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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Rádiomania, o Livro/22

MÉDIAS E MODULADAS (B-8)
Na década de 70, o rádio ganharia um forte concorrente – o FM, sinônimo de som puro e estéreo. O avanço tecnológico, porém, se daria devagarinho. Segundo Fernando Veiga, diretor-superintendente do Sistema de Rádio Jornal do Brasil até meados de 1990, a modalidade viria suprir uma lacuna nas transmissões em AM. O desenvolvimento do FM, explicaria ele, começara na América e, no início, era visto com indiferença pelo empresariado.

Segundo ainda seu depoimento, a implantação da Cidade FM fora revolucionária, pois, ela descortinava o caminho do comunicador e das paradas de sucesso, com o modelo de se falar pouco. O rádio passara a ser feito por profissionais jovens, que se dedicavam inteiramente a essa faixa de público. A primeira emissora de FM no Brasil foi a Imprensa, no Rio, que adotava, no final dos aos 60, o processo de música ambiente, sem a participação de locutor. No princípio, alguns chamavam o negócio de “música de elevador”, ou “música de consultório”, serviço oferecido aos condomínios por assinatura.

O FM da JB surgiria em 1970, o da Globo em 1972 e, depois o da Tupi. Daí se registrariam uma sucessão no gênero. À Globo coubera o pioneirismo em estereofonia. Com o advento da Cidade, do Sistema JB, uma grande guinada no segmento. Isso aconteceria em 1977, quando a emissora sacudira o meio com a sua linguagem coloquial, lançando um estilo que faria escola, base do slogan criado por Eládio Sandoval, da equipe de locutores onde sobressaíam Fernando Mansur, Ivan Romero e Cléver Pereira.

Também nos anos 70, apareciam em São Paulo as novidades em FM. A primeira foi a Bandeirantes, mantendo uma programação voltada para os temas nacionais e internacionais, não explorando somente o sucesso. De acordo com Otávio Ceschi Júnior, produtor e comunicador, até de programas sertanejos se cogitava. Uma antevisão do que a 105 viria a fazer em 1991, o que lhe servira para desbancar os nove anos de liderança da 98.

MEMÓRIA-2002
Fevereiro chegava e, com ele, o carnaval. Através do seu “Comando Geral” a Globo abria, pela primeira vez, espaço para as escolas de samba de São Paulo, mobilizando comunicadores e repórteres na cobertura dos desfiles no Morumbi.

Depois de uma temporada na Tupi, Juçara Carioca voltava à Globo no comando da “Revista do Sábado”. O programa tinha saído do ar com a demissão da Ana Flores, e era reeditado a partir daquele mês, em novo formato e horário.

Em março, o rádio perdia Hélio Thys, um seus mais talentosos profissionais, escritor, roteirista de cinema e professor universitário. Criador de “A Vida é Assim”, na Tupi, ele atuaria na Globo, Mayrink Veiga e Jornal do Brasil.

Rony Magrini, um dos maiores salários do rádio, era dispensado da equipe de comunicadores da Globo paulista, ainda em março. No Rio, a empresa também dispensava o locutor, repórter e produtor Luiz Carlos Silva – o Lula --, do esporte.

A Capital de São Paulo duplicava o espaço do Paulo Lopes, em abril, avançando no horário antes ocupado por Sônia Abrão, que trocava o rádio pela TV. Ela aceitava proposta para fazer um programa na emissora do Sílvio Santos.
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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Ouvindo as ondas

POPULAR, O GRANDE NEGÓCIO
...E, agora, é a vez do signo de gêmeos. Eu sou um geminiano – dizia o Antônio Carlos anunciando na quarta (20), o horóscopo do seu programa na Tupi. Geminiano não suporta a rotina – respondia a astróloga Zora Yonara.

Colaboradora do apresentador, é uma dentre os que o acompanharam na mudança de emissora há cinco meses. ‘Tá’ mais do que explicado. O show que passou 30 anos na Globo, de volta à rádio onde iniciara, continua líder.

A descrição que Zora fez sobre o signo do seu patrono, desmente a linha que o programa segue. Esse argumento figura na lista de tudo que se ouve num roteiro estático, imexível. Se ela (a astróloga) refere-se aos nativos de Leão, por exemplo, automaticamente o comunicador adverte: “Leoninos atentos”.

Reunindo um time de profissionais de que a ‘outra’ se descartou, o programa conta com as participações de Juçara Carioca, Aldenora Santos, Karla de Luca e Ricardo Campello. Grande negócio popular, embora reconhecida mesmice.

E, pelo andar do metrô, dificilmente os cardeais da Rua do Russel, que abriram mão da concorrência na mesma faixa, vão reverter os índices de audiência. A propalada ‘reinvenção' custará caro. Nada fácil mudar o hábito do público.


QUEM NÃO GOSTA...
“O futebol é a minha cachaça”, afirmava Vandelerlei Luxemburgo, na véspera da partida do Sport com o Flamengo, pelo Brasileiro. A de muita gente, com certeza. A de nós outros, de forma diferente, pois nos concentramos no quesito sintonia.

Por isso mesmo, não vemos como escapar das expressões (pra lá de surradas) , um linguajar próprio, sem dúvida, dos narradores, comentaristas e repórteres de rádio. O vocabulário praticado é um verdadeiro manancial para pesquisadores.

Do interminável festival, há 'trocentos' anos carente de renovação, não faltam: ‘perdeu um gol feito’; ‘perdeu uma chance de ouro’; ‘abriu a porteira’; ‘fechou o caixão’; ‘e, o goleiro não pode fazer nada’; ‘eu vi essa bola lá dentro, cara’; etc.

Na quarta (6), quando o Flamengo – ei-lo de novo – enfrentava o Cruzeiro pela Copa do Brasil, Álvaro Oliveira Filho, na CBN, saiu-se com essa: “Jogadores que jogam preparando a jogada”. Surpreendente: ele está no rol dos melhores.

SEGUNDA VOZ OFICIAL
Uma das agradáveis exceções no rádio contemporâneo – já dissemos em outras postagens – é o “Todas as Vozes”, do Marcus Aurélio, na MEC AM, de manhã (de 7 às 10h). Na segunda (18), a jornalista Rose Esquenazi lá estava novamente.

Tinha localizado e levou ao estúdio, o Fernando César, 83, que foi sucessor de Vitório Gutemberg (1933-2004),como voz oficial do Maracanã, com aquela frase histórica: “A Suderj informa...” Eles eram contratados da Mayrink Veiga.

Gutemberg,mais antigo, passou pela emissora no tempo do Isaac Zaltman e Jair de Taumaturgo, como disc-jockey. Fernando César (na verdade Fernando Tostes), foi um dos titulares do “Grande Jornal Fluminense”, editado em Niterói.

FC tinha outra atribuição naquela rádio -- selecionar os calouros do programa “PRE-Neno”, patrocinado por uma rede de eletrodomésticos da cidade de lá. Anunciando no então “maior do mundo”, ele trabalhou no período de 1967 a 1982.

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HORAFINAL.COM
A brilhante Rose não disse (ou esqueceu de perguntar) um detalhe importante sobre o matinal programa de calouros que o Fernando mencionou. Quem o apresentava? O Marcus, também professor e pesquisador, ficou devendo a informação aos interessados. O “PRE-Neno” era comandado por José Messias (1928-2015), que faria carreira na Rádio Nacional, das diversas no Rio.

HORAFINAL DOIS
Em edição recente do “Todas as Vozes”, o Paulo Francisco, colaborador de “O Rádio Faz História”, assegurava que Adelzon Alves inaugurou, em 1978,a madrugada na Globo. As rádios do Rio fechavam às 11 da noite e só voltavam às 5h da manhã. Segundo Ruy Castro no livro “A Noite do Meu Bem”, naquele horário em 1954, já existia na rádio, a “Reportagem Social”, com o Ibrahim Sued.




sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Ouvindo as ondas

FM ‘DERRUBA’ SEU FUNDADOR
Uma das medidas de Fernando Ribeiro novo diretor da Roquette Pinto FM (ele substituiu Eliana Caruso que comandou a emissora durante oito anos), foi trocar o nome original da estação pelo de sua freqüência -- ’94 FM, a rádio do Rio”.
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Arquivado o bordão “a diferença está na música”, já ocupam a grade em processo de reestruturação, entre demais novidades, “A Barca do Som”, “Pop Arte” e “Cidade do Samba”, este apresentado por João Estevam na extinta Manchete.

Não é a primeira vez que isso acontece. Em 2004, quando a rádio contratou profissionais na tentativa de competir com as populares, também passara a utilizar o recurso. Um núcleo esportivo tinha o Ricardo Mazella na liderança.


A RETOMADA
Fundada como Rádio Escola Municipal em 1934, a emissora cairia no controle do Estado da Guanabara em 1960, com a transferência da capital. Seria desativada por sete anos, devido ao roubo de seus transmissores. Normalizada em 2007.

Crítico de música e radialista, entre outras atividades, Artur da Távola (1936-2008) plantou a semente que tornaria a Roquette Pinto a melhor referência para a classe dos intelectuais e a elite do Rio, outrora (decantada) Cidade Maravilhosa.


OS PRECEDENTES
Tradicionalmente, esse requisito não se traduz em audiência. O retrospecto não oferece recomendáveis precedentes. Antes da fusão de programas do AM com o FM, que ocorreria com a perda de ouvintes, a Tupi fez a experiência no setor.

Adotara por nome o 96 FM, (do 96,5) e colocava como promocional “O Amor do Rio”, mais tarde propagado pela Nativa. A extensão desse braço no condomínio Associado teve a Antena 1 por moeda,com a devolução de uma e outra fechada.


O QUE FOI SUCESSO
Nascida Eldorado em 1971 e transformada em Eldopop dois anos depois, a 98 FM foi a rádio com nome da freqüência que maior sucesso obteve na era contemporânea. Nada menos que 20 anos. Morreria em 2014,denominada Beat.

O último suspiro, no entanto, se daria no verão do ano seguinte, nas ondas da internet. Os cardeais do Sistema Globo batizaram-na de Radiobeat, após serem obrigados apropriar-se do prefixo para servir à principal da empresa -- sua matriz.

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HORAFINAL.COM
Bem sucedida na utilização do modelo, esteve bastante próxima da 98, apenas a 105 FM. Durante dois anos (1989 e 1990) ela ostentava a vice-liderança no Ibope. Participavam da equipe Fernando Mansur, Mário Belizário, Robson Castro, Antônio Leal e Oduvaldo Silva, entre outros. Ao mudar de dono, virou Aleluia.

HORAFINAL DOIS
Um grande façanha conseguira a 105 FM, durante boa parte de 1991. Reunindo luminares da comunicação moderna, tirava da 98 FM sua privilegiada posição. A emissora do SGR ficara nada menos que nove anos em primeiro lugar no Rio.





quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Rádiomania, o Livro/21

MÉDIAS E MODULADAS (B-7)
Os novos rumos do rádio se descortinariam na década de 40. Vieram os filões, e a radionovela que se popularizaria rapidamente. Seu antecedente ocorrera na Record – as peças completas de 50 minutos de duração, sob o título geral de “Teatro Manuel Durães”. O gênero, na Mayrink Veiga, chamava-se “Teatro Pelos Ares”, dirigido por Cordélia Ferreira. Em São Paulo, o sucesso das novelas obrigava a utilização de uma viatura dos Correios para o transporte de cartas destinadas aos atores. Oldemar Ciglioni, Ênio Rocha, Arlete Montenegro, Nilva Aguiar e Walter Forster, entre outros, provocavam suspiros das domésticas.

No Rio, nos anos 50, a Nacional chegava a ter 16 novelas em cartaz. De “Em Busca da Felicidade” a “o Direito de Nascer” -- quase dois anos no ar. Paralelo a isso, havia os seriados de aventura. “O Anjo” interpretado por Álvaro Aguiar, mesma Nacional, em capítulos de 10 minutos. Companheiro dele, o “Metralha”, vivido por Osvaldo Elias, que ainda personificava o zangado “Dr Enfezulino” da “Família Firim-Fimfim”, dentro do Programa Luiz Vassalo.

(Além desse quadro, faziam parte do programa, “Quando os Ponteiros se Encontram”, primeiro com Francisco Alves, “O Rei da Voz”, depois com Orlando Silva, “O Cantor das Multidões”, a “Hora do Pato” (de calouros) e “Coisas do Arco da Velha”, humorístico em que se destacavam Floriano Faissal, Ema D’ávila, Nilza Magrassi, Brandão Filho e Norma Geraldi.)

Seriado que também marcou época foi “Jerônimo, o Herói do Sertão”, de Moisés Weltman, encarnado por Milton Rangel, coadjuvado por Cauê Filho (“Moleque Saci”) e Dulce Martins (“Aninha”) a noiva eterna do herói. Também na emissora famosa, “O Sombra”, modelo importado dos estados Unidos e que permaneceria longa temporada no ar. O intérprete era Saint-Clair Lopes e, em São Paulo, o similar a Record, por conta do Otávio Gabus Mendes.

O seriado mereceria, ainda, a atenção de Almirante. Seu investimento no gênero: “Incrível, Fantástico, Extraordinário”, baseado em cartas dos ouvintes, que relatavam suas experiências com o sobrenatural. Lançado na Rádio Clube do Brasil, mais tarde, pela Nacional e, depois Tupi.

Tão importante quanto o “Calouros em desfile”, de Ary Barroso, foram a “Hora do Pato”, com Jorge Curi e “Papel Carbono”, de Renato Murce – aquele durante 16 anos com o mesmo apresentador, também revelado pelo mineiro Ary. Curi ganhara a “Hora do Pato” por não querer trabalhar no Serviço Brasileiro da BBC de Londres, pois era noivo. Aurélio de Andrade, a quem a direção da Nacional destinava aquele programa seguiria para a BBC no seu lugar.

Renato Murce não gostava da expressão ‘calouros’, e classificava os candidatos de ‘gente nova’. No seu programa só tinham vez pessoas com reais pendores artísticos, submetidas a rigorosos testes. No “Papel....”, então na Rádio Clube do Brasil, se revelariam Luiz Gonzaga, naquele tempo apenas sanfoneiro e o humorista José Vasconcelos. O rádio sofreria, nos aos 60, enormes baixas. A magia da televisão conquistava o público, atraindo grandes nomes do veículo, os melhores anunciantes. A situação política com os seus percalços proporcionaria a implantação de uma censura violenta, resultando em proibições diárias.


MEMÓRIA-2001
Em setembro, nos 65 anos da Nacional, José Messias dos mais antigos contratados, despedia-se da estação.

Produtora e atriz, Aldenora Santos, que iniciara carreira na Tupi comemorava, 50 anos de rádio em 14 daquele mês.

A Globo demitia Maurício Menezes, 25 anos de casa, e Hélio Júnior, 13, tirando do ar, em outubro, o “Agito Geral”.

Ainda no mês. O 1º aniversário da MPB FM, vinculada ao jornal “O Dia”, era assinalado com um show no Canecão.

David Rangel ganhava programa na Tupi, aos sábados à noite, com a saída de Juçara Carioca, também em outubro.