Nas Ondas do
Rádio
REMINISCÊNCIAS (Parte II, 6)
Déo, um cantor muito conhecido, tinha por slogan ‘Três letras
que formam o sucesso’, e João Dias (herdeiro musical de Francisco Alves) ‘O
cantor dos 400 quilômetros’, pelo fato de viajar todos os sábados de São Paulo,
onde era contratado pela Record, especialmente para se apresentar no programa
do radialista. A cantora Olivinha Carvalho, que se dedicava à música
portuguesa, também permanente atração daquelas tardes. César a anunciava como
‘A brasileira de repertório luso’.
‘O QUE O PEITO ELEGEU’
Ademilde Fonseca ele chamava de ‘Lolomilde’, por sua
semelhança, em matéria de bustos, com Gina Lolobrígida, estrela do cinema
italiano. Já o Francisco Carlos, porte de galã e muito cortejado pelas fãzocas,
era ‘El Broto’. E Bob Nelson, que se vestia à moda dos vaqueiros americanos e
cantava músicas típicas, ‘O caubói brasileiro’, enquanto Ruy Rey, especialista
em boleros e rumbas, era sempre anunciado como: ‘De Las Américas para o
Brasil...’
A par de sua criatividade, um dos méritos do César fora a
organização do seu programa. Isso representava um verdadeiro marco no rádio,
coisa com que ninguém se preocupava até então. De um modo geral, os programas
iam para o ar na base da improvisação, sem ordem pré-determinada. Ele, no
entanto, sabia improvisar diante de qualquer situação e, em tempo algum se
limitava ao script. Criava quadros que apresentava dentro de uma ordem
sequencial e, intermediando cada um, mostrava outros, de cinco minutos apenas,
classificados de interprogramas.
INCENTIVADOR DE VALORES
Alguns desses quadros: O Sucesso de Amanhã; O Cartaz da
Semana; O Carnaval que eu não Brinquei; Campeonato Internacional de Música
Popular; Campeonato de Cantores Novos; A Melhor de Três; Rádio Revista Lever e,
Qual é a Música? – este, muitos anos depois copiado por Sílvio Santos, que se
apossou, não só do título, mas também da sua estrutura, adaptando-o para a
linguagem televisiva. O menos ruim nessa história, é que certa vez, na presença
de um grupo de artistas, Sílvio se confessava um incondicional admirador do
radialista. E, essa admiração, segundo ele, vinha do tempo que atuara na
tradicional emissora, após vencer um concurso de locutores.
O quadro de maior duração entre a fase áurea e o ostracismo
de César de Alencar foi Parada dos Maiorais. Com ele ficou assinalado um
recorde no rádio, qual seja, a permanência por 40 anos de um mesmo patrocinador
-- pastilhas Valda. É bem verdade que o Parada dos Maiorais dos últimos anos em
nada se parecia com o brilho daquele apresentado na década de 50, quando em
meio ao alarido do auditório, o animador apregoava: ‘E, atenção. Todos em
continência. Está no ar o big musical... Parada dos Maiorais Valda!’ E o Parada
foi sumindo, sumindo, assim como a euforia em torno do ‘êmulo do microfone’,
segundo definição do crítico Mister Eco (o jornalista Thor de Carvalho), outro
habitante do lado de lá há alguns anos, para onde foram astros e estrelas, uma
constelação que as artes populares perderam.
O VIVER NUMA CANÇÃO
‘Essa canção nasceu pra quem quiser cantar/Canta você,
cantamos nós até cansar/É só bater e decorar/Pra memorar vou repetir o seu
refrão/Prepare a mão, bate outra vez/Esse programa pertence a vocês...’ A
letra, simples, era prefixo (e sufixo) do programa, uma canção americana adaptada
por Haroldo Barbosa, e gravada pelo grupo Quatro Ases e um Coringa. Quando a
música descia, César, já no palco, saudava o auditório sempre lotado, com um
indefectível... ‘Alô, alô’. E vinha as frases de abertura:
‘No ar...o Programa César de Alencar... Seus prêmios, suas atrações, suas brincadeiras, e a
participação sempre simpática do auditório, sem a qual não poderíamos realizar
nem metade do nosso programa. Que o de hoje seja do seu inteiro agrado. São os
nossos votos.’ (Ele emendava): ‘Vamos ao que vende...’ Sua ‘deixa’ para os
comerciais feitos ao vivo por uma dupla de locutores, inicialmente William
Mendonça e Meira Filho e, em outro período, Moacir Lopes e Marcos Durães. O
programa começava às 3 horas da tarde e ia até às 7 horas da noite. Integralmente
idealizado pelo animador tinha produção de Haroldo Barbosa, numa fase, depois
Hélio do Soveral, que trabalhou com o César 15 anos. Quando a televisão
deslanchava no país e começava a atropelar o rádio, o produtor era Fernando
Lobo.
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Ondulantes.Com
Qual o melhor carnaval das escolas de todos os tempos? E,
qual a música que até hoje não sai de
sua cabeça? /o Questões levantadas por Sérgio Gianotti na Interativa
do Redação Paradiso, nesta sexta-feira (12). /o Valéria Marques, do Samba
Social Clube aos sábados e domingos na Super Tupi acumulando
atividades. Faz também, no momento, o ‘Sentinelas’, edições vespertinas.
/o O Cardápio que o Leandro Augusto
‘oferece’ de 2ª a 6ª na Roquette Pinto,
ficou uma hora mais curto. Por causa de reformas na grade. /o Hoje é Dia Mundial do Rádio. No Brasil, onde ele já 'morreu' várias vezes, sobrevive em meio a crises, e graças, principalmente, aos celulares.
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