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sábado, 18 de maio de 2019

Rádiomania, o Livro/71 (Parte II)

MAYRINK, UMA SAUDADE
Na freqüência em que o público sintonizava há alguns anos a Globo (AM) funcionava até julho de 1965 a Rádio Mayrink Veiga – fechada pelo governo Castelo Branco. Os 1220 Khz foram transferidos graças ao bom relacionamento que o empresário Roberto Marinho mantinha com os donos do poder. A Globo ocupava originalmente os1180 Khz, que passariam a ser, com a medida, utilizados pela Eldorado, nova aquisição do grupo.

A Mayrink foi uma grande adversária da Nacional. Esta, inaugurada em 1936, mudaria o panorama do rádio no país, com seus musicais, humorismo, novelas e, principalmente os programas de auditório. Comparado ao da Nacional, no vigésimo segundo andar do Edifício A Noite, o auditório da Mayrink Veiga era bem modesto, instalado no pavimento térreo de um prédio na rua que lhe emprestava o nome, próximo da badalada Praça Mauá.
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O SORRISO FRANCO
César Ladeira, Luiz Jatobá, Cid Moreira e Carlos Henrique figuravam entre os locutores mais famosos na lista dos contratados. Conhecido como Stanislaw Ponte Preta (era colunista do jornal Última Hora), Sérgio Porto integrava o quadro de apresentadores. A linha de shows, em horário noturno, era de qualificados programas populares, de humor, em maioria.

Destaques para A Cidade se Diverte e Vai da Valsa, de Haroldo Barbosa, Regra de Três, de Antônio Maria, e Esse Norte é de Morte, de Francisco Anisio – o Chico ele adotaria a partir do seu ingresso na televisão, o que ocorreu através do canal 13, TV Rio, que tiraria muita gente do rádio. No Esse Norte... Anísio tinha um quadro onde retratava um irônico professor (o Raimundo) que seria o prenúncio de uma longeva escolinha, anos depois memorável atração na Rede Globo, mais tarde reprisada no canal Viva.
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ESTRELAS DAS NOITES
Doublé de apresentador e diretor artístico da rádio, César Ladeira era um mestre na criação de slogans. Alguns astros por ele batizados: Carmem Miranda, A Pequena Notável; Araci de Almeida, O Samba em Pessoa; Sílvio Caldas, O Seresteiro do Brasil; Carlos Galhardo, O Cantor que Dispensa Adjetivos. Carmem era o seu xodó, maior pupila. Ele a acompanharia na ida aos Estados Unidos, reportando para os jornais cariocas, os movimentos da artista.

Cid Moreira se revezava com Carlos Henrique nas apresentações dos humorísticos estrelados por, entre outros, Nanci Wanderley, Zé Trindade, Estelita Bell, Altivo Diniz, Matinhos, Francisco Anísio, e os irmãos Ema e Válter D’Ávilla. Cid apresentava ainda, o Noites Cariocas, aos sábados, que focalizava o regional de Jacob do Bandolim, com o Dino (Herondino Silva) e Meira (Jaime Florence) nos violões; Canhoto (Valdiro Tramontino), no cavaquinho; Jorginho (Jorge José da Silva), no pandeiro; Altamiro Carrilho, flauta, e Orlando Silveira, acordeon.

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ESPORTE, JAZZ, A VIDA
Nas noites de segundas-feiras, Sérgio Porto comandava o Miss Campeonato, misto de resenha esportiva e humorismo. A atriz do teatro musical, Rose Rondelli era parceira do Sérgio, que fazia também, durante algum tempo nas manhãs, um programa de jazz. Nele pontilhavam gravações de um Chet Baker, Dizzie Gillespie, Duke Ellington, Ella Fitzgerald, Lionel Hampton, Miles Davis, Oscar Peterson, Sarah Vaughn, Louis Armstrong e outros intérpretes.

Luiz Jatobá, narrador dos chamados programas montados, estava diariamente nos lares dos sintonizadores da Mayrink. Ali pelas 9h da noite, apresentava Coisas da Vida, crônicas que escrevia. E, até participara, como ator, de uma das novelas da rádio. A Mayrink ficou na saudade. Recordamo-nos do Aloísio Silva Araújo, o Recruta 23, do Manezinho Araújo, cantor e autor de emboladas (não eram parentes). No esporte, do Jaime Moreira Filho, segundo locutor da casa, do Oduvaldo Cozzi (um dos fundadores da Nacional e diretor da Tupi), dos repórteres Otávio Name e José Jorge (um dos pioneiros do marketing esportivo).

No começo dos anos 60, quando a televisão atraía grandes nomes do rádio, a Mayrink dava uma guinada em sua programação devido a perda de valores. Surgiam os disc-jockeys -- ou animadores de estúdio --, que passavam a dominar os horários. Datam daquele período, alcançando sucesso estrondoso nas tardes, o Peça Bis Pelo Telefone e o Hoje é Dia de Rock, ambos produzidos por Jair de Taumaturgo e conduzidos por Isaac Zaltman. Aquele se bandearia para a TV Rio. Este terminaria os seus dias como locutor noticiarista da Rádio Globo.

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M E M Ó R I A
Lançado em abril de 2001, o Projeto Globo Brasil tinha por finalidade aumentar o faturamento da emissora dos Marinho -- e, evidentemente -- a audiência. Com uns transmitidos do Rio e outros de São Paulo, eram, no esquema, 14 horas diárias de programas. A ideia perdeu sentido, porém, a partir do crescimento da Tupi, que, oportunista, aproveitando-se da brecha passou a dominar na antiga capital do país, ou seja, a então decantada Cidade Maravilhosa.


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