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domingo, 23 de janeiro de 2011

Ouvinte de uma só emissora

K, um sapateiro brigou feio com a mulher que foi pegar um dinheiro extra em sua loja. Ela simplesmente girou o botão do dial, depois de resmungar “que coisa horrível isso!” O artesão ouvia a “Patrulha da cidade”. (*1) –o— M, bancário em boa forma física, peladeiro de fins de semana, quase despediu a arrumadeira, por ter tirado da estação o seu rádio-relógio. Não perde por nada as audições do “Panorama esportivo”. (*2) –o-- R, doméstica na faixa de 50 anos de idade, ameaçou de surra um sobrinho que mexera no seu rádio portátil. Sua emissora é aquela em que o Luiz de França trabalha. Acompanha-o sempre. (*3)
Historinhas (e exageros) à parte, impressiona-me as pessoas que, ao longo dos dias, semanas, meses e anos ouvem uma só emissora de rádio. Gente admirável. Fidelidade tamanha pode ser comparada a de escudeiros inarredáveis. Tomemos, por exemplos, as mais populares do Rio -- Globo, Tupi e Manchete. Que o ouvinte escolha uma delas como favorita. Dentro das disponibilidades – lá está ele sintonizado e, conforme o grau de dedicação, sabe quase tudo a respeito de programas, comunicadores. “Na Rádio Globo você fica bem informado!” “Na Rádio Tupi você fica muito bem informado!” (Manchete copia a Globo).
Os promocionais acima lembram o escritor canadense Marshall McLuhan, considerado o “Papa” da moderna comunicação, que ensinava: “A melhor maneira de conquistar o público é se dirigir a ele no singular”. Bem informados, de fato, são alguns profissionais do meio e classes privilegiadas que dispõem de recursos para ler jornais, revistas, livros, freqüentarem cinemas e teatros regularmente, ou até, visitarem os museus das cidades... O noticiário das rádios e das televisões no dia a dia – pela dinâmica dos veículos – é, normalmente, superficial. Na realidade, ficam mais ou menos informados, os que se limitam a essas mídias.
(*1) Criação de Affonso Soares na Tupi, existe há 50 anos. Apresentado por Coelho Lima, tem participações de Garcia Duarte e dos atores Cordélia Santos, Maurício Manfrini, Marcus Veras e Simone Molina.
(*2) Lançado na Globo em janeiro de 1985, o primeiro apresentador foi Eraldo Leite. Com o afastamento dele, que se transferiu para a Tupi em 1988 seguindo um grupo de dissidentes, Gilson Ricardo assumiu o posto.
(*3) Luiz de França mudou-se para a Manchete em maio de 2007. Fez carreira gloriosa na Globo, sua segunda rádio no Rio, até dezembro de 1998. Em fevereiro de 1999 voltava a Tupi, que seria o seu novo endereço.
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