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sábado, 27 de março de 2021

 

Nas Ondas do Rádio

REMINISCÊNCIAS (Parte II, 10)

Toda a rádio de fato tem o seu slogan, ou uma série deles. Já os apresentadores, especialmente populares, os bordões. De direito, lei natural em qualquer dos casos.

Oito meses depois de inovar em matéria de programação a Mundial 1180     transformava-se no maior fiasco AM no Rio, ou seja, numa completa des(ilusão). Ela começava a operar em junho de 2008 e em fevereiro de 2009 soterrava, solenemente, o sonho de dezenas de profissionais. A rádio se rendia ao assédio de pastores da igreja de mesmo nome, aumentando o número de evangélicas no dial.

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Passaram pelo prefixo, entre outros, Heloisa Borghi, Jorge Ramos, Ruy Jobim, Iris Aghata, Mário Márcio, Tárcio Santos, Luiz Carlos Silva e Welinghton Campos. Com o slogan de ‘a rádio que você vê’, a Mundial reunia   itens comuns de outras emissoras – música, informação, prestação de serviços – mas, num estilo original e, de refinado tratamento. A razão do fracasso, segundo os envolvidos, deveu-se ao controle em mãos de um grupo que não entendia do ramo e... só atrapalhava os convocados para administrá-la.

Componente do Sistema Globo de Rádio desde que se libertara da Legião da Boa Vontade (LBV) do Alziro Zarur, a Mundial fez história na frequência dos 860 Khz. Vivia-se os tempos primordiais dos comunicadores, e nela atuavam Robson Alencar, Elói De Carlo, Alberto Brizola, Fernando Sérgio, Samuel França, Jorge Pallis e Oduvaldo Silva – maior cartaz na ocasião com o Show dos Bairros. Nas chamadas, a voz do Carlos Bianchini. Tinha também o Agente 860, com o Jota Carlos (‘o repórter que fareja a notícia’) e o Big Boy, originalíssimo, último e remanescente dos disc-jockeys.

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No prefixo ocupado pela Mundial (fechou em 1993) funcionara a Rádio Clube do Brasil historicamente a terceira surgida no país. Por seus estúdios no Edifício Trianon, na Avenida Rio Branco, passaram Almirante (Incrível, Fantástico, Extraordinário); Renato Murce (Piadas do Manduca); Lauro Borges e Castro Barbosa (do PRK-20, embrião do famosíssimo PRK-30); Jorge Murad (A Pensão do Salomão); Arnaldo Amaral (Pescando Estrelas); e Aerton Perlingeiro  (Um Show Para Milhões e Só Vale Quem Tem).

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Ondulantes.Com

/o Cardápio é o programa que Leandro Augusto oferece ao público ouvinte da Roquette Pinto (94,1), das 11h às 13h, de segunda a sexta-feira. Encurtou seu espaço com as modificações feitas recentemente.

/o Em horário próximo, de meio-dia às 13h, a Transamérica (101,03) tem para os interessados,  Papo de Craques, com Sidney Marinho. Há uma segunda edição, com   Marcelo Marinho, às 17h 

sábado, 20 de março de 2021

Nas Ondas do Rádio

 ENQUANTO VOAM AS BORBOLETAS

O que era Fluminense  e  em algum tempo esteve arrendada à Bandeirantes com o nome de BandNews, hoje é Feliz FM (94,9). Seus locutores, {sem o menor constrangimento}, e com a simplicidade das borboletas afirmam ‘ser a rádio que mais cresce no Rio’. Trata-se do espólio que pertenceu ao Grupo Fluminense de Comunicação, de Niterói, composto de duas rádios e um jornal, negociados para um novo proprietário.

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Livre das amarras da Rede Sucesso, de Goiânia, a Rádio Carioca AM 710 agora só transmite playlist. Foi, em temporadas remotas, reprodutora da programação da Aparecida de São Paulo. Os comunicadores Mário Belisário e Mauro Vasconcellos têm muito a ver.

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Aos domingos, às 10h, Claudia Ferreira é cartaz na Metropolitana AM 1090 com o Rapsódia Portuguesa. Os aficionados   lembram-se de sua passagem pela Tupi e extinta Manchete, sábados à tarde. A colônia lusa, antenada, garante a audiência, naturalmente razoável.

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Primeira Página, com Rodrigo Machado e Deivid Costa na Roquette Pinto deu um retrocesso, e tirou do baú uma ‘luminosa’ ideia. Um quadro para o   interessado em canções do Roberto Carlos. Quem vive no ramo sabe – não é novidade – que centenas de estações divulgam o ‘Rei’ todos os dias, com o disfarce ‘o ouvinte pediu’.

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Você   conhece alguém que liga o rádio para ouvir a Mood FM? Se não, saiba que ela voltou ao Rio. E, numa frequência problemática – 91,1. Esta serviu à Bradesco Esportes, cujo passivo era de uma emissora de Petrópolis, vinculada a um antigo jornal da  serra.

Pois bem. A 91,1 estava ultimamente com a Mania, mas antes ‘andou nos braços’ de uma tal Sertaneja. Que os bravos profissionais sejam felizes na empreitada. (Da Mania, por enquanto, ignora-se o paradeiro.)

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Ondulantes.Com

/o  A Super Tupi assumiu  a liderança de FM no Rio. Melodia caiu para 2º lugar. Inalteradas as posições da JB, O Dia e 93, formando o Top 5.

/o Claudia Barcellos, e não Renata de Ávilis, a apresentadora de Toda Tarde, na Roquette Pinto, de 3h às 5h, nas modificações recentes.

/o E, a Cidade, hein? De revolucionária no segmento ditando modelos do pop e congêneres a evangélica, agora embalando hinos e cantatas.

 

 

sábado, 13 de março de 2021

 

Nas Ondas do Rádio

REMINISCÊNCIAS (Parte II, 9)

Um fato que desafiara os segmentos da sociedade contemporânea foi a invasão das seitas religiosas nos meios de comunicação. O tema serviria, nos últimos anos, de estudos para cientistas sociais, psicólogos e ensaístas. Eles trabalham, dentro de sua ótica, para entender e explicar a dose de anestesia de pessoas geralmente humildes, assalariadas, baixo nível de instrução, moradores de bairros pobres e vivendo em condições precárias, que eram (ou ainda são) as principais vítimas dos falsos pastores. Na época, alguns desses ‘líderes’ rezavam pela mesma cartilha do bispo Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus.

Dono de emissoras de rádio e televisão – a Record foi comprada em 1989 por 45 milhões de dólares – o bispo Macedo ganharia as primeiras páginas dos jornais e revistas do país depois do episódio do Maracanã, em abril de 1990, de onde fugira levando sacolas de dinheiro,  contribuições de abnegados fiéis. Por esse Brasil afora, certo grupo deixou de saber que, naquela Sexta-Feira Santa, uma senhora acometida de enfarto morrera por omissão de socorro.

Com o incidente, coisas comprometedoras envolvendo a seita viriam a público, robustecendo   o grau de fanatismo que essas movimentos imprimiam a seus adeptos. As estripulias do religioso foram contadas em matéria de capa da Veja e também no Globo Repórter. Nesse programa de televisão, o bispo mostrava a face do seu cinismo. Não se desfazia dos óculos, mas aconselhava os devotos a se livrarem deles, jogando-os fora, ‘pois seriam beneficiados pelo milagre de não precisar usá-los’.

 

FRANCA E RISONHA

Vai longe o tempo em que o ouvinte de rádio só conhecia em termos de manifestação religiosa a Oração da Ave-Maria, do Júlio Louzada (*). Era um período romântico em que prevaleciam os ideais de uma escola franca e   risonha,   época  em que a televisão ainda não havia chegado ao Brasil. A Rádio Nacional com suas novelas, programas de auditório e humorismo detinha as atenções do público de todo o país. O transístor, uma invenção americana, ainda era um projeto.

Daquele tempo aos anos da década seguinte, as coisas mudaram muito. A televisão, ‘máquina de fazer doido’, segundo Stanislaw Ponte Preta – o inesquecível Sérgio Porto – evoluiu e, até filhote concebeu, o videocassete (que daria lugar ao DVD). O sistema de comunicação social progrediu, e o rádio, por uma contingência natural, adotou outra concepção. Criou uma linguagem moderna, mais dinâmica, centrada no jornalismo e na prestação de serviços, características observadas no AM.

 

UM DEUS PARA TODOS

O que Júlio Louzada fazia às 6 horas da tarde no rádio (um tempo na Tamoio, outro na Tupi) representava então um modelo único. Outros radialistas o seguiram anos mais tarde, conscientes da necessidade de se destinar alguns momentos para a reflexão. Lembrar, afinal, que um Ser todo-poderoso rege o universo de nossas vidas. Os disc-jockays (ou animadores de estúdio), hoje comunicadores, aderiram aos momentos de preces em seus programas, entre eles, Paulo Giovanni, Roberto Figueiredo e Francisco Carioca.

Pelos anos 60 surgiria Alziro Zarur com ‘A sopa dos pobres’, espécie de chamariz de sua Legião da Boa Vontade, LBV. Zarur lançara o movimento ao assumir o controle acionário da Rádio Mundial, antes sob o domínio de Vítor Costa, com o nome de Rádio Clube do Brasil. Por algum tempo, a emissora estivera arrendada ao jornalista Samuel Wainer, fundador da Última Hora.

Utilizar-se de uma estação de rádio para a difusão religiosa e assistencial, fora um pioneirismo de Alziro Zarur. A invasão das seitas, disseminada nos anos 80, seria um fato comum nas pequenas emissoras em condições de alçarem voos próprios. Década marcada pela crise político-econômica e social do país. Em decorrência disso, elas passariam a vender horários para as congregações, de um modo geral, privilegiadas com mais recursos que alguns anunciantes.

 

AS PIONEIRAS DIVINAIS

No Rio de Janeiro, até meados dos anos 90, destinavam espaço às seitas religiosas as rádios Guanabara, Tamoio, Relógio e Record (ex-Ipanema), privatizada pela Rádiobras no governo Sarney. Do mesmo segmento (AM) e inteiramente religiosas a Copacabana, Metropolitana, Boas Novas e Brasil – ex-Jornal do Brasil, comprada por um pastor com mandato de deputado, repassada a outro em forma de arrendamento e, posteriormente integrada ao grupo liderado pela LBV.  Por último, a Capital filiada a uma rede de emissoras a serviço dos pentecostes.

A Melodia FM, de propriedade do mesmo controlador inicial da JB AM foi, oficialmente, a primeira no gênero. Seria seguida pela El Shaddai, cujo dono também era um pastor-deputado, por muitos anos detentor da velha Metropolitana, transferida mais tarde ao  empresário Paulo Masset. A mais desprovida de recursos, Rio de Janeiro, contaria com as contribuições de fiéis para divulgar a doutrina espírita. Catedral FM, a mais nova até então, representava o catolicismo, administrada pela Arquidiocese do Rio.

(*) Júlio Louzada morreu em outubro de 1993, aos 72 anos. A Oração da Ave-Maria de que era titular na Tupi formava, no Rio, com No Mundo da Bola, noticiário esportivo da Nacional, a dupla de mais antigos programas do rádio brasileiro.

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Ondulantes.Com

/o  Consagrado  na Rádio Nacional, onde manteve o Musishow por mais de 30 anos, Cirilo Reis agora faz parte da equipe de comunicadores da Roquette Pinto (94,1). Seu programa, Túnel do Tempo, ganhou horário novo no domingo (7). Em vez de 9h ao meio-dia, vai das 7h às 10h. Incrível a audiência interativa dele.

/o  Na Super Tupi há 28 anos, cinco mandatos de deputado estadual, Pedro Augusto, o Romeiro de Aparecida, deixou de atuar diariamente, concentrando-se aos domingos, das 8h às 10h. (Estreiou  no início da semana). Eleito deputado federal, limita-se a um quadro de  oração  no Cidinha Livre, esticado de 13h às 15h.

/o  Misto  de informações sobre os fatos que acontecem no Estado, intermediando  músicas com prestação de serviços, assim é O Rio em Pauta.   Apresentação  da mais popular repórter do veículo, a ex-global Ermelinda Rita. De 9h às 11h, dentro das recentes modificações feitas pelos novos gestores  da  estatal.

 

 

 

sábado, 6 de março de 2021

 

Nas Ondas do Rádio

REMINISCÊNCIAS (Parte II, 8)

Pelo programa do César de Alencar desfilavam os grandes nomes da música popular, cartazes que disputavam o espaço, uma vez que o longo show das vesperais dos sábados tinha o valor de um passaporte para a fama. Artistas formados em outras praças deixavam a cidade de origens para suas apresentações nele. Isso aconteceria com Luiz Bandeira (que saíra do Recife) e Luiz Cláudio (Belo Horizonte), um com nome feito na Rádio Jornal do Commercio, o outro com carreira luminosa na Rádio Inconfidência.

 

Famosa em São Paulo, Isaura Garcia foi a primeira estrela de lá a se exibir no mesmo programa. Até então, quem se destacava na ‘Terra da garoa’ não tinha vez no Rio de Janeiro. A cantora portuguesa Esther de Abreu que nos anos 50 desembarcara na Cidade Maravilhosa para uma temporada no Copacabana Palace, resolvera fixar residência na Zona Sul do Rio depois de apresentações no programa do ‘Rei dos auditórios

’.

REPERCUSSÃO

Era tanta a repercussão deste que conseguira atrair nomes internacionais em visita ao Brasil, entre eles, Ives Montand, Josephine Backer, Gregório Barrios, Lucho Gatica e o Trio Los Panchos. Mito, lenda viva, fenômeno. Os adjetivos não faltavam para as pessoas definirem o radialista. Seu poder de comunicação contagiava as massas e, ao comemorar dez anos do programa, em 1955, reunia cerca de 25 mil expectadores no Ginásio do Maracanãzinho. Fora também o primeiro nesse tipo de promoção. Seguiram-se numerosos shows em estádios de futebol nos mais diferentes pontos do país.

 

A crise institucional que resultaria na Revolução de Março de 1964 deixaria César de Alencar numa posição insustentável. O destino colocava à sua frente uma escada reversiva, diferente da que o havia conduzido pelos degraus do sucesso. Dos dias radiantes e gloriosos, ele iniciava o mergulho num profundo ostracismo. Emissora controlada pelo governo federal, a Nacional sofreria intervenção dos militares e o animador seria acusado de ‘dedurar’ colegas como integrantes da esquerda festiva.


UM TESTEMUNHO

 Segundo o jornalista Borelli Filho, ‘os caçadores de comunistas’ davam uma taça de ouro a quem denunciasse ‘os comedores de criancinhas’. Houve uma ‘caça às bruxas’ e os punidos jamais perdoariam o César, embora nenhuma prova real fosse apresentada. Borelli, que dirigiu a Revista do Rádio nos anos dourados do veículo, relataria em artigo no jornal Última Hora, alguns dias depois da morte do animador:


‘Pessoalmente acho que tem muito folclore nessa história. César poderia ser diretor da emissora, pelo que fazia por lá. E, se nomeado, certamente iria realizar coisas fabulosas, porque era competente e possuía as melhores condições para manter a PRE-8 na fase áurea de Vitor Costa. Houve, por certo, um jogo político e ele acabou herdando as sobras de interesses contrariados’.

 

Enquanto baixava a poeira pela suspeita de seu envolvimento com os militares, César se afastava do rádio. Nesse intervalo fez uma viagem ao exterior e em 1970 lançava-se na televisão. Trabalhou na Excélsior, que trocaria pela Rio, e apresentava-se simultaneamente na Record, em São Paulo e na Itapoã, em Salvador.


VOLTA POR CIMA

Reapareceria no rádio em 1975, através de uma pequena estação em Niterói – a Federal {de Bloch Editores} administrada pelo sanfoneiro e compositor Antenógenes Silva. Ali daria dimensão a um dos quadrinhos,   classificados  de interprogramas – As Virgens do César. O passo seguinte seria em 1976, na Rádio Tupi, onde assinaria contrato relâmpago para um programa semanal {aos sábados} de apenas uma hora.

 

E, chegou o dia em que retornaria ao prefixo tradicional, em 1978. Fazia o programa do estúdio nas manhãs de sábados, no esquema ‘vitrolão’, que tanto condenava. Mudara em 1982 para outro dia da semana, domingo, quando criara a Turma da Comunicação, cuja finalidade era estabelecer um elo entre antigos ouvintes. Estes, além de se reunirem em festas de confraternização – casamentos, aniversários e batizados – também trocavam informações por telefones. O programa se  chamava  Domingolão, ia das 8 horas da manhã a uma da tarde, mas acabaria em 1986.

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Ondulantes.Com

/o  A Melodia FM segue isolada na liderança de audiência no Grande Rio, de acordo com o Kantar Ibope Média, levantamento do último trimestre. Seguem-na de perto a Super Tupi e a JB, em 2º e 3º lugares. O Dia é a 4ª colocada e a 93 FM, 5ª.

/o  A Globo obtém sua melhor classificação desde 2017 – 6ª, acrescenta o Kantar. Em 7ª a Mix,  8ª a Cidade (que  deixou o dial na quarta-feira, 3), Catedral 9ª, e em 10ª, com diferenças mínimas BandNews, SulAmérica Paradiso, NovaBrasil e  CBN.