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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Rádiomania, o Livro/28

ASCENÇÃO E OSTRACISMO (C-5)
Era tanta a repercussão do programa, que conseguia atrair nomes internacionais em visita ao Brasil.Ives Montand, Josephine Baker, Gregório Barrios, Lucho Gatica, Pedro Vargas e Trio Los Panchos, entre outros. Mito, lenda, fenômeno. Os adjetivos não faltavam para as pessoas definirem as qualidades do radialista. Seu poder de comunicação contagiava e, ao comemorar dez anos do programa, em 1955, reuniria cerca de 25 mil espectadores no Ginásio do Maracanãzinho.

Fora também pioneiro nesse tipo de promoção. Seguiram-se numerosos shows em estádios de futebol em diversos pontos do país. A crise institucional que resultaria na Revolução de Março de 1964 deixaria César de Alencar numa posição insustentável. O destino colocava à sua frente uma escada reversiva, diferente da que o havia conduzido pelos degraus do sucesso. Dos dias gloriosos vividos, ele iniciava (sem volta aparente) um mergulho no ostracismo.

Emissora controlada pelo governo federal, a Nacional sofreria intervenção dos militares e o animador seria acusado de ‘dedurar’ colegas como integrantes da esquerda festiva. Segundo o jornalista Borelli Filho, “os caçadores de comunistas” davam uma taça de ouro a quem denunciasse “os comedores de criancinhas”. Houve uma “caça às bruxas” e os punidos jamais perdoariam o César, embora nenhuma prova real fosse apresentada no decorrer das investigações.

Borelli, que dirigiu a “Revista do Rádio” nos anos dourados revelaria, em artigo no jornal “Última Hora “, dias depois da morte dele:
— Pessoalmente, acho que tem uma imensa dose de folclore nessa história. César poderia ser diretor da emissora, pelo muito que fazia por lá. E, se nomeado, certamente iria realizar coisas fabulosas, porque era competente e possuía as melhores condições para manter a PRE-8 na fase áurea de Vítor Costa. Houve, por certo, um jogo político e ele acabou herdando as sobras.

Enquanto baixava a poeira pela suspeita do seu envolvimento com os militares, César se afastou do rádio. Nesse intervalo fez uma viagem ao exterior, e em 1970 lançava-se na televisão. Trabalhou na Excelsior, que trocaria pela Rio, apresentava-se simultaneamente na Record, em São Paulo e na Itapoã, em Salvador. Reapareceria no rádio em 1975, através da modesta Federal, de Niterói, do sanfoneiro e compositor Antenógenes Silva. Ali, daria dimensão a um dos quadrinhos que classificava de inter-programas – “As Virgens do César”.

O passo seguinte seria em 1976 na Rádio Tupi, onde assinaria um contrato relâmpago -- um programa semanal de apenas uma hora. E, chegou o dia em que retornaria ao prefixo tradicional, em 1978. Fazia o programa do estúdio nas manhãs de sábado, no esquema ‘vitrolão’, que tanto condenava. Mudaria para o domingo, quando criaria a “Turma da Comunicação”, cuja finalidade era estabelecer um elo entre antigos ouvintes, que se reuniam em festas de confraternização (casamentos, aniversários, batizados, trocas de informações por telefone.) O “Domingolão” ia das 8h da manhã a 1h da tarde.Terminaria em 1986.

Ele voltaria para os sábados, depois de uma breve ausência, por enfermidade. (Desta vez, o programa era gravado na véspera.) Em 1985 tivera enfisema pulmonar, mais tarde crise de gastroenterite e, nos últimos anos sofria de osteoporose, que o obrigava a consumir remédios caríssimos, importados da Suíça.Criaria o “Rádio Céu”, materializado por Márcio de Souza, um dos produtores que atuaria com ele na fase crítica. O “Rádio Céu”, editado periodicamente, só apresentava gravações de artistas falecidos. O outro produtor nessa etapa foi o jornalista Jonas Vieira, que se tornaria biógrafo do animador.

Entre mudanças distintas, César de Alencar ainda seria assistente de direção do Sistema Radiobrás e, por fim, promovido a gerente de programação da Nacional FM, que ele transformaria num reduto de boa música brasileira. A venda da concessão para a iniciativa particular em 1988(que passaria a chamar-se RPC) o deixaria bastante magoado,segundo os que privavam de sua companhia.

MEMÓRIA-2005
O multimídia Nelson Motta (jornalista, compositor, produtor e escritor) estreava em outubro na Paradiso FM. “Sintonia Fina”, programa que ele apresentava semanalmente na Globo FM (foi para a Sky), passou a diário na nova casa.

Cinco anos afastado do rádio depois de desligar-se da El Shadai, Alberto Brizola retornava através da Roquette Pinto FM. Comandava o “Programa da Tarde”, a partir da uma hora, ocorrendo o registro da novidade também em outubro.

E, ainda naquele mês, a Tupi modificava a sua grade aos domingos. Esticava os horários do Garcia Duarte e do Heleno Rotai – aquele das 4 às 8h, este das 8 ao meio-dia, dando folga ao Pedro Augusto e ao Luiz de França (1946-2017).




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