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terça-feira, 27 de março de 2018

Rádiomania, o Livro/39

‘NÃO TEM GRAÇA NENHUMA’
Eu já fumei maconha e não achei graça nenhuma – declarava Cauby Peixoto (1931-2016) ao ser entrevistado domingo, 12 de abril de 1987, no programa “Ídolos de Todos os tempos”, na Rádio Tupi. O apresentador era Antõnio Leal, um jovem goiano que se desligara da Globo, onde atuava como coringa.

Cauby fizera essa revelação depois de se referir a ausência de diálogo entre pais e filhos, lamentando a indiferença em nível familiar. Segundo ele, a falta de apoio levava muitos jovens ao vício, tornando-os dependentes da droga.

Dizia o cantor:
“O Brasil é o melhor país do mundo”, acrescentando: “Tanto isso é verdade, que ainda não fizemos uma revolução”.

Ele condenava o sistema, que impunha valores estrangeiros em detrimento do nacional, e citava alguns países que visitara, onde nada semelhante acontecia.

Enaltecia o Roberto Carlos:
“Um artista extraordinário, que muito se aprimorara nos últimos anos”. Arrematava Cauby: “Houve um tempo que eu não apreciava o ‘Rei’ nem um pouquinho”.

Para ele, o maior cantor do Brasil em todas as épocas, foi Vicente Celestino, imortalizado pela canção “O Ébrio”, tema de um dos seus filmes. Grande sucesso nos anos 50, fase de ouro da Rádio Nacional, de que o seresteiro era contratado.

“Só as pessoas de mais idade e os pesquisadores de música popular conheceram Vicente Celestino ou se lembram dele. A nova geração não sabe de sua importância”, ressaltava Cauby.

MEMÓRIA—2009
Em 6 de abril, uma segunda-feira, David Rangel estreava na Manchete AM. O "David dá Show", das 16h às 18h, com a presença de amigos e familiares, teve direito à participação do Fã Clube Beleza Pura. Destaques na estreia, os personagens Lili Rodoviária e Zé Clemente, na abertura da olaylist, Elba Ramalho interpretando "Banho de Cheiro". David passou pela Nativa, Tupi e Globo (por duas vezes), da qual seria demitido em meados de 2017.

terça-feira, 20 de março de 2018

Ouvindo as ondas

LIVRO QUE VIROU MUSICAL
A MEC AM encerrou no domingo (18) às 9h da noite a série de programas em que se transformou o livro “Carmen, Uma Biografia”, de Ruy Castro, Prêmio Jabuti de 2006. Músicas que a “Grande Pequena Notável” cantou ao longo da carreira (mais nos Estados Unidos que no Brasil), foram relembradas nas audições, com reprises nas quartas, às 18h.

o. “Quem foi que descobriu o Brasil/Foi ‘Sêo’ Cabral/Foi ‘Sêo’ Cabral/No dia vinte e um de abril/Um mês depois do Carnaval”.

o. A geração acima dos 60 anos certamente curtiu esse (e outros) sucessos de Carmen Miranda, artista do rádio que deixou o país para brilhar nos shows business da Broadway e nos filmes de Hollywood.

o. O tema, até os tempos atuais revivido durante os festejos de Momo nas programações das emissoras em todo o recanto do Brasil, poderia servir de paráfrase aos gestores de uma tradicional estação.

o. Ei-la: “Quem foi que ‘reinventou’ a Globo/‘Sêo’ Marcelette/‘Sêo’ Marcelette/ No dia quinze de junho/Ano de dois mil e dezessete”.

VOZES NORMAIS
o. Há duas semanas registramos as falhas gritantes ocorridas no “Todas as Vozes”, do Marcus Aurélio, que ficou sem entrevistas e reportagens. O programa, sem dúvida, é um dos melhores da atualidade.

o. O apresentador foi obrigado a improvisar. Valeu-se dos quadros “O Rádio Faz História” e “Essa Letra, Essa Música”, com edições repetidas, que ele chamou de ‘especial’. A atração desfigurou-se. Foi normalizada.

LADO DE LÁ E CÁ
o. A ‘bruxa’ também andou solta em outro lado do dial. Depois da ‘louca’ nos equipamentos da MEC, justamente no cartaz pilotado por Marcus Aurélio, com os xarás Leite e Rangel (seu produtor e colaborador).

o. A ‘vítima’, dessa vez, foi o Roberto Canázio, domingo (11) na “Revista da Rádio Globo”, resumo dos acontecimentos da semana. Erros incríveis diante dos recursos da tecnologia. De constranger profissionais.

DÁ PRA ENTENDER?
o. E, a (Super) Rádio Tupi, hein? Não é que readmitiu em seus quadros o Garotinho2, passada toda aquela celeuma de prende-solta-prende-solta. Política, religião e futebol, cidadãos sensatos não discutem.

Pilatos é que estava certo – reza a lenda. Pelo sim, pelo não, o Garotinho2 agora é apresentador de um programa aos sábados, das 6h às 8h. A direção da rádio reservou pra ele o dia de folga do Antônio Carlos.

COMUM ENTRE DOIS
Os jornalistas Paulo Vinícius Coelho (PVC) e Vanessa Riche, profissionais do rádio e da TV têm coisas em comum. Ele, comentarista da Nova Globo e da FoxSports. Ela, apresentadora, atua nas mesmas casas.

PVC colabora com duas edições de sua “Prancheta” na emissora dos Marinho e participa do “Jogo Rápido”, em “No Ar”. Vanessa, do “Segue o Jogo”, nos sábados, às 14h, e do “Convocadas, terças-feiras, às 22h.

NEM NO INTERIOR
o. Dados positivos na 'reinvenção' da emissora da Gória de outrora são -- já dissemos -- os títulos das atrações. Nenhuma tem as palavras 'programa' e 'show', bastante utilizadas pelas rádios e TVs populares.

o. Como perfeição é uma raridade, deslizes não faltam. Na Nova Globo, nos fins de semana, há um negócio chamado "Programação Musical", em duas edições. Nem nas rádios do interior, se ouve coisa igual hoje em dia.

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HORAFINAL.COM
Em 2005, já contratado pela Nacional, Cirilo Reis foi trabalhar na Tupi. Fazia um ‘variedades’ na madrugada. Um diretor sugeriu que ele produzisse, nos moldes do “Musishow”, um programa para o horário. Surgia o “Baú da Tupi”. Cirilo sairia da rádio no ano seguinte. A MEC – lembremos Chacrinha -- acaba de lançar um “Baú Musical”, finalzinho dos domingos...

HORAFINAL DOIS
Com a saída do Cirilo, pioneiro, o “Baú da Tupi” passou ao comando de Jimi Raw, que nele permaneceu entre 2006 e 2016. Os próximos apresentadores, transitoriamente, foram Luiz Bandeira e Garcia Duarte. Em meados de 2017, ou seja, em julho, Renata Henriques e Cyro Neves assumiram o programa. O “Baú” vai ao ar nos domingos, de zero às 4h.


terça-feira, 13 de março de 2018

Rádiomania, o Livro/38

DE CARMEN NO CINELÂNDIA
Em 5 de agosto de 1985, uma segunda-feira, Arlênio Lívio (1942-2003) reproduzia no “Rio de Toda Gente”, uma entrevista de Adolfo Cruz com Carmen Miranda em Nova York. Essa entrevista (histórica) fora realizada na véspera da morte da cantora, trinta anos antes – em 1955. Quem sintonizava a Rádio Nacional na ocasião, ficaria sabendo que Carmen Miranda, vivendo nos Estados Unidos, não esquecia dos seus amigos e conterrâneos.

Depois de Assis Valente, que morrera cedo e lhe dera sucessos como “Uva de Caminhão”, “O Mundo Vai Acabar” e “Voltei Americanizada”, os mais ilustres e por ela sempre exaltados eram Ary Barroso e Dorival Caymmi, que muito contribuíram com o seu repertório musical. Na conversa com Adolfo Cruz, jornalista especializado em cinema, Carmen também citava as irmãs Batista – Linda e Dircinha – vitoriosas cantoras da época.

Adolfo Cruz manteve na Rádio Nacional por muitos anos um programa que era a sua cara – “Cinelândia Matinal”. Foi ele que popularizou um slogan estranho: ‘Falem mal, mas falem do cinema nacional’. E, foi, também, o único brasileiro a se avistar com Carmen Miranda naquele ano. “O Rio de Toda Gente” contara com a presença de Adolfo, que relembrava, na oportunidade, fatos a respeito da “Pequena Notável” – internacional artista.

Discorria sobre suas atuações ao lado do Bando da Lua, liderado pelo músico e compositor Aloísio de Oliveira e, inclusive de sua excursão com o grupo ao Uruguai antes da viagem aos States, onde iniciaria uma série de apresentações nos shows business da Broadway, tornando-se,também, uma estrela do cinema.

Brasileira naturalizada (era portuguesa), Carmen obtivera grande sucesso no país nos anos 40, cantando em programas de rádio, Mayrink Veiga e Tupi, intercalando com aparições no Cassino da Urca. Elevara através da música o nome de sua terra nos Estados Unidos.

Dos filmes americanos em que apareceu, “Voando Para o Rio” e “Banana da Terra”, são os mais conhecidos. Quando a saudade começava a apertar, Carmen pensava seriamente em voltar ao Brasil, propósito sempre adiado. Ela morreria aos 46 anos, de um ataque cardíaco.

MEMÓRIA—2009
Dezessete anos depois de atuar na Globo, Paulo Giovanni trocou-a pela publicidade na década de 80. Ele foi entrevistado por Marcus Aurélio em 5 de abril, véspera do lançamento de uma nova programação da rádio. No “Quintal...” , lances de sua trajetória iniciada em Petrópolis.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Ouvindo as ondas

DEU A LOUCA NA MEC
Problemas técnicos prejudicaram, na quinta-feira (1°), a transmissão do “Todas as Vozes”, do Marcus Aurelio, na MEC AM, resultando na repetição de quadros principais(*). O programa homenageou, através do blogueiro Paulo Francisco, pesquisador goiano, o radialista Haroldo de Andrade, que falecera no aniversário do Rio de Janeiro em 2008. Reproduziu um editorial com Ênio Paes na emissora do comunicador poucas horas depois de sua morte.

o. “O Rádio Faz História”,habitualmente com duas edições, teve quatro,”Essa Letra, Essa Música, normalmente com uma, apresentou duas. O titular foi obrigado a se revezar com o produtor Marcos Leite.

o. Afetado, também, o “Visão de Jogo”, do Mário Silva, que chegou ao público cortado na parte inicial. Vazou, inclusive, piorando as coisas, a conversa de uma ouvinte da Tupi com o apresentador do horário.

MARILIZ JÁ ERA
o. Durou pouco – menos de dez meses – a participação de Mariliz Pereira Jorge na Nova Rádio Globo. Ela saiu do “Café das 6”, que apresentava com Fernando Ceilão. Substituída por André Henriques.

o. Mês passado, a grade sofria ajustes. “Papo de Almoço” era reduzido, e “No Ar”, do Otaviano Costa, ampliado, abrindo-se espaço para o “Jogo Rápido”, com Alex Escobar e PVC (Paulo Vinícius Coelho).

MANIA DE MUDAR...
o. A Rádio Mania que operava há um ano em 102,9 (da extinta Cidade) mudou de freqüência outra vez. Está agora em 91,1. Nesta, da Bradesco entre 2012 e 2017, vinha funcionando a novata Sertaneja.

o. A 102,9 já foi utilizada por diversas emissoras cariocas – em arrendamento pela Oi e Jovem Rio, por exemplos. O Sistema JB, proprietário do canal, acaba de criar uma nova estação, a Rio FM.

...SEM INOVAÇÕES
o. A mudança da Mania e a conseqüente alteração do nome para a freqüência, entretanto, não trouxeram novidades. O playlist – propositadamente, talvez --, continua o mesmíssimo então adotado.

o. Planejamento, pelo visto, passou longe da Rio. Ela entra no filão em que atuam a O Dia e a emissora da Universo. Enquanto o pagodinho romântico e similares derem audiência, inovações não contam.

.LIVRO EM MÚSICA
o. “Carmem, Uma Biografia”, um tijolaço do Ruy Castro, livro premiado com o Jabuti em 2006, virou programa de rádio. É uma série com o autor, aos domingos pela MEC AM, a partir das 9h da noite.

o. Na última semana (dia 25), Ruy fez tocar o repertorio da "Pequena Notável" (Carmem Miranda) para o carnaval. Sambas e marchinhas de Lamartine Babo, Ary Barroso, João de Barro e Assis Valente.
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HIRAFINAL.COM
(*) Todos os áudios apresentados eram repetecos -- até mesmo o que servia de ‘gancho’ para a homenagem ao Haroldão. Um deles estabelecia paralelo da carreira do saudoso radialista com Adelzon Alves, paranaenses bem-sucedidos no Rio. O terceiro ‘mostrado’ focalizava Hélio Ribeiro, de São Paulo, e seu modo peculiar de traduzir os hits norte-americanos, já que dominava o inglês, ao contrário dos locutores de FMs. O personagem “Roberval Taylor”, criado por Chico Anysio (também saudoso) foi inspirado nele.


terça-feira, 6 de março de 2018

Rádiomania, o Livro/37

A MULTIFACE DE RILDO HORA
Compositor, músico e produtor de discos, Rildo Hora vencera um concurso de gaita no “Programa Paulo Gracindo”, na Rádio Nacional. E ele, no entanto, começara a se interessar por outro instrumento – o violão – nos anos 60, impressionado com o desempenho de João Gilberto em “Chega de Saudade”, faixa do elepê “Canção do Amor Demais”, com Elizeth Cardoso, que assinalava o surgimento da bossa nova.

O convívio com artistas e músicos da Nacional lhe proporcionaria os melhores resultados na sua vida profissional. De bastante importância, sobretudo, sua aproximação com o maestro Guerra Peixe, considerada como uma figura de maior destaque nesse período. Foi Guerra que ensinou a Rildo os segredos da teoria musical, solfejo e harmonia. Sem nada lhe cobrar, pois apostava no talento de seu aluno.

Também tornado arranjador, Rildo produziria por muitos anos os discos de Martinho da Vila, que viria a ser um dos seus parceiros, atividade que desenvolveria com os principais astros do samba – Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Nei Lopes etc.

Cultor de Toot Steeleman, considerado o mais importante gaitista do mundo Rildo se dizia, porém, influenciado por Leo Diamond, outro ás, e igualmente aquele, americano de renome. A expressão máxima do Brasil no instrumento, para ele, foi Edu da Gaita/Eduardo Nadruz (1916-1982). Depois dele, no país, Maurício Einhorn.

Rildo, casado com uma cantora, tem dois filhos que trilharam os caminhos da música. Numa entrevista a Luiz Carlos Saroldi (1931-2010) na JB AM nos anos 80, afirmava: “A música brasileira perdeu suas verdadeiras características”. Ele teria mais motivo para tal definição alguns anos depois, quando as rádios preenchiam suas programações com o repertório de um Raça Negra, Só pra Contrariar e semelhantes.

MEMÓRIA—2009
Em junho, as rádios unificavam suas programações no AM e FM. A Nativa, que operava nos 96,5 (da Tupi) mudava-se no mês para os 103,7 (da Antena 1). Encerraria suas atividades em novembro de 2015. O dono da Antena retomava a frequência.