Nas Ondas do
Rádio
REMINISCÊNCIAS (Parte II, 7)
Muito esperto, o radialista aproveitava o seu imenso
prestígio para outras investidas. Dotado de apreciável sensibilidade, gravaria
vários discos como cantor, alguns para o chamado meio-de-ano, e outros para o
carnaval, de que era dos incentivadores. No seu repertório foram incluídos
sambas, sambas-choros, maxixes, baiões e, principalmente, marchinhas, bem ao
gosto do público. Nas músicas de meio-de-ano, poucas vezes ele aparecia sozinho.
O número relativo de gravações que fez, foi em dupla com Marlene, Emilinha
Borba ou Heleninha Costa.
A sua irreverência se refletia nas letras de algumas dessas
músicas, compostas especialmente para ele gravar. Foram, por exemplo, os casos
de Há Sinceridade Nisso?, de Manezinho Araújo, Namoro no Portão, de Luís
Bitencourt, e O que é Isto?, de Abelardo (Chacrinha) Barbosa e Nestor de
Holanda. Num dos carnavais de que participara, gravou As Mal-amadas, marchinha
de Luiz Antônio, que retratava as mulheres
excessivamente sonhadoras, na
iminência de ficarem pra ‘titias’:
‘As mal-amadas
São as grandes mulheres
Posso provar
Se tu quiseres
As mal-amadas (bis, bis)
Carinho, amor e ternura
A mal-amada não conheceu
Mas tem confiança na jura
Daquele que o peito elegeu...’
A dupla Haroldo Lobo-Milton de Oliveira escreveu para ele num
desses carnavais, No Japão é Assim, uma sátira à semelhança física entre as
mulheres daquele país, também gravada por Jorge Veiga. Dizia:
‘No Japão é que é bom
Japonês não passa mal
Não há mulher bonita
Nem feia, é tudo igual (bis, bis)
Não há lourinha
Não há, não há, não há
Morena nem pretinha
Nem mulata sarará
Lá não se briga
Por causa de mulher
Quem perde a sua
Apanha a que quiser...’
Em outro carnaval, a mesma dupla dava para o César gravar,
Coitado do Abdalla, historiando a peregrinação de ambulantes, vendedores de
bugigangas:
‘Rala, rala, rala
Coitado do Abdalla
Rala, rala, rala (bis, bis)
Sobe e desce o morro
Carregando a sua mala
Chega o fim do mês
Ninguém paga ao Abdalla
Pra comprar fiado
Todo mundo quer comprar
Mas no fim do mês
Como é duro de cobrar...’
E, tinha uma de Carvalhinho –
Cossaco. A primeira parte afirmava:
‘Se o cossaco, enche o saco
Que buraco, que buraco
Afinal é muito feio
Ter mais um cossaco cheio’
Mas, irreverência não fora tudo na vida do artista. Ele
reservara momentos para as músicas sérias, dois clássicos pelo menos: Dorinha,
meu Amor, de José Francisco de Freitas, criação de Mário Reis nos anos 30, e
também desse mesmo tempo, Os Quindins de Yayá, de Ary Barroso (gravou com
Emilinha Borba), originalmente lançada por Carmem Miranda e Almirante.
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Ondulantes.Com
/o Como Vai Você? nome
da velha canção do Roberto Carlos é o título do novo quadro do Cidinha Livre na
Super Tupi. O cantor, humorista e apresentador de TV da década de 70 Moacyr
Franco foi o terceiro entrevistado, quarta-feira (24).
/o Fez Cidinha Campos
rir (e nós também). Figura hilária com suas tiradas, disse que toma quinhentos
(?!!!) remédios. Queixou-se da falta de criatividade no meio mercado-arte,
citando como exemplo, a frase ‘um beijo no seu coração’.
/o Tem horror aos
lugares-comuns, mas, ao que lhe parece, alguns coleguinhas não aprendem,
observou. Aos 84 anos, acabara naquela manhã cinco roteiros de uma produção
para ser dirigida por Jonnhy Franco, o Guto, seu filho.
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