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sábado, 30 de janeiro de 2021

 Nas Ondas do Rádio

REMINISCÊNCIAS (Parte II, 4)

Havia, paralelo a isso que relatamos na postagem anterior, os seriados de aventura. O Anjo, interpretado por Álvaro Aguiar, um exemplo na mesma Nacional, com capítulos de 10 minutos. Companheiro do personagem/titulo, o Metralha vivido por Osvaldo Elias, que ainda se caracterizava como o zangado Doutor Infezulino da Família Firim-Fimfim dentro do Programa Luiz Vassalo. (Além desse quadro, faziam parte da atração, Quando os Ponteiros se Encontram, com Francisco Alves, ‘O Rei da Voz’, depois com Orlando Silva, ‘O Cantor das Multidões’, A Hora do Pato (de calouros) e Coisas do Arco da Velha, humorístico estrelado por Floriano Faissal, Ema Dávila, Nilza Magrassi e Norma Geraldy.)

Seriado que também marcou época foi Jerônimo, o Herói do Sertão, de Moisés Weltman, encarnado por Milton Rangel, coadjuvado por Cauê Filho (Moleque Saci) e Dulce Martins (Aninha) a noiva eterna do herói. Também na emissora famosa O Sombra, modelo americano importado dos Estados Unidos e que permaneceria longa temporada no ar. O intérprete era Saint-Clair Lopes e, em São Paulo, o similar na Record, por conta de Otávio Gabus Mendes. O seriado mereceria ainda atenção de Almirante (‘a maior patente do rádio’). Seu investimento: Incrível, Fantástico, Extraordinário baseado em cartas de ouvintes que relatavam experiências com o sobrenatural. Lançado na Rádio Clube do Brasil, seria mais tarde apresentado pela Nacional e, depois Tupi.

 

 CALOUROS E BAIXAS

Tão importante quanto o Calouros em Desfile de Ary Barroso, foram A Hora do Pato, com Jorge Curi e Papel Carbono, de Renato Murce – aquele durante 16 anos com o mesmo apresentador, outro nome revelado pelo mineiro Ary, que igualmente ao seu descobridor se tornaria locutor esportivo. Curi ganhara o comando de A Hora do Pato por não querer trabalhar no Serviço Brasileiro da BBC de Londres, pois era noivo, e estava de casamento marcado. Aurélio de Andrade, a quem a emissora destinava a representação, seguiria no lugar do companheiro.

Produtor e apresentador de Papel Carbono, Renato Murce não gostava da expressão ‘calouros’, e classificava de ‘gente nova’ os candidatos a seu programa. Nele só se apresentavam pessoas com reais pendores artísticos, submetidas a rigorosos testes. No Papel... então na Rádio Clube do Brasil revelaram-se Luiz Gonzaga, naquele tempo apenas sanfoneiro, e o humorista José Vasconcelos.

O rádio sofrera nos anos 60 enormes baixas. A magia da televisão conquistara o grande público, atraindo os mais expressivos nomes do veículo e, com isso, os melhores anunciantes. A situação política com seus percalços proporcionava a implantação de uma censura violenta, resultando proibições diversas.

 

SINTONIA EM FM

Na década de 70 o rádio ganharia um forte concorrente – o FM, sinônimo de som puro e estéreo. O avanço tecnológico, porém, se daria aos poucos. Segundo Fernando Veiga, diretor-superintendente do Sistema de Rádio Jornal do Brasil até meados de 1990, a modalidade viria a suprir uma lacuna nas transmissões em AM. O desenvolvimento do FM, explicaria ele, começara na América e, no início, era visto com uma absoluta indiferença pelo empresariado.

Segundo ainda Fernando Veiga, a implantação da Cidade FM fora revolucionária, pois, ela descortinava o caminho do comunicador e das paradas de sucesso, com o modelo de falar pouco. O rádio passaria a ser feito por profissionais jovens, que se dedicavam inteiramente a essa faixa de público. A primeira emissora de FM no Brasil foi a Imprensa, no Rio, que adotava no final dos anos 60, o processo de música ambiente, sem a participação de locutor. No princípio, alguns chamavam o negócio de ‘música de elevador’, ou ‘música de consultório’, um serviço oferecido aos condomínios por meio de assinaturas.

O FM da Jornal do Brasil surgiria em 1970, o da Globo em 1972 e, depois o da Tupi. Registrar-se-iam daí uma sucessão de emissoras dentro da modalidade. À Globo coubera o pioneirismo em estereofônico. Com o advento da Cidade, do Sistema JB, uma grande guinada no segmento. Isso aconteceria em 1977, quando a emissora revolucionaria o meio com sua linguagem coloquial, base do slogan {Fazendo Escola em FM} criado por Eládio Sandoval, da equipe onde sobressaíam Fernando Mansur, Ivan Romero, Cléver Pereira, Romilson Luís.

Também nos anos 70 apareceriam em São Paulo as novidades em FM. A primeira fora a Bandeirantes, mantendo uma programação voltada para os temas nacionais e internacionais não explorando somente o sucesso. De acordo com Otávio Ceschi Júnior, produtor e comunicador, até de programas sertanejos se cogitava. Uma antevisão do que a 105 viria a fazer em 1991, o que lhe serviria para desbancar os nove anos de liderança da 98, que antes se chamava Eldo Pop.

 

FORMAÇÃO DE REDE

Da experiência inaugural de Edgard Roquette Pinto no distante 1922 aos dias posteriores, a utilização do satélite pelo FM possibilitando a formação de rede. Assim, ficaria superado de longe o limite teórico dos 100 quilômetros quadrados até então estabelecidos.

Com os novos recursos, a Transamérica saía na dianteira. Destinava em horários prefixados as co-irmãs de São Paulo, Brasília, Recife, Salvador e Curitiba e mais de 30 emissoras espalhadas por diversos estados brasileiros. A audiência nesse novo sistema, era estimada em oito milhões de ouvintes, enquanto anteriormente, nos horários de maior pique, a Transamérica-Rio, por exemplo, alcançava em média 70 mil ouvintes por minuto. Depois dela, a Cidade, no Rio, Bandeirantes e Metropolitana, em São Paulo, aderiam à inovação.

 

O ESTÉREO NA FÉ

Privatizada no governo Sarney, a Nacional FM virava RPC. Pouco depois, ela ressurgia em outro prefixo, na faixa dos 93,3 Mhz – uma das FMs coordenadas por José Messias, também responsável pela implantação da Melodia, nascida em Petrópolis (mais tarde emissora religiosa com estúdios na Vila da Penha) e, pela Serra e Mar, em Saquarema. Em abril de 1992, então com uma programação 60 por cento voltada para a música sertaneja, a nova Nacional partia em busca de um público segmentado, de qualidade.

A ideia era deixar a linha do popularesco, pois, sua direção apostava num projeto mais elevado e, para tanto, contratava prestigiosos profissionais. O plano, porém, morreria no nascedouro, não saindo do papel. Um deputado (também pastor protestante) tornara-se detentor da concessão, surgindo assim a El Shaddai, mais uma FM religiosa, entre as primeiras a invadir o segmento.

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Ondulantes.Com

CBN Esportes, no ar desde a fundação da emissora, e transmitido de São Paulo em rede das 9h ao meio-dia, tem novo titular – Vinícius Moura. Ele desbancou Carlos Eduardo Éboli, o seu mais longevo apresentador. /o Primeiro com Alex de Oliveira, depois Ricardo Teles os apresentadores do Redação Paradiso, nas férias de Sérrgio Gianotti na SulAmérica Seguro Paradiso FM. /o A Turma do Rádio, na Roquette Pinto (94 FM) entrou em fase de reprises. O programa deste sábado (30) foi o mesmo da semana passada,  tendo se registrado precedentes.  Francisco Barbosa pode explicar isso?

 

 

 

 

 

sábado, 23 de janeiro de 2021

Nas Ondas do Rádio

 

REMINISCÊNCIAS (Parte II, 3)

Antes de se especializar em novelas, a Rádio São Paulo tinha no humorismo um dos pontos de atração. Ariovaldo Pires, o Capitão Furtado, que também atuaria na Educadora, era o nome mais importante do elenco. Cascatinha do Genaro, que ele criou e apresentava, foi um programa de muita popularidade. Em todos os tempos, a situação política fornecia subsídios para o humorismo no rádio e, marco desse gênero, inegavelmente, o PRK-30, de Lauro Borges e Castro Barbosa. Na década de 30 é que surgiriam os primeiros programas e, Dino Cartopacci com o Zé Fidélis, um exemplo disso.

O programa de Renato Murce, Piadas do Manduca, lançado pela Rádio Clube do Brasil, era chamado de Cenas Escolares. A mudança de nome e enfoque deveu-se a reclamações do professorado, que se incomodava com a maneira que ele retratava o dia-a-dia da classe. A fase de maior sucesso ocorreria na Rádio Nacional. Além do autor, os intérpretes eram Brandão Filho, Lauro Borges e Castro Barbosa. Os dois últimos, em voo solo – criadores do PRK-30 – mudariam para a Mayrink Veiga e nela ficariam até 1945, de onde iriam para a Nacional. Em 1956, trocaram mais uma vez de prefixo, ingressando na Record.

 

UM PROJETO NOVO

Nesse ano a Nacional colocaria em prática um projeto   que vinha adiando. O horário vago com a saída de Borges e Barbosa seria ocupado pelo Balança Mas Não Cai, de Max Nunes, com narração de Afrânio Rodrigues e a participação de um numeroso cast de comediantes. No programa, dois anos mais tarde, incorporava-se um quadro de muita repercussão – O Primo Rico e o Primo Pobre, idealizado por Paulo Gracindo, que contracenava com Brandão Filho. Dono de uma versatilidade incrível, Brandão também se destacaria como personagem-chave da série escrita por Giusseppe Ghiaroni, Tancredo e Trancado, um memorável programa apresentado aos domingos ao anoitecer. Brandão era o Tancredo, e o Trancado, Apolo Correa.

Outra dupla de destaque foi Alvarenga e Ranchinho, com passagens pela Nacional e Tupi. De brilho intenso também, o humorista Silvino Neto. O Hotel da Pimpinela, habitado por uma galeria de personagens, explorava a fundo os acontecimentos políticos. Silvino se assemelhava ao Nhô Totico (Vital Fernandes da Silva) de São Paulo, que fazia uma variedades de tipos e personagens e a sonoplastia de seus programas. Teve atuações em diversas emissoras, ficando mais tempo na Rádio Cultura.

 

PERTO DOS ÍDOLOS

Os anos 30, 40 e 50 proporcionariam oportunidades para o público de auditório conhecer os seus ídolos. Na Rádio Kosmos, de São Paulo, ocorreram as primeiras manifestações, onde se instalava um salão de baile e, exibições de orquestras, ao vivo. Na Rádio Nacional, o Caixa de Perguntas, do Almirante, era um modelo. Havia, na década de 40, o preconceito da classe média contra esses programas. As donas de casa, segundo o crítico José Ramos Tinhorão, se irritavam ao ouvir aquele alarido no rádio, especialmente as que precisavam de uma empregada doméstica. Elas achavam, por isso, que o local era para pessoas que não tinham o que fazer.

Em 1943, depois de uma parada na Mayrink Veiga, o Trem de Alegria, de Heber de Bôscoli e Iara Sales, estacionaria na gare da Nacional. Lamartine Babo, que dele era componente, intitulava o grupo de ‘Trio de Osso’, numa comparação irônica ao Trio de Ouro, formado por Herivelto Martins, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas. Heber e Iara se tornaram mais populares ainda com A Felicidade Bate à sua Porta – ele de algum lugar da rua, ela transmitindo do estúdio. (Iara se desmanchava em zelo com o marido e, pelo microfone, recomendava que ele não esquecesse de usar a boina, pois Heber tinha sérios problemas de asma). O programa, no entardecer dos domingos, era apresentado antes do Tancredo e Trancado. Um show musical A Felicidade...  fazia distribuição de prêmios aos ouvintes consumidores de sabão e outros produtos de limpeza da União Fabril Exportadora.

 

CAVANDO AS RAÍZES

A origem dos programas de auditório remete aos de calouros. Os primeiros foram apresentados por Celso Guimarães na Rádio Cruzeiro do Sul paulista e, Ary Barroso, na Kosmos. O de Ary, Calouros em Desfile, passaria também pela Cruzeiro do Sul {carioca}, mas ganharia muita fama na Tupi, do Rio. Ary foi o descobridor de Paulo Gracindo, entre tantos valores e, responsável pela ascensão deste como animador de auditório. Essa história Gracindo contaria a Luiz Carlos Saroldi e Nei Hamilton num especial da Rádio Jornal do Brasil. Por causa do futebol, Ary faltava muito ao programa, que era das 8h às 9h da noite. Faltava, principalmente, quando o Flamengo perdia. Então, recomendava à  direção da emissora que escalasse o ator. Gracindo desempenhava muito bem a função, do que acabou gostando. Exatamente na Tupi nasceria o programa a que ele emprestava o nome, que anos depois mudaria de prefixo. Anteriormente, Gracindo comandava o Rádio Sequência G-3, audição diária na hora do almoço.

O seu programa ficaria 21 anos na Rádio Nacional, e era uma miscelânea de tudo que havia de melhor na emissora. Em sua etapa inicial a comicidade estava a cargo de Manuel de Nóbrega e Silvino Neto, a contra-regra com Jorge Veiga (que aspirava ser cantor e vivia pedindo uma oportunidade) e, na corretagem de anúncios, nada menos que Abelardo Barbosa, que viria a ser o famoso Chacrinha da TV. Com o programa do Gracindo, aos domingos de 10h ao meio-dia, disputavam a preferência do público, o de César de Alencar, das 3h da tarde às 7h da noite, e o de Manuel Barcelos, às quintas-feiras, de 11 da manhã à uma da tarde. No de César, a rivalidade entre as cantoras Emilinha Borba e Marlene, circunscrita ao domínio dos fãs-clubes.

 

OUTROS CAMINHOS

Os novos rumos do rádio se descortinavam na década de 40. Vieram os filões, e a radionovela que se popularizaria rapidamente. Seu antecedente ocorrera na Record –as peças de 50 minutos de duração sob o título geral de Teatro Manuel Durães. O gênero, na Mayrink Veiga, chamava-se Teatro Pelos Ares, dirigido por Cordélia Ferreira. Em São Paulo, o sucesso das novelas obrigava a utilização de uma viatura dos Correios para o transporte de cartas destinadas aos atores e autores. Oldemar Ciglione, Ênio Rocha, Arlete Montenegro, Nilva Aguiar e Walter Forster, entre outros, provocavam os suspiros das domésticas. No Rio, nos anos 50 a Nacional chegava a ter 16 novelas em cartaz. De Em Busca da Felicidade a O Direito de Nascer (quase um ano no ar), os locutores apregoavam sempre: ‘E ouçamos mais um emocionante capítulo de...’

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Ondulantes.Com 

O vestido azul que um professor presenteara aluna pobre alterou a vida de uma comunidade. Pintura de otimismo esse quadro Moral da História, no Programa Roberto Canazio, na Super Rádio Tupi, neste sábado (23). /o Em meio a uma playlist de números conhecidos, Alexandre Tavares conduz o Painel JB, 1ª Edição, das 7h às 9h das manhãs de 2ª a 6ª feiras. Boa opção para quem quer saber das últimas em tempo curto.

sábado, 16 de janeiro de 2021

Nas Ondas do Rádio

REMINISCÊNCIAS (Parte II, 2)

Deve-se a Almirante as modificações no rádio. Com o seu Curiosidades Musicais ele inovava em 1938 na Rádio Nacional, dando forma aos programas montados. Esse tipo de programa reunia cantores, orquestras, atores e, naturalmente um narrador no comando das ações. São Paulo e Rio de Janeiro produziam estilos diferentes e eram os maiores centros de radiodifusão. A Nacional dominava nos anos 40 e suas ondas só não chegavam à Pauliceia por causa da Serra da Mantiqueira, entre os dois estados. Essa soberania, porém, pertencera à Mayrink Veiga por alguns anos antes. César Ladeira pontificava como o nome mais importante, em função do prestígio que obtivera com a Revolução Constitucionalista de São Paulo.

Durante o governo Getúlio Vargas, em 1940, todas as empresas do grupo A Noite seriam encampadas. Nomeado superintendente da Nacional, Gilberto de Andrade desfrutava de enorme conceito, fazia uma administração muito aberta. Contratava os maiores profissionais e dotava o rádio das melhores condições, pois conhecia bem o pessoal e sabia o que o governo queria. Edmo do Vale, chefe do Departamento de Contra Regras da emissora por longo tempo, fora   testemunha dessa história. Segundo ele, o rádio-teatro sob a direção de Vítor Costa chegou a ter 120 profissionais e o departamento que lhe dava  sustentação, estúdio  próprio.

 

AS RADIONOVELAS

A Rádio Nacional era um clássico em radionovelas no Rio, e na terra dos bandeirantes a Rádio São Paulo. No dizer de Mário Brasini, novelista na fase áurea da emissora, impossível traçar um perfil do veículo sem se falar no gênero. A década de 30 representaria um marco decisivo no rádio. Ele cresceria com a publicidade paga, permitindo a formação de quadros. Começaria, então, a surgir os profissionais. A Nacional, que revolucionaria todos os conceitos do veículo, foi inaugurada em setembro de 1936, emitindo seu sinal, oficialmente, às 9 horas da noite do dia 12. Foram seus fundadores Aurélio de Andrade, Oduvaldo  Cozzi e Celso Guimarães, que  se reuniam numa sala do 4º andar do edifício da Praça Mauá 7, onde cuidavam dos preparativos. Celso seria o responsável pela estrutura de programação.

Nove dias antes entrava no ar a Inconfidência de Belo Horizonte, emissora   criada para atender à Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, que tinha como titular Israel Pinheiro, mais tarde eleito governador do estado. O objetivo da rádio era orientar o homem do campo e, para tanto, contratou-se o agrônomo João Anatólio Lima, dono de um programa específico, inicialmente com meia hora, depois com uma de duração. A Hora do Fazendeiro foi o primeiro programa a divulgar músicas sertanejas no Brasil.

 

UNINDO AS FORÇAS

Empresa jornalísticas visualizaram no rádio a maneira de unificar suas forças. O caso dos Diários Associados com a Tupi, A Noite com a Nacional, e Jornal do Brasil com a emissora homônima. Do patrimônio de A Noite participavam Noite Ilustrada, Vamos Ler, e A Carioca, entre outras revistas. Em 1940 o rádio já era um grande veículo de comunicação. Com a encampação da Nacional pelo governo aumentaram os recursos financeiros, técnicos e de material humano.

‘A Nacional era ouvida em todo o Brasil por uma massa enorme de público’, revelaria Paulo Tapajós, diretor e produtor musical da emissora por muitos anos. ‘Isso aguçava o interesse dos anunciantes, que formavam fila à espera de uma vaga na programação. Aos poucos foram suprimidos os quartos de hora, onde se focalizava um determinado artista e, criou-se os programas de talentos, de inteligência’.

 

ALÉM DO HORIZONTE

Em 1942 a Rádio Nacional ganharia novo estúdio com palco e plateia. E também passaria a operar em onda curta com antena dirigida para a Europa, revelaria ainda Paulo Tapajós. Numa determinada época, segundo ele, a Nacional era considerada a quinta emissora do hemisfério, competindo com a BBC (Inglaterra), NBC (Estados Unidos), Europa 1 (França) e RAI (Itália).

‘É fundamental se reconhecer o impacto da onda curta (...) Através dela o rádio mostrava o que o Brasil tinha a oferecer, dentro de uma política de integração’. A observação é de Sônia Virgínia Moreira, então professora de jornalismo da UERJ, que durante algum tempo trabalhou na RJB e publicou vários livros sobre o tema.

 

MAIOR RENOVAÇÃO

Almirante, Radamés Gnatalli e José Mauro formavam o tripé de maior renovação da Nacional. A eles se juntariam Haroldo Barbosa e Paulo Tapajós, segundo o especialista e estudioso da história da emissora, Luiz Carlos Saroldi, acrescentando: ‘Chegava o tempo da radionovela, com Em Busca da Felicidade, e também o jornalismo se projetava com o modelo do Repórter Esso’’.

Num depoimento ao Especial da RJB em outubro de 1997, Radamés Gnatalli dissera que só fazia Um Milhão de Melodias, programa de lançamentos, para o qual escrevia arranjos e orquestrações. Os maestros Lírio Panicalli e Léo Perachi, seus companheiros na emissora, também desfrutavam de funções privilegiadas. Panicalli tratava dos programas românticos, Perachi dos sinfônicos. Festivais GE era feito com a única finalidade de atender a esse último caso.

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Ondulantes.Com

Ana Paula, a Portuguesa com dupla missão na Super Tupi. Além de atuações no ‘Clóvis Monteiro’, aparecendo no antecedente ‘Antônio Carlos’, falando dos últimos bochichos das celebridades. /o Carlos Andreazza, que participava há pouco mais de um ano da BandNews Rio, muda de prefixo agora no início de 2021. Vai ancorar um horário na CBN, familiar para ele, pois, já integrava o quadro de colunistas de O Globo.  /o  Alex Oliveira é, no transcorrer deste mês, o responsável pela Redação Paradiso, das 6h às 9h, na SulAmérica Seguro Paradiso FM. Sérgio Gianotti, de férias, retorna em fevereiro.

   

 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Nas Ondas do Rádio

 

ROQUETTE, UM VERÃO A MAIS

Durou um ano e três meses apenas a ‘lua de mel’ do Raphael de França com a Roquette Pinto (94 FM), onde era titular do matinal Conexão RJ, acumulando com o posto de coordenador de programação.

 

O governo pediu o cargo de presidente que vinha sendo exercido por Cristiane de Almeida e, como acontece normalmente nas estatais, quando cai um dirigente, sobra para os que lhe são próximos.

 Para o lugar de Cristiane foi nomeado o jornalista Thiago Gomide, que já indicou seu imediato, o músico Toni Platão, como diretor-artístico. Com a dupla que saiu, a Roquette ganhou em dinamismo.

 Acredita-se, todavia, que a linha adotada a partir de novembro passado seja mantida na emissora administrada pelo governo estadual, embora alguns programas e profissionais tenham perdido o espaço.

 Uma das novidades com as mudanças na rádio é a volta do Toda Tarde, que esteve fora de cartaz. Antes, apresentação de Selma Boiron, agora por Renata de Ávilis. Era das 2h às 5h. No retorno começa às 2h30.

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Ondulantes.Com

Divulgado pelo Kantar Média Ibope o levantamento do último trimestre de 2020. A surpresa do panorama é a Catedral, penúltima do Top 10. Pouco modificada, a situação é essa..

1º Melodia, 2° Super Tupi, 3º O Dia, 4º JB, 5º 93 FM, 6º Globo, 7° Mix, 8° Cidade, 9º Catedral e 10° BandNews. Pela ordem de  11° a 14°, SulAmérica Seguro Paradiso, NovaBrasil, Antena 1 e CBN.

sábado, 9 de janeiro de 2021

Nas Ondas do Rádio

 

REMINISCÊNCIAS (Parte II, 1)

Em setembro de 1990 atravessando uma das fases mais crítica de sua existência, a Rádio Nacional atingia 54 anos de fundação. Sem motivos para festas. Ainda naquela mês, a aniversariante Tupi alcançava 55 anos de atividades. Com alguma comemoração. Da mesma idade, a Jornal do Brasil assinalava um pouco antes, em agosto, uma nova etapa em sua vida. No melhor estilo. Para a passagem do evento, vários programas, entre eles uma série realizada pelo Serviço Brasileiro da BBC de Londres, que completava 50 anos também em agosto.

As experiências iniciais foram através de duas unidades trazidas dos Estados Unidos, uma pela Westinghouse, instalada no Corcovado, outra pela Western Electric, montada na Praia Vermelha, para as solenidades do centenário. O presidente Epitácio Pessoa lá estivera, sendo o primeiro governante a ocupar o microfone de uma estação de radiotelefonia.

 

O IDEAL DE ROQUETTE

Entre os presentes estava o professor Edgard Roquette Pinto. Maravilhado com tudo que assistira, ele fundaria em 20 de abril de 1923 a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro – Rádio Ministério de Educação e Cultura, MEC, a partir de 1936.

Homem de muita visão e, sobretudo idealista, Roquette Pinto (físico, antropólogo e com outras formações) fora o primeiro a colocar uma ópera no ar – O Rigoleto, de Verdi. No dia 4 de julho, alguns meses depois de inaugurar a estação. Nessa linha de pioneirismo, ele fora responsável pela transmissão de pronunciamentos de sábios e intelectuais que visitavam o Brasil, entre os quais Albert Einstein e  Alfred Agaché.

Antes dos ensaios do Centenário da República, que reunira uma multidão de curiosos num recinto acanhado, onde o som estridente era a tônica, pouca gente se interessara. Em 1893, entretanto, o padre gaúcho Roberto Landel de Moura, um inventor nato, assustava os paroquianos com suas experiências. Ele estudara na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e se formara em ciências físicas e químicas em Roma.

Landel de Moura representou para o rádio o mesmo que Alberto Santos Dumont para a aviação brasileira. Terminaram seus dias sem o reconhecimento que mereciam.

 

UMA VIDA PELA ARTE

Paulo Tapajós, que dedicara a maior parte de sua vida ao rádio, onde começara na juventude, morreu no final de dezembro de 1990, aos 77 anos de idade. Segundo um depoimento dele à Jornal do Brasil, o rádio era muito precário nos primórdios. Em seu conceito, o veículo surgia para valer em outubro de 1923, graças ao trabalho dos irmãos Moreira, do Recife. Locutor era chamado de speaker e, no fim dos programas fazia a relação nominal das firmas que contribuíam com a sociedade, sistema em que as emissoras operavam.

O rádio funcionava todos os dias da semana, exceção dos domingos, contava certa vez Henrique Fóreis, o Almirante, também entrevistado pela JB. A Rádio Sociedade e a Clube do Brasil se alternavam, uma transmitindo às segundas, quartas e sextas, a outra às terças, quintas e sábados. Enquanto alguns historiadores atribuem à Sociedade do Rio a primazia, outros entendem que que essa iniciativa ficou por conta da Clube de Recife. A segunda estação do país fora a Clube do Brasil, e a terceira a Pelotense, no  Rio Grande do Sul.

 

A REVOLUÇÃO NO AR

Em 1931 era inaugurada a Rádio Record de São Paulo, fundada por Paulo Machado de Carvalho. No ano seguinte, em 9 de julho, estourava a Revolução Constitucionalista. A Record se posicionava na vanguarda dos acontecimentos políticos, destacando-se os locutores César Ladeira, Nicolau Tuma e Renato Macedo. O slogan da rádio passaria a ser ‘A voz de São Paulo’, o de César, ‘A voz da Revolução’.

No começo dos anos 30, quando o governo Getúlio Vargas legalizaria o processo de comercialização no veículo, o primeiro programa do gênero aparecia na Rádio Mayrink Veiga. O apresentador era Valdo de Abreu, de manhã à noite.

 

ERA OUTRA A MÍDIA

Depois viria o Programa Casé, na Rádio Phillips, que estreava em 1932. Ademar Casé, o produtor daquelas audições (os apresentadores variavam, entre eles Alziro Zarur e Paulo Roberto), inspirara-se na BBC de Londres. Ele era vendedor da Phillips, que mantinha uma gravadora e fabricava equipamentos elétricos. Sem o saber, Casé já praticava naquele tempo o que muitos anos mais tarde a mídia definiria como lobby.

 Foi no Programa Casé que Almirante, ‘a maior patente do rádio’, se revelou. Os reclames – nomes dados aos comerciais – eram em forma de versinhos. Entre os produtores do gênero, estavam Henrique Pongetti, Luiz Peixoto a Antônio Nássara, cabendo a este  a criação dos primeiros textos cantados – os jingles.

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Ondulantes.Com

/o Leiloca Neves é a nova astróloga do Show do Antônio Carlos na Super Rádio Tupi. Substitui Zora Yonara falecida em dezembro. Ex-integrante do grupo musical As Frenéticas, já exerceu o ofício no meio. Participava do Boa Tarde, Globo do Alexandre Ferreira na emissora da Glória alguns anos antes da Operação Desmonte, que resultou na dispensa de muitos, os próprios AF e AC incluídos. O SGR contratara campeoníssimos em visualizações nas redes sociais, mas não alcançou o que esperava.