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sábado, 13 de fevereiro de 2021

 

Nas Ondas do Rádio

REMINISCÊNCIAS (Parte II, 6)

Jorge Veiga, ‘o caricaturista do samba’, foi batizado por Paulo Gracindo, não pelo César, conforme já se publicou equivocadamente. As suas apresentações no programa do ‘Cavalete’ eram tão constantes, que alguns atribuíam ao César de Alencar a autoria do slogan. Jorge Veiga, que o animador anunciava ‘Vemveiga’ devido à sua voz fanhosa, detinha o título de aviador honorário e, em suas participações, saudava a categoria: ‘Alô, alô aviadores que cruzam os céus do Brasil. Aqui fala Jorge Veiga diretamente da Rádio Nacional. Senhores comandantes, queiram dar o seu prefixo para segurança e guia de nossas aeronaves. E, boa viagem’.

Déo, um cantor muito conhecido, tinha por slogan ‘Três letras que formam o sucesso’, e João Dias (herdeiro musical de Francisco Alves) ‘O cantor dos 400 quilômetros’, pelo fato de viajar todos os sábados de São Paulo, onde era contratado pela Record, especialmente para se apresentar no programa do radialista. A cantora Olivinha Carvalho, que se dedicava à música portuguesa, também permanente atração daquelas tardes. César a anunciava como ‘A brasileira de repertório luso’.

 

‘O QUE O PEITO ELEGEU’

Ademilde Fonseca ele chamava de ‘Lolomilde’, por sua semelhança, em matéria de bustos, com Gina Lolobrígida, estrela do cinema italiano. Já o Francisco Carlos, porte de galã e muito cortejado pelas fãzocas, era ‘El Broto’. E Bob Nelson, que se vestia à moda dos vaqueiros americanos e cantava músicas típicas, ‘O caubói brasileiro’, enquanto Ruy Rey, especialista em boleros e rumbas, era sempre anunciado como: ‘De Las Américas para o Brasil...’

A par de sua criatividade, um dos méritos do César fora a organização do seu programa. Isso representava um verdadeiro marco no rádio, coisa com que ninguém se preocupava até então. De um modo geral, os programas iam para o ar na base da improvisação, sem ordem pré-determinada. Ele, no entanto, sabia improvisar diante de qualquer situação e, em tempo algum se limitava ao script. Criava quadros que apresentava dentro de uma ordem sequencial e, intermediando cada um, mostrava outros, de cinco minutos apenas, classificados de interprogramas.

 

INCENTIVADOR DE VALORES

Alguns desses quadros: O Sucesso de Amanhã; O Cartaz da Semana; O Carnaval que eu não Brinquei; Campeonato Internacional de Música Popular; Campeonato de Cantores Novos; A Melhor de Três; Rádio Revista Lever e, Qual é a Música? – este, muitos anos depois copiado por Sílvio Santos, que se apossou, não só do título, mas também da sua estrutura, adaptando-o para a linguagem televisiva. O menos ruim nessa história, é que certa vez, na presença de um grupo de artistas, Sílvio se confessava um incondicional admirador do radialista. E, essa admiração, segundo ele, vinha do tempo que atuara na tradicional emissora, após vencer um concurso de locutores.

O quadro de maior duração entre a fase áurea e o ostracismo de César de Alencar foi Parada dos Maiorais. Com ele ficou assinalado um recorde no rádio, qual seja, a permanência por 40 anos de um mesmo patrocinador -- pastilhas Valda. É bem verdade que o Parada dos Maiorais dos últimos anos em nada se parecia com o brilho daquele apresentado na década de 50, quando em meio ao alarido do auditório, o animador apregoava: ‘E, atenção. Todos em continência. Está no ar o big musical... Parada dos Maiorais Valda!’ E o Parada foi sumindo, sumindo, assim como a euforia em torno do ‘êmulo do microfone’, segundo definição do crítico Mister Eco (o jornalista Thor de Carvalho), outro habitante do lado de lá há alguns anos, para onde foram astros e estrelas, uma constelação que as artes populares perderam.

 

O VIVER NUMA CANÇÃO

‘Essa canção nasceu pra quem quiser cantar/Canta você, cantamos nós até cansar/É só bater e decorar/Pra memorar vou repetir o seu refrão/Prepare a mão, bate outra vez/Esse programa pertence a vocês...’ A letra, simples, era prefixo (e sufixo) do programa, uma canção americana adaptada por Haroldo Barbosa, e gravada pelo grupo Quatro Ases e um Coringa. Quando a música descia, César, já no palco, saudava o auditório sempre lotado, com um indefectível... ‘Alô, alô’. E vinha as frases de abertura:

‘No ar...o Programa César de Alencar... Seus prêmios,  suas atrações, suas brincadeiras, e a participação sempre simpática do auditório, sem a qual não poderíamos realizar nem metade do nosso programa. Que o de hoje seja do seu inteiro agrado. São os nossos votos.’ (Ele emendava): ‘Vamos ao que vende...’ Sua ‘deixa’ para os comerciais feitos ao vivo por uma dupla de locutores, inicialmente William Mendonça e Meira Filho e, em outro período, Moacir Lopes e Marcos Durães. O programa começava às 3 horas da tarde e ia até às 7 horas da noite. Integralmente idealizado pelo animador tinha produção de Haroldo Barbosa, numa fase, depois Hélio do Soveral, que trabalhou com o César 15 anos. Quando a televisão deslanchava no país e começava a atropelar o rádio, o produtor era Fernando Lobo.

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Ondulantes.Com   

Qual o melhor carnaval das escolas de todos os tempos? E, qual a música que até hoje não sai  de sua cabeça? /o  Questões  levantadas por Sérgio Gianotti na Interativa do Redação Paradiso, nesta sexta-feira (12). /o Valéria Marques, do Samba Social Clube  aos  sábados e domingos na Super Tupi acumulando atividades. Faz também, no momento, o ‘Sentinelas’, edições vespertinas. /o  O Cardápio que o Leandro Augusto ‘oferece’  de 2ª a 6ª na Roquette Pinto, ficou uma hora mais curto. Por causa de reformas na grade. /o  Hoje é Dia Mundial do Rádio. No Brasil, onde ele já 'morreu' várias vezes, sobrevive em meio a crises, e graças, principalmente, aos celulares.

 

 

 

 

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