, nos fins de semana de 12 às 14h, é dos mais prestigiados naquela emissora.

DE CAMAROTE
O programa tem participação do dançarino Carlinhos de Jesus, que leva convidados para o seu “Camarote”, em quatro edições. No sábado (5) houve a presença do Casuarina, de João Cavalcanti, filho do cantor e compositor Lenine.

FLA NAS OITAVAS
Mudemos o pólo da conversa. Sob a direção de Jaime de Almeida, interino ‘eterno’, o Flamengo goleou de 5 a 0 a equipe do Palestino. Classificou-se para as oitavas da Copa Sul Americana em jogo na Ilha do Governador – agora do Urubu.


VINÍCIUS, ENFIM
Revelação a caminho do exterior, Vinícius Jr. fez o gol mais esperado. Márcio Araújo continua ‘invicto’, três anos sem marcar. Edson Mauro narrou na Globo, auxiliado por Álvaro Oliveira , André Luiz, Gustavo Henrique e Francisco Aiello.

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HORAFINAL.COM
Em “Tereza da Praia”, rara parceria de Tom Jobim e Billy Blanco, Dick Farney canta com o Lúcio Alves, mesmo timbre. Nas interpretações, em forma de diálogo, eles brincam sobre a descoberta de certa musa do Leblon. Obra prima.





sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Rádiomania, o Livro/18

MÉDIAS E NODULADAS (B-4)
“A Nacional era ouvida em todo o Brasil por uma massa enorme de público”, revelaria Paulo Tapajós, diretor musical e produtor da emissora por muitos anos. “Isso aguçava o interesse dos anunciantes, que formavam fila à espera de uma vaga na programação. Aos poucos foram suprimidos os quartos de hora focalizando um artista e, criou-se os programas de talento, de inteligência”.

A Rádio Nacional ganharia, em 1942, novo estúdio com palco e plateia. E também passaria a operar em onda curta com antena dirigida para a Europa, revelaria ainda Paulo Tapajós. Numa determinada época, segundo ele, a Nacional era considerada a quinta emissora do hemisfério, competindo com a BBC (Inglaterra), NBC (Estados Unidos), Europa 1 (França) e RAI (Itália).

“É fundamental reconhecer o impacto da onda curta... Através dela o rádio mostrava o que o Brasil tinha a oferecer ao exterior, dentro de uma política de integração”. A observação é de Sônia Virgínia Moreira, professora de jornalismo da Uerj, que durante algum tempo trabalhou na Rádio JB AM.

Almirante, Radamés Gnatali e José Mauro formaram um tripé da maior renovação que se fez na Rádio Nacional. A eles se juntariam Haroldo Barbosa e Paulo Tapajós, afirmava Luiz Carlos Saroldi, parceiro de Sônia num livro sobre a estação. “Chegava o tempo da radionovela, com “Em Busca da Felicidade” e, também o jornalismo se projetava com o modelo do “Repórter Esso”.

Em depoimento ao “Especial” da RJBAM em outubro de 1997, Radamés dissera que só fazia “Um Milhão de Melodias”, de lançamentos, para o qual escrevia arranjos e orquestrações. Os maestros Lírio Panicalli e Léo Perachi, seus companheiros na emissora, também desfrutavam de funções privilegiadas. Panicalli cuidava dos programas românticos e Perachi respondia pelos sinfônicos. “Festivais GE” – dizia Radamés -- era feito para atender o último caso.


MEMÓRIA-2000
Em 5 de agosto, um sábado, Juçara Carioca alçava vôo solo na Tupi. O “Show da Juju”, programa semanal, era transmitido das 8 às 10h da noite. Gamhava o espaço devido a saída da "Revista Musical", às 7h, com o Artur da Távola.

A Radiobras e o Ministério das Comunicações anunciavam em setembro a venda, provável, da Nacional, que não se concretizaria. A rádio acumulava prejuízos desde os anos 80 e ocupava a 11ª posição entre as AMs cariocas.

Pioneira no segmento a Imprensa FM era arrendada pela Jovem Pan no final de novembro. Os donos da emissora de São Paulo já haviam fechado negociações com a Fluminense, de Niterói, rebatizando-a com o nome de Jovem Rio.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Ouvindo as ondas

A BANDA QUE NÃO TOCA
Se o quesito qualidade fosse motivo para as emissoras de rádios aumentarem os seus índices de audiência -- seja de notícias, música boa para as tribos diversificadas, diferentes públicos, elas estariam nas primeiras posições do Ibope.

Do grupo, naturalmente, fariam parte uma Bandnews, JB, Antena 1, SulAmérica Paradiso, Roquette Pinto e MEC. Mas, “não é assim que a banda toca” – diria do alto dos seus 80 (desculpe o lugar-comum), felpuda raposa muito bem-humorada.

Há mais de 50 anos o personagem utilizado nessa referência foi criador de inúmeros bordões de pleno gosto popular. Pelos prefixos onde desenvolveu as atividades de repórter, comentarista e apresentador, fez sucesso (e ainda faz).

Programas populares nunca perderão para os de feitura elaborada. O baixo nível cultural permite isso. Recursos da internet e redes sociais contribuem para a diminuição de ouvintes. Rádio (e TV) servem mais a seus interesses de classes.


DO AQUILES
Ultrapassado um mês do lançamento da Nova Rádio Globo, vale reconhecer que existem coisas úteis na grade. “Café das 6” é uma, “Futebol à Manivela”, outra e, mais algumas. Todavia, o “calcanhar do Aquiles” aparece na faixa das 11 às 14h.

PLURALIDADE
Pode-se afirmar sem qualquer exagero ou implicância que, ali instalaram o que se denomina “mais do mesmo”, apesar da pluralidade de opções. Se (olha ela de novo; pequena, porém importante) escolhessem um, o resultado seria melhor.

(RE)INVENCÃO
Pra quem “é bom de orelha” soa estranho anunciarem a reinvenção da rádio e colocarem no ar um negócio chamado “As Melhores da Semana”, extraído do “Tá’ Rolando Música”. Possivelmente a (re)invenção da roda, ou, talvez dos elepês...

CONFORMADO
A propósito. Sintonizado domingo último no programa que reservaram para o Roberto Canázio, descobrimos que, conformado ele está. Entre uns ‘de qualquer maneira’, comparou a revista com o “Fantástico”. Modelo matinal do cartaz da TV.

MELHOR SOM
Faz um ano e pouco que a Rádio Mania mudou-se para a freqüência da Cidade. Os locutores de lá estão afirmando que a emissora tem ‘o melhor som do Rio’ e ‘a melhor programação’. Entende-se o marketing. E, eles, acreditam no que dizem?

MELHOR II
Muito antes dessa autoproclamação, o Maurício Moreira, do “Momento Esportivo” na Brasil AM, da LBV, sustentava que ‘o melhor som do Rio’ é da estação em que ele trabalha. Quer dizer, nem originalidade o pessoal da Mania* sabe cultivar.

*Esta série teve início em setembro de 2009 por ocasião da XV Bienal do Livro Rio. Nada a ver, evidentemente, com a rádio que hoje pertence a uma empresa estudantil localizada nas proximidades da antiga capital do Estado.
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HORAFINAL.COM
Componente do primeiro time de comunicadores do rádio carioca, Luiz de França (1946-2017), exerceu a profissão por quase 50 anos. Ao vencer “A Grande Chance”, do Flávio Cavalcanti, conquistou a vaga de locutor na Rádio e TV Tupi.

HORAFINAL DOIS
O obituário de influente jornal divulgou que ele começou na Rádio Globo em 1983, e atuara na casa 28 (?) anos. Ocorre que, o França saiu da Glória em dezembro de 1998 de volta à Tupi. (Washington Rodrigues também saíra.)

HORAFINAL TRÊS
Em 2007 foi para a Manchete, fazendo seu programa de Barbacena, sua terra natal. Pela 4ª vez, a rádio faliu em novembro de 2014, não emplacando on-line. França aposentara-se na emissora em 2015 – disse ainda o texto da publicação.


quinta-feira, 27 de julho de 2017

Rádiomania, o Livro/17

MÉDIAS E MODULADAS (B-3)
Deve-se a Almirante as modificações radicais no veículo. Com o seu “Curiosidades Musicais” ele inovaria em 1938 na Rádio Nacional, dando forma aos programas montados. Esse tipo reunia cantores, orquestras, atores e, um narrador no comando das ações. São Paulo e Rio de Janeiro produziam estilos diferentes e eram os maiores centros de radiodifusão

A Radio Nacional dominava nos anos 40 e suas ondas só não chegavam à Paulicéia por causa da Serra da Mantiqueira, entre os dois estados. Essa soberania, porém, pertencera à Mayrink Veiga por alguns anos antes. César Ladeira pontificava como o nome mais importante, em função do prestígio que obtivera com a Revolução Constitucionalista de São Paulo.

Durante o governo Getúlio Vargas, em 1940, todas as empresas do grupo À Noite seriam encampadas. Nomeado superintendente da Nacional, Gilberto de Andrade desfrutava de enorme conceito no meio artístico, e faria uma administração muito aberta. Contratava os maiores profissionais e dotava a rádio das melhores condições, pois conhecia bem o pessoal.

Chefe do Departamento de Contra-Regra da emissora por longo tempo, Edmo do Valle fora uma das testemunhas dessa história. Segundo ele, o rádio-teatro da Nacional sob a direção de Vítor Costa chegou a ter 120 profissionais e o departamento que lhe dava sustentação, um estúdio próprio.

A Nacional era um clássico em radionovela no Rio e, na terra dos bandeirantes, a Rádio São Paulo. No dizer de Mário Brasini, novelista na fase áurea da emissora, impossível traçar um perfil do veículo sem se falar do gênero. A década de 30 representaria um marco decisivo no rádio.

Ele cresceria com a publicidade paga, permitindo a formação de quadros. A Nacional, que revolucionaria todos os conceitos, foi inaugurada em setembro de 1936, emitindo seu sinal, oficialmente, às 9 horas da noite do dia 12. Foram seus fundadores Aurélio de Andrade, Oduvaldo Cozzi e Celso Guimarães, que se reuniam numa sala do 4º andar do lendário edifício da Praça Mauá, 7. Celso, o mais experiente, seria o responsável pela estrutura e programação.

Nove dias antes, entrava no ar a Inconfidência de Belo Horizonte, emissora oficial criada para atender à Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, que tinha como titular Israel Pinheiro, anos mais tarde eleito governador do estado. O objetivo da rádio era orientar o homem do campo e, para tanto, contratou-se o agrônomo Jairo Anatólio de Lima, dono de um programa específico, inicialmente com meia hora , depois com uma hora de duração. A “Hora do Fazendeiro” foi o primeiro programa a divulgar músicas sertanejas no Brasil.

Empresas jornalísticas visualizaram no rádio a maneira de unificar as suas forças. O caso dos “Diários Associados”, com a Tupi, “À Noite”, com a Nacional (cujo patrimônio incluía “Noite Ilustrada”, “Vamos Ler” e “A Carioca”, entre outras revistas), e “Jornal do Brasil”, com a emissora de igual nome. Em 1940, a rádio já era um grande veículo de comunicação. A encampação da Nacional pelo governo, aumentariam os recursos humanos, técnicos e financeiros.

MEMÓRIA--2000
Francisco Barbosa estreava em 5 de junho na Rádio Carioca, seis meses depois de ser demitido pela Globo, onde havia trabalhado 15 anos.

Uma das primeiras FMs do país, a Tupi passaria a se chamar Nativa no início de agosto. Mantinha a programação e o slogan ‘o amor do Rio’.

Também mudavam de nome no período, a Tropical e a Opus 90. Aquela era rebatizada de Scala, a outra Nova e, logo em seguida MPB FM.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Ouvindo as ondas

‘... VOAM COM AS NOTÍCIAS’
Quem, sintonizado numa estação de rádio trafega pelo centro das grandes cidades como o Rio, por exemplo, sabe que diariamente ‘o trânsito está complicado na rua X, na avenida Y, ou no viaduto Z’. Nas manhãs ou tardes.

Isso que se denomina prestação de serviços é feito mais amiúde pelas emissoras dedicadas exclusivamente às notícias, Bandeirantes e CBN, no caso. As mais importantes emissoras fazem esse tipo de cobertura, entre elas, Tupi e a JB.

No horário vespertino Marcela Lemos, Gabriel Rocha, Edilaine Mattos e José Carlos Cardoso são, pela ordem, os repórteres que atuam nas rádios aqui referidas. Eles ‘voam com as notícias’, segundo o bordão de uma dessas.

CAIU NA REDE
A recente reforma na programação das emissoras da EBC, agora em rede, destinou para a Nacional do Rio somente as ‘tirinhas’ da grade. A de Brasília encabeça a maior parte dos horários. Às outras, ‘janelas’ nos informativos.

Programas de notícias do Rio mais abrangente, o ouvinte terá na MEC AM, com assinatura da Nacional, uma vez que a outra ‘deletou’ sua equipe. A EBC está utilizando os seus quadros de executivos para oferecerem resultados desse jaez.

Tirante o vitrolão na forma de ‘especial’ que preenche horários, a Nacional-Rio transmite, a partir da reforma, o “Musishow” nas noites sem futebol, e o “Adelzon Alves na Madrugada”. No gênero variedades, apenas o “Tarde Nacional”.

DIFERENCIADO
Os sábados, em linguagem pomposa, é um dia diferenciado. A Nacional os reserva para os profissionais da terceira idade. Escalados o Waldir Luiz, com “Alô Rio”, Daysi Lúcidi (“Alô Daysi”) e Gerdal dos Santos (“Onde Canta o Sabiá”).

Nesses dias (e aos domingos) a principal emissora da EBC na outrora Cidade Maravilhosa, leva para o seu público reprises de programas da chamada época de ouro, em que pontilhavam as novelas, atrações do auditório e os de broadcast.

E, a exemplo da tradicional estação da lendária Praça Mauá, a rádio dos Marinho também incursionou na mesma seara. Os fins de semana ficaram para os veteranos. David Rangel nos sábados e Roberto Canázio aos domingos.

OPÇÃO ALPHA
Frustradas as expectativas em torno do lançamento da Alpha no Rio. De rádio musical a cidade está bem abastecida, levando-se em conta que nela operam as FMs JB, Antena 1, SulAmérica Paradiso e Roquette, incluindo-se a MEC AM.

As correntes mais otimistas entre os apreciadores esperavam que a nova rádio contribuiria para o aproveitamento dos profissionais que, no ano passado, perderam seu emprego, sendo demitidos nas principais emissoras.

A Alpha -- pode-se observar -- é um fragmento resultante da fusão JB-Antena-SulAmérica, sintetizada no bordão ‘trilha sonora de sua vida’. Nem jornalismo próprio ela possui. As notas que se ouve ali são da parceria com a Bandnews.

HORAFINAL.COM
Nesta quinta (20) Jota Santiago volta a trabalhar na Tupi transmitindo, a partir das 8h da noite pelo Campeonato Brasileiro, o jogo do Botafogo com o Atlético-PR, na Arena da Baixada. Fez parte do grupo que a emissora demitiu em julho de 2016, e passagem rápida pela Bradesco Esportes, fechada em fevereiro
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HORAFINAL DOIS
A Rádio MEC AM promove neste sábado (22), às 2lh, um especial com o sambista e compositor Elton Medeiros e convidados. No repertório dele obras como “Pressentimento”, “Bem que Mereci”, “Ame”, “Senador’, “Vestido Tubinho”, sendo parceiros Paulinho da Viola, Hermínio Bello de Carvalho e outros.