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quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Rádiomania, o Livro/55

A TERRA DA GENTE
Em 1º de março de 1993, uma segunda-feira, o cantor, poeta e compositor Luiz Vieira voltava à Rádio Nacional, com “Minha Terra, Nossa Gente”, apresentado das 5h às 7h das manhãs. Contar fatos pitorescos sobre a vida de antigos artistas da música brasileira – principalmente os esquecidos pela mídia – foi sempre o seu forte. Ele aproveitara-se do nome “Gente que Brilha”, de um velho programa do Paulo Roberto, de quem era admirador, para aquele fim. A base do roteiro, o aniversário de nascimento (ou morte) dos focalizados.

O poeta-cantador (conforme era anunciado) retornava a Nacional pela terceira vez. A primeira fora na gestão do Figueiredo, estendendo-se até o governo Sarney, que sucedera o do militar. Com a política adotada pelo novo mandatário da estatal, o mercado de trabalho da classe diminuíra, vários profissionais foram dispensados, e Luiz Vieira também integrava a lista. Como num samba do Paulo Vanzolini, ele dava a volta por cima e ressurgia com a ascensão de Collor.

(Em áureos tempos a Rádiobras formava uma cadeia de 38 emissoras de rádio, atendendo especialmente à região da Amazônia e o setor internacional. A Nacional de Brasília, por exemplo, mantinha um noticiário para o exterior sobre o Brasil, transmitindo em espanhol, inglês, alemão, francês e português. A política de privatização do Sarney pôs quase tudo abaixo, reduzindo drasticamente o patrimônio da empresa. No Rio, o sistema perdera sua potencialidade. E, o que restava do prestígio, abalado com o avanço da TV e enfraquecido com a Revolução de Março 64, acabaria resultando numa queda de produção e serviço.)

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Dia 3 de julho de 1995, também uma segunda-feira. A pouco mais de dois anos do seu retorno à Nacional, Luiz Vieira, doublé de comunicador, amargava nova decepção, pois a direção da rádio encurtava o seu programa, fazendo entrar na primeira hora, o “BR Caminhoneiro”, gerado de Brasília. Insatisfeito, ele saía, recomeçando em 24 daquele mês na modesta Rio de Janeiro, na longínqua Ilha do Governador, onde utilizava-se de recursos próprios para melhorar o alcance do quilowatt da rádio da Federação Espírita.

Seguiam com ele o locutor Carlos Camargo , o repórter José Adilson (caricato Gugu, que trabalhara com a Cidinha Campos), os produtores José Silvério e Demétrio Costa. Nessa mudança, o “Minha Terra, Nossa Gente”, ganhava uma hora, alterando de 5h às 7h, para de 6h às 9h, após um período de férias do titular. (Na Rádio Nacional Luiz Vieira estivera por treze anos).

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Depois de sete anos na Rio de Janeiro, o poeta-cantador mudava-se para a Carioca no início de outubro de 2002. Nos dois primeiros meses, o programa era apresentado das 9h às 11h e, a partir de dezembro, das 6h às 8h. Aos quadros costumeiros, ele criava o “História que a Valda Conta”, reproduzindo trechos de programas famosos do veículo. Seus colaboradores na ocasião: Demétrio Costa, locutor, José Valuzzi, ator e Teca Ribeiro, produtor. Filiada a Rede Paulo Satte (grupo religioso de São Paulo), a Carioca estava se esforçando para oferecer uma alternativa ao público do desprezado AM. Faltava investir em jornalismo, embora Luiz Vieira contasse com bons índices de audiência.

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Um programa de rádio era, em junho de 2012, pano de fundo para “Cheia de Charme”, novela das 19h da Rede Globo. Naquele mês, Luiz Vieira ingressava na Manchete*, mais uma emissora no seu currículo. Aos 84 anos e, em plena forma, o poeta-cantador retomava em novo prefixo seu reduto em defesa de artistas sem espaço na mídia, tanto os que mudaram deste plano para o outro, quanto os que continuavam na ativa. Passava a ilustrar a abertura e encerramento do “Gente que Brilha”, com as vozes dos filhos gêmeos, Luiz José e José Eduardo.

• Em novembro de 2015, véspera de Finados, a Manchete AM 760 fechava as portas pela quarta vez em sua história no dial, deixando no desemprego profissionais reconhecidamente qualificados. O empresário Miguel Nasseh, que a arrendara em 2007, ainda tentou tocá-la pela internet. O projeto on-line tornou-se inviável em poucos meses. (Até o momento dessa postagem, um grupo chamado Sputnik, ocupava dois horários em sistema de arrendamento.)

M E M Ó R I A
O cantor Francisco Alves, ‘Rei da Voz’, faria na Praça da Concórdia em São Paulo em 1952, uma de suas últimas apresentações. Em 29 de setembro daquele ano, morreria num desastre de carro na Rodovia Presidente Dutra.

No mês anterior, em Cachoeira do Itapemerim, Espírito Santo, um moço ainda imberbe, assinava seu primeiro contrato com a rádio de sua terra. Seu nome: Roberto Carlos. O ‘Rei’ da Jovem Guarda viria a ser mais popular que o Chico Viola, um astro idolatrado nos programas da gloriosa Nacional.

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