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sábado, 15 de junho de 2019

Rádiomania, o Livro/73 (Parte II)

ERA DO CREPÚSCULO
O desenvolvimento da televisão no país e, especialmente no Rio, a partir dos primórdios dos anos 60, provocaria o declínio da Rádio Nacional, levando de roldão seus programas musicais, de auditório, humorísticos e novelas. Outra causa da débâcle da estação tradicional , seria a chegada dos militares ao poder, com a revolução de março de 1964
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De um lado, a televisão com a sua magia, seus encantos e promessas, atraindo os grandes cartazes, de outro, o afastamento dos que se opunham ao regime implantado. Era natural diante do quadro que se desenhava, o sobressalto dos que não sofriam de imediato igual punição, escapando da sanha militarista, sua implacável censura. Clima de ‘caça às bruxas’.

Passados mais de trinta anos a Nacional enfrentou diversas mudanças, inclusive uma revitalização em 2004. Mas, nunca mais se recuperou. Ganhou o estigma de emissora de saudosistas, aposentados em geral, gente acostumada com a rotina, que não viaja, não passeia. Em qualquer pesquisa que se fizer hoje consultando os jovens, a Nacional só dá traço.

No que tange ao jornalismo, por exemplo, Brasília continua ditando ordens, no controle, praticando o que o jargão determina como ‘chapa branca’. Ao Rio – onde a emissora ocupou o histórico edifício da boêmia Praça Mauá --, pouco restou em comparação aos tempos em que o Repórter Esso, com Heron Domingues, servia de estímulo para outros noticiosos da casa.

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CRIAÇÃO DA EBC
O governo federal extinguia a Rádiobras em fevereiro de 2009. Criava a EBC – Empresa Brasil de Comunicação, integrando as rádios Nacional, MEC AM e MEC FM, no Rio, Nacional de Brasília, da Amazônia e Alto Solimões e, ainda a TV Brasil. A Nacional e a MEC mudavam parte de sua grade, estabelecendo-se também, troca de cadeiras, e de prefixo.

Hilton Abi-Rihan transferia-se para a Nacional depois de dez anos atuando na MEC. O Alô Rio que ele apresentava naquela às 2h da tarde passava para o horário das 8h da manhã na outra. No lugar entrava o Almanaque Carioca, com Amauri Santos. Atuando na MEC, com Fole, Viola de música regional, desde que saíra da Globo, Adelzon Alves retomava o antigo programa de sambas. O Amigo da Madrugada incorporava-se aos quadros da Nacional, sem prejuízo para seu expediente na primeira.

O Redação Nacional com Denise Viola cedia o posto ao Alô Rio. Ela se mudava para a MEC, cabendo-lhe a apresentação do Rádio Sociedade, das 8h às 11h. Isso resultaria no fim do Manhã MEC, que tinha o comando de Eduardo Fajardo, ficando este limitado ao Companhia do Disco, às 11h das noites das terças. Egresso da Nacional, Marcelo Guima, com o seu Ouvindo Música, passava para a MEC. Também à noite, às 9h.

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GANHOS E PERDAS
Impulsionadas pela queda da Nacional pouco depois da revolução de 1964, a Globo do Rio e Bandeirantes de São Paulo, adotaram uma linha calcada em ‘música, esporte e notícia’. Tornaram-se com o modelo lideres de audiência em seus domicílios. E antecipavam o que viria mais tarde com o advento do FM: os comunicadores. Centravam a apresentação dos programas nesses que ‘vendiam alegria’ nas conversas com os ouvintes.

A Globo reunia em seus quadros o que os críticos classificavam de ‘a fina flor da comunicação’. Desfilavam por seus microfones o Adelzon Alves, Luciano (também) Alves, Paulo Giovanni, Haroldo de Andrade, Roberto Figueiredo, o Waldir Vieira (em cujo horário entraria Luiz de França) e Carlos Bianchini. Eles operavam como uma seleção que dispunha de todo o tempo para treinar, tal era a afinidade com o público, mensagens otimistas.

Um complemento altamente positivo era a cobertura esportiva, a partir do ingresso do Waldir Amaral, em 1961. Seus auxiliares anteriores eram um Antônio Porto, Celso Garcia e José Cabral. O poderio da rádio aumentou com Jorge Curi e João Saldanha, além do ex-juiz Mário Vianna. No auge dos 70, a voz do Edmo Zarife desafiava: ‘Sai da Frente, Futebol é com a Gente’.

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QUEDA PELO RALO
Nas décadas seguintes, porém, quando a hegemonia começou a escapar pelo ralo, a mesma vinheta no ar soava diferente. Em toda a história do rádio, a Tupi sempre se destacou, mas nunca liderou de ponta a ponta como a Mayrink, numa fase, a Nacional em outra, e a Globo entre os governos Castelo Branco e do Fernando Henrique Cardoso. Num rasgo de auto-suficiência a Globo abriu brechas em sua estrutura, de que habilmente se aproveitaria a direção da Tupi, fazendo seus índices dispararem.

Essas facilidades ocorreram com a demissão de uns e, a indução de outros a se desligarem, exceções do Giovanni, do Waldir Vieira e do Luciano Alves. Importantes profissionais deixaram a emissora nos últimos anos, exatamente para trabalhar ‘na outra’ – a concorrente -- casos do Sílvio Samper, Washington Rodrigues Francisco Barbosa, Pedro Costa,Luiz Penido, Luiz de França, Luizinho Campos, Maurício Menezes, Ricardo Alexandre. O Áureo Ameno que se somava aos ‘oriundis’, acabaria desistindo. Optara em seguir o Haroldo de Andrade em sua rádio própria, que morreria com ele.

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M E M Ó R I A
Nascido em Laranjeiras e criado em Vila Isabel, Haroldo Barbosa foi dos grandes nomes do rádio em todos os tempos. Vivesse nos dias atuais seria, na melhor acepção da palavra, um multimídia.(Foi entre outras coisas, produtor, locutor, redator de publicidade, sonoplasta, contra-regra, e um inspirado compositor). Em 25 de março, há quatro anos, celebrava-se o seu centenário.




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