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terça-feira, 29 de maio de 2018

Radiomania, o Livro/46

O CACIQUE DOURADO
Em novembro de 1989 Collid Filho (1930-2004) completava 44 anos ininterruptos dedicados à Tupi, líder dos Diários Associados. Nos anos dourados do popular veículo de comunicação, a rádio de Assis Chateaubriand tinha como referência ao seu jornalismo, o slogan de “O Cacique do Ar”. Homem das madrugadas com o “Collid Discos”, diário, e ”Salão Grená”, dos domingos, tido pelos colegas como ‘O Dono da Noite’, o apresentador , uma testemunha-símbolo da fase áurea da Tupi, foi um dos participantes de um especial da Rádio MEC, produzido por Fridas Veras, que ouvira depoimentos sobre a história da estação.

Com ele, estiveram no programa, o ator Paulo Porto e o locutor Paulo Max. Relembraram fatos pitorescos, envolvendo programas e personagens, onde pontificavam Ary Barroso (1903-1964) e Almirante (1908-1980). Pianista e compositor famoso, considerado o gênio do mau humor, Ary era responsável pelo lendário “Calouros em Desfile”, aos domingos, entre 8h e 9h da noite. Entusiasta do futebol, torcedor do Flamengo e locutor esportivo, ele costumava utilizar-se de uma gaitinha de boca para dar ênfase aos gols. Mas, mudava a entonação do instrumento nas vezes que o adversário do seu clube alcançava às redes. (E, quando time contrário estava na iminência de marcar um gol, segundo os depoentes, Ary simplesmente afirmava... ‘eu nem vou olhar’.)

Almirante --‘a maior patente do rádio’-- (batizado Henrique Foréis Domingues) teve como grande destaque na Tupi, o “Incrível, Fantástico, Extraordinário”, às quintas-feiras, em horário noturno. Figurava entre os mais expressivos criados nas emissoras em que trabalhou. Dezenas de programas se projetaram no “Cacique do Ar”, sendo exemplos o “Rádio Sequência G-3”, com Paulo Gracindo, de segunda a sexta na hora do almoço e o “Caleidoscópio”, com Carlos Frias, aos domingos, depois das transmissões das partidas de futebol.

Embalado pelos acordes da orquestra de Glenn Miller com ‘Monlight Serenade”, Frias narrava a crônica ‘Boa Noite Para Você”, nos chamados dias úteis da semana, dando ao ouvinte a impressão que ele próprio era o autor do texto, cujo nome a emissora não divulgava. O redator, mantido no anonimato, era nada menos que Hélio Thys, anos mais tarde bastante conhecido através da série “A Vida é Assim”, que o levaria para a Globo, devido ao enorme sucesso alcançado. As histórias interpretadas no rádio ainda se transformariam em livro.

Outras atrações da Rádio Tupi davam uma mostra da qualidade de seus programas. O “Falando de Cadeira”, de Olavo Barros era um deles, apresentado aos sábados, por volta de uma hora da tarde. Constava de entrevistas com o pessoal do teatro, muito contribuindo com a divulgação de suas atividades. No humorismo, inesquecíveis as apresentações de Alvarenga e Ranchinho, logo após os calouros do Ary Barroso e, também nesse plano “Marmelândia, o País das Maravilhas” e “Ali Babá e os 40 Garçons”, ambos de Max Nunes, o primeiro às terças, o outro às quintas-feiras, à noite, antes do programa do Almirante.

De segunda a sexta, nos fins de tarde, havia o “Pausa Para Meditação”, de Júlio Louzada, precedido de “Eu Acredito em Milagres”, de Maria Muniz, quando a Tupi entrava em cadeia com a Tamoio, segunda no Rio pertencente aos Associados. As novelas, um dos fortes, ocupavam a faixa do horário vespertino. Entre os principais escritores, Jota Silvestre, Dulce Santucci, Luís Quirino e Luiz Viana (também ator). Na lista de rádio-atores, um Antônio Leite, Aidê Miranda, Dario Lourenço, Dandréa Neto, Luiza Nazareth, Nair Amorim, Nely Vilanova, Newton Da Matta, Paulo Porto, Paulo Maurício e Radamés Celestino.

MEMÓRIA-2011
Em março, o “Quintal da Globo” do Marcus Aurélio voltava a seu horário anterior, de 9h à meia-noite. O “Emoções”, que ficara temporariamente às 23h, incorporava-se ao “Planeta Rei”, do Beto Brito.

Modificações também na Manchete. “Papo da Madrugada” (Kleber Sayão); “Roberto Carlos em Detalhes” e “Acorda Rio”, (Jorge Bacarin); “Fala Garotinho”, “David dá Show” e “Confronto” (Ronaldo Gomlevsky).

O noticiarista Paulo Vasconcellos que trocara a Tupi pela Manchete, revezando-se com Renato Affonso, mudava mais uma vez de endereço. Transferia-se para a MEC FM, onde passava a cumprir horário vespertino.




terça-feira, 22 de maio de 2018

Rádiomania, o Livro/45

QUANDO GIOVANNI SAIU
Paulo Giovanni concretizava em 9 de abril de 1989, um sábado, sua despedida da Globo. Ele planejara a saída com dois anos de antecedência, quando passara a dividir o espaço com Francisco Barbosa. Transcorridos pouco mais de vinte anos da sua estreia no rádio carioca, o que acontecera em 24 de dezembro de 1968, através da Tupi(*), Giovanni encontrava uma forte razão para deixar o rádio: dar tempo integral à sua agência de publicidade.

Na data em que ele se despedia da Globo, o então candidato à Presidencia Fernando Collor de Mello participava do “Haroldo de Andrade”. Literalmente sabatinado nas três horas do programa, naquele dia em audição especial, Collor ainda não havia decolado nas pesquisas de intenção de votos, mas nos bares próximos da rádio, na Rua do Russel, só se ouviam comentários favoráveis, notadamente entre os motoristas de táxis.

O “Show da Manhã”, que surgira na segunda-feira 11 de abril, com o Francisco Barbosa no comando manteria, evidentemente, a chancela publicitária do apresentador que se desligava da casa. Com o decorrer do tempo, e superado os trâmites legais, o controle comercial do programa era repassado ao sucessor, que também montaria uma agência de eventos e promoções. Ele emprestaria seu nome a um programa no horário da tarde.

Barbosa começara a se revezar com Giovanni alguns meses depois de ser incorporado à equipe da Globo, onde aparecia no FM e era curinga no AM. Profissional conhecido em Juiz de Fora, trocara o rádio mineiro por uma irrecusável proposta da Cidade FM. E, aceitara ser, na revolucionaria emissora do Rio, o comunicador da madrugada. Antes do SGR, teve breve passagem pela Del Rey, rebatizada posteriormente Alvorada.

(*) Giovanni, que se tornaria um dos grandes nomes no mercado publicitário do país, iniciara carreira na Imperial de Petrópolis, sua terra natal. Tinha apenas 16 anos. Fez de tudo, de faxineiro a serviços de escritório. Antes de ser locutor foi discotecário. O seu primeiro programa chamava-se “Musishow”, título que o Cirilo Reis (da Nacional) futuramente adotaria.

MEMÓRIA—2011
Em março, a repórter Viviane da Costa mudava-se da Tupi para o Sistema Globo. O mesmo procedimento seguiria a Elisângela Salarolli, depois de passar pela Paradiso e Manchete.

No dia 14, alterações na grade da emissora. “Bom Dia Globo” às 3h, (Jorge Luiz), “Manhã...”às 10h (Canázio), “Boa Tarde...” às 13h (Alexandre Ferreira) e “Vale Tudo...” às 15h (Tino Jr.)

Andréa Maciel, a “Maria Chuteira”, uma inovação em reportagem esportiva, deixava a equipe do José Carlos Araújo. Resolvia fixar-se em Cabo Frio, cansada com os fins de semana.

Mais antigo (e popular) repórter da geral na Globo, Robson Aldir era promovido a apresentador, após um período como folguista. Ganhava as madrugadas de sábados para domingos.


terça-feira, 15 de maio de 2018

Rádiomania, o Livro/44

O APAGAR DAS TARDES
Em 2 de dezembro de 1985, pelo aniversário da Rádio Globo (41 anos ), era colocado no ar “A Tarde é Nossa”. O programa que a emissora lançava com Elói Decarlo tinha a finalidade de substituir o de Waldir Vieira (1944-1985) atração do horário na época, que morrera duas semanas antes, ou seja, em 14 de novembro.

Até aquele momento, Elói se dividia entre uma apresentação de manhã na Globo FM e, outra vespertina, na Mundial. Destacava-se com o “Toca-toca Mundial”, no velho estilo do ‘atendendo a pedidos’, e desfrutava do mesmo prestígio que o seu colega Alberto Brizola, com o “Participação...”, mesmo gênero, matinal.

Depois de fazer suspense por algum tempo, com chamadas promocionais, a Globo jogava todos os trunfos no programa de estreia. Coube a Haroldo de Andrade a gravação de uma caprichadíssima abertura. Na audição inaugural, presença de vários artistas e, como entrevistado, o governador Leonel Brizola, na ocasião ainda bem relacionado com o dono da empresa, jornalista Roberto Marinho.

Embora conservasse alguns quadros do programa anterior, Elói não se sustentaria no horário, em que perdia fragorosamente para o Paulo Lopes (*), da Rádio Tupi. As tardes dele na Globo perderam o brilho muito cedo, durando pouco mais de um ano. Nem o pagode (o autêntico, de raiz) em moda naquele período, conseguira ‘segurar’ o comunicador. Não combinava com o perfil de seu público.

Elói Decarlo retornaria à Mundial, onde os sintonizadores lhe eram bastante cativos e fiéis. Em seu lugar entraria o Luiz de França (1946-2017), que cumprira uma temporada na Globo de São Paulo. França, curinga no “Show da Noite” antes de ir para a Paulicéia, fora convidado por Alfredo Raimundo, diretor da emissora de lá. Trabalhara com ele na Tupi como noticiarista, após vencer um concurso na TV.

(*) Paulo Lopes atuara nas manhãs ao se desligar da “Patrulha da Cidade”, e havia se transferido para o horário de 1h às 4h.

MEMÓRIA—2011
O jornalista Gilmar Ferreira, do “Extra”, assumia em fevereiro, a gerência de esporte do SGR. Na vaga de Álvaro Oliveira Filho, que acumulava a função com a de comentarista da CBN.

Gilmar passava, também, a compor a bancada do “Enquanto a Bola Não Rola”, debate esportivo dominical , apresentado entre o meio-dia e 3h da tarde, sob o comando de Eraldo Leite.

Naquele mês, a equipe de esportes da SGR ganhava novos integrantes. Os repórteres Felipe Santos e Aline Falcone asinavam com a empresa, requisitados para atuarem pela CBN.

Com a volta de Heleno Rotai aos domingos na Tupi, das 6h às 9h, a emissora tirava do ar os programas da Mônica Venerábile, Mariana Maldonado e Luiz Ainbinder, na faixa das 6h às 10h.

A medida beneficiava o Haroldo de Andrade (Junior), que recebia a devolução do horário de 9h às 12h, de que tinha sido afastado para as entradas da Venerábile, Maldonado e o Ainbinder.



terça-feira, 8 de maio de 2018

Ouvindo as ondas

AS PORTAS QUE SE FECHAM
Lançada em setembro do ano passado, a Alpha FM (94,9) deixou o dial carioca no começo deste mês. Braço da Bandnews, em poder do Grupo Bandeirantes e há 12 anos arrendada ao Grupo Fluminense, foi vendida para o dono da Feliz FM, sendo destinada ao público evangélico. A negociação da antiga ‘Maldita’, propulsora do rock nos anos 60, incluiu o AM 540 da empresa de Niterói, editora do jornal do mesmo nome.

Também deixou o dial recentemente, ou seja, no final de março, a Fanática (104,5), fundada em 2016. Sua concessão era de São Gonçalo, com estúdios na Barra da Tijuca. Era 9ª no último boletim do Ibope.

Num período inferior a cinco anos, contando-se as duas relacionadas, oito emissoras fecharam as portas. Em novembro de 2015 a Manchete, em dezembro a Nativa e a Beat98; em julho de 2016 a Cidade.

Encerravam suas atividades em 2017, a MPB e a Bradesco Esportes. Aquela em janeiro, esta em março. Os funcionários da primeira foram pegos de surpresa, os demais, pelo que chamam ‘morte anunciada’.

VIROU MANCHETE
Até 1973, o que viria a ser Manchete AM 760, adquirida por Bloch Editores, era Federal de Niterói, propriedade do músico e compositor Antenógenes Silva. Com o novo dono entrou em concordata três vezes.

O Grupo Dial Brasil arrendou-a em 2000, não conseguindo mantê-la por falta de anunciantes. Em 2002 a concessão ficou na posse da Igreja Deus é Amor e, em 2006, sob o controle de Nasseh Comunicação.

NATIVA SEU NOME
Criada com o nome de Tupi FM em maio de 1974, a Nativa surgiria em agosto de 2000. Ao unificar a programação do AM com o FM em 2009, os Diários Associados arrendara a freqüência da Antena 1 (103,7).

Instalava-a no prédio da Rua Fonseca Teles, em São Cristóvão, pois, o da Rua do Livramento, na Saúde, foi vendido para uma empresa estrangeira.Depois de seis anos do arrendamento, o contrato não foi renovado.

...ERA SÓ SUCESSO
Da ‘costela’ da Eldopop, que funcionou entre 1973 e 1978, nasceria a 98 FM. Com uma programação bastante popular, ao contrário da antecessora, ela liderou o segmento durante dez anos consecutivos.

O surgimento de outras concorrentes, foi a razão da mudança de nome – Beat98. A audiência daria um salto, porém, o sucesso seria por pouco tempo. A FM O Dia, nova líder, acabaria com seu efêmero reinado.

PAPO RETO E,MÚSICA
Revolucionária, a Cidade mudaria a linguagem padrão do veículo, com um estilo coloquial, de pouca fala e muita música. Fundada em 1977, integrava o Sistema de Rádio Jornal do Brasil. Foi boa enquanto durou.

Em queda livre, sofreu extinção em março de 2006 e julho de 2016. Virou OI, primeiro , e Mania depois. Entre 2012 e 2013 foi arrendada à Jovem Pan 2 FM. Reformulada em 2014, ficara muito diferente da original.

DO CLÁSSICO À MPB
O Grupo O Dia comprava em 1994 a freqüência de 90,3 que era utilizada pela Opus 90 (emissora clássica do SRJB). Batizou-a de Nova FM e, posteriormente Nova MPB FM. Simplificada em 2002, tornou-se MPB.

Em 2005, Arianne de Carvalho, proprietária da rádio desligava-se da empresa. Com a desistência dela, aberta em 2012 a oportunidade para a parceria do Grupo Bandeirantes, cabendo-lhes 50% do passivo.

ESPORTES X NÁUFRAGOS
Ainda em 2012, mas em maio, era fundada a Bradesco Esportes FM. A proposta dos gestores consistia em dar ao público uma emissora exclusivamente esportiva, abordando modalidades que o rádio não cobria.

Em dezembro de 2013, os realizadores chegavam à conclusão que o projeto não obtinha os resultados esperados. O‘barquinho’ navegava em águas turvas, sendo a solução (aparente) em 2014, a troca de piloto.

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HORAFINAL.COM
Excelente o artigo de Mariliz Pereira Jorge, na “Folha de S. Paulo”, sábado (5) sobre pesquisa Datafolha, divulgada na véspera. Escreve ela na abertura: “O país mudou. Mudou com ele o brasileiro e suas paixões. E o futebol, quem diria, parece uma das maiores. Bem, venho dizendo isso há bastante tempo. Que as pessoas sequer se interessam pelos estaduais mequetrefes (...) amistosos da seleção (...) escalação de jogadores."

terça-feira, 1 de maio de 2018

Rádiomania, o Livro/43

NOBRE, MAS CURTO
A Rádio Jornal do Brasil AM abria espaço aos programas de debates, concorrendo com o do Haroldo (Globo) e o do Paulo Barboza (Tupi). A estreia se dava em 1° de junho de 1985. De 9h ao meio-dia, considerado horário nobre nas manhãs do Rio, o novo programa da emissora tinha o comando de Luiz Santoro, um ex-bancário que, depois de muito esforço, seguira a profissão de locutor, para a qual não tinha o menor jeito – de acordo com os vários testes a que se submetera na Escola do Rádio, dirigida por um bamba do FM, Eládio Sandoval.

Santoro já havia se projetado no “Jornal da Manchete”, na rede de televisão do Adolpho Bloch, quando fora comandar o programa da JB AM. A emissora retomava, com ele, o projeto denominado “Manhã JB”, um cartaz sob a condução do Eliachin Araújo, em 1980, Apesar de ter boa qualidade ficara, por falta de patrocínio, tempo curto no ar. A equipe de jornalismo era coordenada por Mário Rodrigues. Uma reportagem especial ao longo da semana, se constituía no seu principal destaque.

Com a dissolução da equipe e o conseqüente fim do programa, Mário Rodrigues e Luiz Santoro arrumariam suas vidas na Bandeirantes, antiga Guanabara, onde apresentariam por poucos meses, uma produção de gênero semelhante. Anos depois, enquanto Santoro se dedicava às gravações de comerciais, Mário se incorporava ao “Show do Antônio Carlos”, na Globo e, deste, acabaria atuando no programa do Haroldo de Andrade.

Em agosto de 1984, a Jornal do Brasil comemorava 50 anos de fundação. Como parte do evento, lançava o “Encontro com a Imprensa”, de 2h às 3h da tarde, conduzido pelo jornalista Neri Vitor, Na estreia ele entrevistava o ator Grande Otelo, então com 70 anos de idade. Neri trocaria a JB pelo “O Estado de S.Paulo”, e o “Encontro”, de formato. Sidney Rezende, revelado pela Roquette Pinto se tornaria ocupante da vaga.

MEMÓRIA—2010
Os repórteres Rafael Araújo (ex-Brasil) e Camila Carelli chegavam em outubro ao esporte da Rádio Globo. Camila assumia a coordenação, no lugar de Marcus Vinícius Pinto, promovido a comentarista da CBN.

Em novembro, Rui Guilherme (Sportv), retornava à (Super) Rádio Tupi, depois de uma longa ausência. Ele passava a integrar a bancada de debates do “Bola em Jogo”, atração dominical pilotada por Luiz Ribeiro.

Valor da nova geração, Diego Thirler acertava seu ingresso na Brasil AM, tendo passado pela Tamoio. Revelara-se na equipe esportiva da Bandeirantes, que encerrava atividades dois meses após a Copa do Mundo.