Nas Ondas do Rádio
REMINISCÊNCIAS (Parte II, 4)
Havia, paralelo a isso que relatamos na postagem anterior, os seriados de aventura. O Anjo, interpretado por Álvaro Aguiar, um exemplo na mesma Nacional, com capítulos de 10 minutos. Companheiro do personagem/titulo, o Metralha vivido por Osvaldo Elias, que ainda se caracterizava como o zangado Doutor Infezulino da Família Firim-Fimfim dentro do Programa Luiz Vassalo. (Além desse quadro, faziam parte da atração, Quando os Ponteiros se Encontram, com Francisco Alves, ‘O Rei da Voz’, depois com Orlando Silva, ‘O Cantor das Multidões’, A Hora do Pato (de calouros) e Coisas do Arco da Velha, humorístico estrelado por Floriano Faissal, Ema Dávila, Nilza Magrassi e Norma Geraldy.)
Seriado que também marcou época foi Jerônimo, o Herói do
Sertão, de Moisés Weltman, encarnado por Milton Rangel, coadjuvado por Cauê
Filho (Moleque Saci) e Dulce Martins (Aninha) a noiva eterna do herói. Também
na emissora famosa O Sombra, modelo americano importado dos Estados Unidos e
que permaneceria longa temporada no ar. O intérprete era Saint-Clair Lopes e,
em São Paulo, o similar na Record, por conta de Otávio Gabus Mendes. O seriado mereceria
ainda atenção de Almirante (‘a maior patente do rádio’). Seu investimento:
Incrível, Fantástico, Extraordinário baseado em cartas de ouvintes que
relatavam experiências com o sobrenatural. Lançado na Rádio Clube do Brasil,
seria mais tarde apresentado pela Nacional e, depois Tupi.
CALOUROS E BAIXAS
Tão importante quanto o Calouros em Desfile de Ary Barroso,
foram A Hora do Pato, com Jorge Curi e Papel Carbono, de Renato Murce – aquele
durante 16 anos com o mesmo apresentador, outro nome revelado pelo mineiro Ary,
que igualmente ao seu descobridor se tornaria locutor esportivo. Curi ganhara o
comando de A Hora do Pato por não querer trabalhar no Serviço Brasileiro da BBC
de Londres, pois era noivo, e estava de casamento marcado. Aurélio de Andrade, a
quem a emissora destinava a representação, seguiria no lugar do companheiro.
Produtor e apresentador de Papel Carbono, Renato Murce não
gostava da expressão ‘calouros’, e classificava de ‘gente nova’ os candidatos a
seu programa. Nele só se apresentavam pessoas com reais pendores artísticos,
submetidas a rigorosos testes. No Papel... então na Rádio Clube do Brasil
revelaram-se Luiz Gonzaga, naquele tempo apenas sanfoneiro, e o humorista José
Vasconcelos.
O rádio sofrera nos anos 60 enormes baixas. A magia da
televisão conquistara o grande público, atraindo os mais expressivos nomes do
veículo e, com isso, os melhores anunciantes. A situação política com seus
percalços proporcionava a implantação de uma censura violenta, resultando
proibições diversas.
SINTONIA EM FM
Na década de 70 o rádio ganharia um forte concorrente – o FM,
sinônimo de som puro e estéreo. O avanço tecnológico, porém, se daria aos
poucos. Segundo Fernando Veiga, diretor-superintendente do Sistema de Rádio
Jornal do Brasil até meados de 1990, a modalidade viria a suprir uma lacuna nas
transmissões em AM. O desenvolvimento do FM, explicaria ele, começara na
América e, no início, era visto com uma absoluta indiferença pelo empresariado.
Segundo ainda Fernando Veiga, a implantação da Cidade FM fora
revolucionária, pois, ela descortinava o caminho do comunicador e das paradas
de sucesso, com o modelo de falar pouco. O rádio passaria a ser feito por
profissionais jovens, que se dedicavam inteiramente a essa faixa de público. A
primeira emissora de FM no Brasil foi a Imprensa, no Rio, que adotava no final
dos anos 60, o processo de música ambiente, sem a participação de locutor. No
princípio, alguns chamavam o negócio de ‘música de elevador’, ou ‘música de
consultório’, um serviço oferecido aos condomínios por meio de assinaturas.
O FM da Jornal do Brasil surgiria em 1970, o da Globo em 1972
e, depois o da Tupi. Registrar-se-iam daí uma sucessão de emissoras dentro da
modalidade. À Globo coubera o pioneirismo em estereofônico. Com o advento da Cidade,
do Sistema JB, uma grande guinada no segmento. Isso aconteceria em 1977, quando
a emissora revolucionaria o meio com sua linguagem coloquial, base do slogan
{Fazendo Escola em FM} criado por Eládio Sandoval, da equipe onde sobressaíam
Fernando Mansur, Ivan Romero, Cléver Pereira, Romilson Luís.
Também nos anos 70 apareceriam em São Paulo as novidades em
FM. A primeira fora a Bandeirantes, mantendo uma programação voltada para os
temas nacionais e internacionais não explorando somente o sucesso. De acordo
com Otávio Ceschi Júnior, produtor e comunicador, até de programas sertanejos
se cogitava. Uma antevisão do que a 105 viria a fazer em 1991, o que lhe
serviria para desbancar os nove anos de liderança da 98, que antes se chamava
Eldo Pop.
FORMAÇÃO DE REDE
Da experiência inaugural de Edgard Roquette Pinto no distante
1922 aos dias posteriores, a utilização do satélite pelo FM possibilitando a
formação de rede. Assim, ficaria superado de longe o limite teórico dos 100
quilômetros quadrados até então estabelecidos.
Com os novos recursos, a Transamérica saía na dianteira.
Destinava em horários prefixados as co-irmãs de São Paulo, Brasília, Recife,
Salvador e Curitiba e mais de 30 emissoras espalhadas por diversos estados
brasileiros. A audiência nesse novo sistema, era estimada em oito milhões de
ouvintes, enquanto anteriormente, nos horários de maior pique, a
Transamérica-Rio, por exemplo, alcançava em média 70 mil ouvintes por minuto.
Depois dela, a Cidade, no Rio, Bandeirantes e Metropolitana, em São Paulo,
aderiam à inovação.
O ESTÉREO NA FÉ
Privatizada no governo Sarney, a Nacional FM virava RPC.
Pouco depois, ela ressurgia em outro prefixo, na faixa dos 93,3 Mhz – uma das
FMs coordenadas por José Messias, também responsável pela implantação da
Melodia, nascida em Petrópolis (mais tarde emissora religiosa com estúdios na
Vila da Penha) e, pela Serra e Mar, em Saquarema. Em abril de 1992, então com
uma programação 60 por cento voltada para a música sertaneja, a nova Nacional
partia em busca de um público segmentado, de qualidade.
A ideia era deixar a linha do popularesco, pois, sua direção
apostava num projeto mais elevado e, para tanto, contratava prestigiosos
profissionais. O plano, porém, morreria no nascedouro, não saindo do papel. Um
deputado (também pastor protestante) tornara-se detentor da concessão, surgindo
assim a El Shaddai, mais uma FM religiosa, entre as primeiras a invadir o
segmento.
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Ondulantes.Com
CBN Esportes, no ar desde a fundação da emissora, e
transmitido de São Paulo em rede das 9h ao meio-dia, tem novo titular –
Vinícius Moura. Ele desbancou Carlos Eduardo Éboli, o seu mais longevo
apresentador. /o Primeiro com Alex de Oliveira, depois Ricardo Teles os
apresentadores do Redação Paradiso, nas férias de Sérrgio Gianotti na
SulAmérica Seguro Paradiso FM. /o A Turma do Rádio, na Roquette Pinto (94 FM)
entrou em fase de reprises. O programa deste sábado (30) foi o mesmo da semana
passada, tendo se registrado
precedentes. Francisco Barbosa pode
explicar isso?