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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Rádiomania, o Livro/25

ASCENÇÃO E OSTRACISMO (C-2)
Foram muitos os slogans que César de Alencar criou para os artistas da época. Emilinha Borba, a estrela maior, ‘a minha, a sua, a nossa favorita’; sua rival Marlene, ‘ela que canta e samba diferente’. Blecaute (no registro civil, Otávio Henrique de Oliveira), que se notabilizara cantando músicas de carnaval – “Pedreiro Valdemar”, “Maria Candelária”, “Maria Escandalosa” e muitas outras – virou o ‘General da Banda’, depois de estrondoso sucesso com a batucada do mesmo nome. Também cantor de ‘meio-de-ano’, César de Alencar assim o anunciava: “Monsieur Otávio Henrique du Blecaute”!... Ele se trajava com a elegância de fazer inveja a um príncipe de Gales.

Jorge Veiga, ‘o caricaturista do samba’, foi batizado por Paulo Gracindo, não pelo César, conforme já se publicou equivocadamente. As suas apresentações no programa do “Cavalete” eram tão constantes, que alguns atribuíam ao César de Alencar, a autoria do slogan. Jorge Veiga, que o animador anunciava “Vemveiga”, devido à sua voz fanhosa, detinha o título de aviador honorário e, em suas participações, saudava a categoria: “Alô, alô aviadores que cruzam os céus do Brasil. Aqui fala Jorge Veiga diretamente da Rádio Nacional. Senhores comandantes, queiram dar os seus prefixos para guia e segurança de nossas aeronaves. E, boa viagem!”

Déo, um cantor muito conceituado, tinha por slogan, ‘três letras que formam o sucesso’; e João Dias (herdeiro musical de Francisco Alves) – ‘o cantor dos 400 quilômetros’, pelo fato de viajar todos os sábados de São Paulo, onde era contratado da Record, especialmente para se apresentar no programa do radialista. A cantora Olivinha Carvalho, que se dedicava à música portuguesa, também era atração permanente daquelas tardes. César a anunciava como ‘a brasileira de repertório luso’; Ademilde Fonseca ele chamava de “Lolomilde”, por sua semelhança, em matéria de busto, com Gina Lolobrígida, estrela do cinema italiano. Já o Francisco Carlos, muito cortejado pelas fãzocas, era “El Broto”; Bob Nelson, que se vestia à moda dos vaqueiros americanos, cantando músicas típicas, ‘o caubói brasileiro’; Ruy Rey, especialista em boleros, chamado sempre: “de las Américas para o Brasil...’

A par de sua criatividade, um dos méritos do César fora a organização do seu programa. Isso representava um verdadeiro marco no rádio, coisa com que ninguém se preocupava até então. De um modo geral, os programas iam para o ar na base da improvisação, sem uma ordem pré-determinada. Ele, no entanto, sabia improvisar diante de qualquer situação e, em tempo algum se limitava ao script. Criava quadros que apresentava de uma ordem seqüencial e, intermediando cada um, com duração de 25 minutos, mostrava os de cinco apenas, classificados de interprogramas.

Alguns desses quadros eram “O Sucesso de Amanhâ”, “O Cartaz da Semana”, “O Carnaval que eu não Brinquei”, “Campeonato Internacional de Música Popular”, “Campeonato de Cantores Novos”, “A Melhor de Três”, “Rádio Revista Lever” e “Qual é a Música” – este, muitos anos depois copiado por Sílvio Santos, que se apossou não só do título, mas também de sua estrutura, adaptando-o para a linguagem televisiva. O menos ruim nessa história, é que certa vez, na presença de um grupo de artistas renomados, Sílvio se confessara um incondicional admirador do radialista. E essa admiração, segundo ele, vinha do tempo em que atuara na emissora da Praça Mauá.

MEMÓRIA-2004
Próxima de celebrar um ano de sua nova programação vespertina, a Globo investia em outro projeto. Lançava em 3 de maio, uma segunda-feira, o Globomóvel, pilotado pelo comunicador Francisco Carioca.
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Em agosto, dia 16, Luiz Nascimento retornava à emissora dos Marinho, nas edições matinais dos noticiários de "O Globo no Ar", aapresentados nas chamadas horas cheias. Substituía o Carlos Bianchini, que tinha voltado em 2003.

E, no dia 23 daquele mês, José Carlos Cataldi, que havia trocado a CBN pela Nacional, onde atuava como apresentador e diretor, era demitido. Sua alternativa foi mudar-se para a emergente AM 1440, comandando o “Nação Brasil”.


Um comentário:

  1. Olá,

    Parabéns pelo blog e pelo admirável trabalho de reunir com riqueza de detalhes as memórias da rádio brasileira. Sem dúvidas, o que há aqui não se encontra em nenhum outro lugar. Poderia quiçá se transmutar em livro, com as devidas adaptações, caso fosse do interesse do autor.

    Sou filha de Wegand Calheiros Mansur, que atuou por longos anos como locutor da Rádio Nacional. Utilizava o pseudônimo Wagner Mansur. Recorda-se dele? Caso a resposta seja afirmativa, e se meu pedido não for incoveniente, gostaria que pudesse citá-lo em uma de suas crônicas. Seria uma honra. Compreendo se não for possível, mas caso sim, ficaria muito feliz e agradecida pela oportunidade do registro.

    Um abraço!

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