REMINISCÊNCIAS (Parte II, 5)
Nascido na Rua Major Facundo, em Fortaleza, decantada capital
do Ceará, César de Alencar viera para o Rio muito cedo, aos quatro anos de
idade. Segundo Aurélio de Andrade, um dos fundadores da Rádio Nacional, ele
trabalhava como vendedor de material de construção quando se deu o encontro com
Renato Murce, na época diretor-artístico da Rádio Clube do Brasil. A emissora
era uma alternativa para os ouvintes acostumados a sintonizarem Nacional,
Mayrink Veiga e Tupi.
O CAÇADOR MURCE
‘Um caçador de talentos, Murce logo percebeu no moço o
potencial que o grande público viria um dia a conhecer, inclusive, idolatrar’,
acentuava Aurélio. Ele ficou vivamente impressionado com a voz e o desempenho
do jovem, que lhe fora oferecer os produtos que vendia, e o convenceu a fazer
um teste. Aprovado de imediato, César foi integrado ao cast da Rádio Clube.
Ganhara um programa semanal das 7 às 8 horas e um salário de 250 mil réis
mensais. Sua performance era tão boa, que a direção da rádio decidira dobrar os
vencimentos dele em pouco tempo.
SEIS ANOS DEPOIS
A entrada na Rádio Nacional, no entanto, só aconteceria seis
anos depois de sua estreia no veículo – ainda afirmara Aurélio de Andrade no
mesmo depoimento. Corria o ano de 1945 quando ele passou a dar nome ao programa
que provocaria uma revolução na radiofonia brasileira. Antes de se tornar
famoso, César apareceria em outros horários da estação, como por exemplo,
anunciar Um Milhão de Melodias, ao lado de Reinaldo Costa, ou fazer ‘ponte’
para Paulo Roberto, produtor e apresentador de Gente que Brilha e, animar A
Hora do Pato, nas eventuais ausências de Jorge Curi.
IRONIA AO PRÓPRIO
De espírito folgazão e muito crítico, César ironizava a si
próprio pela orelha avantajada que possuía. Coadjuvantes nessa gozação, alguns
de seus companheiros o chamavam de ‘Orelha’ (ou ‘Orelha de Abano’) e de
‘Cavalete’, por sua magreza. Ele, por sua vez, arranjava apelidos para todo
mundo. O Afrânio Rodrigues era ‘Chão de Garagem’ ou ‘Glostora’, porque andava
com os cabelos sempre empastados de brilhantina; Jorge Curi, homem grande,
‘Engradado de Girafa’; Jair Lemos, de geração posterior, ‘Cara de Pedra’. Se
algum conterrâneo se apresentava em seu programa, ele dizia que fulano veio
‘dos Estados Unidos do Ceará...’
‘REI’ DOS SLOGANS
Foram muitos os slogans que César criou para os artistas da
época. Emilinha Borba, estrela
maior, ‘A minha, a sua, a nossa
favorita’; sua rival Marlene, ‘Ela que canta e samba diferente’. Blecaute (no
registro civil Otávio Henrique de Oliveira) que se notabilizara cantando
músicas de carnaval – Pedreiro Valdemar, Maria Escandalosa, Maria Candelária e
muitas outras – passou a ser o ‘General da Banda’, depois de explodir com a batucada do mesmo nome. Também cantor
de ‘meio-de-ano’, César assim o
anunciava: ‘Monsieur Otávio Henrique du Blecaute...’ É que o moço, cabelo
esticado, se trajava com a elegância de fazer inveja a um príncipe de Gales.
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Ondulantes.Com
São de Jorge Luiz Rodrigues {que já foi editor do jornal O
Globo} os boletins esportivos de 2ª a 6ª pelas manhãs na SulAmérica Seguro
Paradiso FM. No lugar do Eugênio Leal, que ficou perto de dois anos na
emissora. /o A vinheta do CBN Ponto Final apregoava na 4ª feira (3): ‘Apresentação
de Rodrigo Bocardi’. Ele acrescentava: ‘Com a participação de Carolina
Moura...’ A Morand, até onde sabemos,
não mudou de sobrenome. /o De Brasília em rede com a Nacional do Rio, Amazônia,
Alto Solimões e São Paulo, Válter Lima comanda o Revista Brasil, das 8h às 10,
de 2ª a 6ª. Colaborações de Priscila Mazenotti, César Facciolli, Anchieta Filho
e Otto Faria.
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