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sábado, 6 de fevereiro de 2021

Nas Ondas do Rádio

 

REMINISCÊNCIAS (Parte II, 5)

Noite no Rio, 14 de janeiro de 1990. Morre de insuficiência respiratória no Hospital Geral da Lagoa o radialista César de Alencar. Inconformados, os poucos amigos que ele ainda cultivava garantiriam que ele não morrera. Fora trabalhar na Rádio Céu, da qual recebera proposta irrecusável – ou melhor – se tornara dono da concessão, sem a necessidade de qualquer conchavo político. Passava a administrar essa imaginária rádio, da mesma forma que gerenciava a originalíssima Turma da Comunicação.

 

Nascido na Rua Major Facundo, em Fortaleza, decantada capital do Ceará, César de Alencar viera para o Rio muito cedo, aos quatro anos de idade. Segundo Aurélio de Andrade, um dos fundadores da Rádio Nacional, ele trabalhava como vendedor de material de construção quando se deu o encontro com Renato Murce, na época diretor-artístico da Rádio Clube do Brasil. A emissora era uma alternativa para os ouvintes acostumados a sintonizarem Nacional, Mayrink Veiga e Tupi.

 

O CAÇADOR MURCE

‘Um caçador de talentos, Murce logo percebeu no moço o potencial que o grande público viria um dia a conhecer, inclusive, idolatrar’, acentuava Aurélio. Ele ficou vivamente impressionado com a voz e o desempenho do jovem, que lhe fora oferecer os produtos que vendia, e o convenceu a fazer um teste. Aprovado de imediato, César foi integrado ao cast da Rádio Clube. Ganhara um programa semanal das 7 às 8 horas e um salário de 250 mil réis mensais. Sua performance era tão boa, que a direção da rádio decidira dobrar os vencimentos dele em pouco tempo.

 

SEIS ANOS DEPOIS

A entrada na Rádio Nacional, no entanto, só aconteceria seis anos depois de sua estreia no veículo – ainda afirmara Aurélio de Andrade no mesmo depoimento. Corria o ano de 1945 quando ele passou a dar nome ao programa que provocaria uma revolução na radiofonia brasileira. Antes de se tornar famoso, César apareceria em outros horários da estação, como por exemplo, anunciar Um Milhão de Melodias, ao lado de Reinaldo Costa, ou fazer ‘ponte’ para Paulo Roberto, produtor e apresentador de Gente que Brilha e, animar A Hora do Pato, nas eventuais ausências de Jorge Curi.

 

IRONIA AO PRÓPRIO

De espírito folgazão e muito crítico, César ironizava a si próprio pela orelha avantajada que possuía. Coadjuvantes nessa gozação, alguns de seus companheiros o chamavam de ‘Orelha’ (ou ‘Orelha de Abano’) e de ‘Cavalete’, por sua magreza. Ele, por sua vez, arranjava apelidos para todo mundo. O Afrânio Rodrigues era ‘Chão de Garagem’ ou ‘Glostora’, porque andava com os cabelos sempre empastados de brilhantina; Jorge Curi, homem grande, ‘Engradado de Girafa’; Jair Lemos, de geração posterior, ‘Cara de Pedra’. Se algum conterrâneo se apresentava em seu programa, ele dizia que fulano veio ‘dos Estados Unidos do Ceará...’

 

‘REI’ DOS SLOGANS

Foram muitos os slogans que César criou para os artistas da época. Emilinha Borba,  estrela maior,  ‘A minha, a sua, a nossa favorita’; sua rival Marlene, ‘Ela que canta e samba diferente’. Blecaute (no registro civil Otávio Henrique de Oliveira) que se notabilizara cantando músicas de carnaval – Pedreiro Valdemar, Maria Escandalosa, Maria Candelária e muitas outras – passou a ser o ‘General da Banda’, depois de explodir  com a batucada do mesmo nome. Também cantor de ‘meio-de-ano’, César  assim o anunciava: ‘Monsieur Otávio Henrique du Blecaute...’ É que o moço, cabelo esticado, se trajava com a elegância de fazer inveja a um príncipe de Gales.

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Ondulantes.Com

São de Jorge Luiz Rodrigues {que já foi editor do jornal O Globo} os boletins esportivos de 2ª a 6ª pelas manhãs na SulAmérica Seguro Paradiso FM. No lugar do Eugênio Leal, que ficou perto de dois anos na emissora. /o A vinheta do CBN Ponto Final apregoava na 4ª feira (3): ‘Apresentação de Rodrigo Bocardi’. Ele acrescentava: ‘Com a participação de Carolina Moura...’  A Morand, até onde sabemos, não mudou de sobrenome. /o De Brasília em rede com a Nacional do Rio, Amazônia, Alto Solimões e São Paulo, Válter Lima comanda o Revista Brasil, das 8h às 10, de 2ª a 6ª. Colaborações de Priscila Mazenotti, César Facciolli, Anchieta Filho e Otto Faria.

 

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